
As pessoas, em geral, confundem ideais com devaneios. Os primeiros são claros, definidos, objetivos e não contêm a mínima ambigüidade. Os segundos são obscuros, genéricos, vagos e sumamente ambíguos. Afirmar que se deseja “ser útil” pode ser manifestação de boa-intenção, não duvido, mas essa utilidade pode ser dar de várias formas. Portanto, a afirmação não passa de mero devaneio. O mesmo vale quando nos referimos à humanidade. Generalizamos a questão, sem especificá-la. Outro conceito genérico, amiúde utilizado pelos pseudo-idealistas, é o que se refere ao “próximo”. Quem é ele? Qual seu grau de proximidade? Próximo de quem, de mim ou de meus parentes e amigos? Devaneios, meros devaneios. O escritor italiano, Giovanni Arpino, fez uma deliciosa constatação a respeito, no livro “A escuridão e o Mel” (Editora Berlendis & Vertechio”). Escreveu: “Ser útil. Humanidade. O próximo. Devaneios de solteirona. Se fosse assim, melhor seria ser cura, no campo. Mas um cura típico, com a barriga, a chácara, o sótão cheio de salames e assim por diante”. Ideal, convenhamos, está longe de ser algo tão genérico e vago.
No comments:
Post a Comment