Felizes dos que, ao cabo de longa existência, podem olhar para trás e constatar que aproveitaram as oportunidades que tiveram. Dos que não têm queixas das circunstâncias que marcaram o tempo que viveram. Dos que nunca viram, por exemplo, morrer qualquer esperança e tiveram a ventura de as ver todas plenamente concretizadas. Dos que não se consideram injustiçados e nem duramente punidos. Convenhamos, esta não é a realidade da maioria das pessoas, que olha para trás com tristeza e decepção e percebe que já nada mais pode ser feito para se sentir ao menos palidamente feliz. O poeta mexicano Amado Nervo descreve, no poema “Em paz”, esse sentimento sereno dos vencedores: “Perto do meu ocaso eu te bendigo, ó Vida,/porque nunca me deste esperança falida/nem trabalhos injustos, nem penas imerecidas”. Oxalá possamos, todos, perto do nosso ocaso, bendizer a vida e só ter motivos para agradecer, jamais para lamentar.
1 comment:
Muito lindo, parabéns!
Você é muito especial...
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