Quase tudo no mundo, no terreno dos pensamentos, sentimentos e atos, é questão de dosagem. Os mais milagrosos remédios, se tomados em doses inadequadas, tendem a ser ou ineficazes ou, até, venenosos. Tomados de menos, não surtem efeitos e, demais, intoxicam. Alguns venenos mortais,, em doses pequeníssimas e rigorosamente exatas, são milagrosos remédios. O mesmo se aplica para o sonho e a realidade. Sonhadores em excesso, que se limitam a sonhar sem nada fazer reais, mais cedo ou mais tarde se frustram. Descambam para o desencanto. Realistas em demasia, por seu turno, levam vidas cinzentas, tristes e sem graça. Ambos, sonho e realidade, são necessários em nossa vida. O problema é acertar na dosagem. A esse propósito, o filósofo André Comte-Sponville indaga: “O que é mais fácil de amar do que um sonho? O que é mais difícil de amar do que a realidade?”. Precisamos, porém, de ambos, mas na dose adequada.
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