Pedro J. Bondaczuk
O poeta grego Paladas de Alexandria, que viveu no século 4 da nossa era, sentenciou, num de seus poemas: “Vim nu à terra e nu irei para baixo dela./Por que canseiras vãs se o fim é só nudez?” Mas seria realmente assim? Tudo, nossos sonhos, esforços, canseiras, desgastes e ambições se resumiriam somente a isso? Para a maioria esmagadora dos seres humanos, sim! Vários bilhões de pessoas nasceram e morreram desde que a vida surgiu neste Planeta. No entanto, há registros, lembranças ou referências de apenas alguns milhares delas.
Da esmagadora maioria, não há o mínimo vestígio da sua passagem pela existência. Nenhuma obra marcante, nenhum ato de coragem ou de covardia, de vileza ou de bondade, nada. Absolutamente nada. É como se tais homens e mulheres jamais houvessem nascido. E, no entanto, nasceram, amaram, odiaram, sofreram, tiveram alegrias e com certeza chegaram a se julgar o centro do universo.
Pobre condição humana...Todos nós somos assim. O escritor norte-americano Ambrose Bierce, no seu livro “O Dicionário do Diabo”, que é uma sucessão de definições cínicas e amargas, e no entanto verdadeiras, define vida como sendo “uma salmoura espiritual que preserva o corpo de decadência”.
Mas não é a efemeridade orgânica o fato mais preocupante. O que preocupa é a possibilidade do eterno esquecimento. Daí a necessidade que o homem tem de deixar alguma obra-prima para a posteridade. Tal legado não é uma garantia absoluta de que o indivíduo não será esquecido. Alguma eventual catástrofe – e o mundo sempre foi pródigo delas, tanto das naturais, quanto das provocadas pela insensatez humana – pode vir a soterrar por séculos, milênios, quiçá para sempre, seu legado à humanidade. Todavia, a ausência desse trabalho marcante é uma garantia do absoluto, do eterno e do inexorável esquecimento.
Os romanos tinham uma veneração toda especial pelos seus mortos. Veneravam os ancestrais desaparecidos como deuses e até erguiam altares no local mais nobre de suas casas para essa adoração. Esta, aliás, é a origem das lareiras, que não se destinavam, em absoluto, ao aquecimento das moradias, como ocorre hoje nos países frios e nem à simples decoração das residências. Era o local de culto dos entes queridos desaparecidos e sua lembrança permanecia viva através de muitas gerações. Todavia, nenhuma dessas pessoas é lembrada ou identificada hoje. Gaetan Picon escreveu que: “A obra não é eterna, mas a continuidade da criação artística, que a submete ao jogo das revivescências e das metamorfoses, é como uma miragem de eternidade”.
O homem está na dependência de forças externas cuja existência, a despeito de toda a tecnologia que desenvolveu, sequer atina. A esse propósito, o poeta Mário Quintana constatou, num texto que chamou de “Epílogo”: “Não, o melhor é não falares, não explicares coisa alguma. Tudo agora está suspenso. E sabe Deus o que é que desencadeia as catástrofes, o que é que derruba um castelo de cartas! Não se sabe...Umas vezes passa uma avalanche e não morre uma mosca... Outras vezes senta uma mosca e desaba uma cidade”.
Mas a vida não consiste só em canseiras por nada e nem termina, necessariamente, em nudez...Descobrir seu verdadeiro significado e sua finalidade são as nossas maiores tarefas, das quais não temos o direito de abrir mão, sob pena de não deixarmos o mínimo vestígio da nossa passagem pelo mundo, ao cabo de uma ou duas gerações ou, quem sabe, até menos.
O poeta grego Paladas de Alexandria, que viveu no século 4 da nossa era, sentenciou, num de seus poemas: “Vim nu à terra e nu irei para baixo dela./Por que canseiras vãs se o fim é só nudez?” Mas seria realmente assim? Tudo, nossos sonhos, esforços, canseiras, desgastes e ambições se resumiriam somente a isso? Para a maioria esmagadora dos seres humanos, sim! Vários bilhões de pessoas nasceram e morreram desde que a vida surgiu neste Planeta. No entanto, há registros, lembranças ou referências de apenas alguns milhares delas.
Da esmagadora maioria, não há o mínimo vestígio da sua passagem pela existência. Nenhuma obra marcante, nenhum ato de coragem ou de covardia, de vileza ou de bondade, nada. Absolutamente nada. É como se tais homens e mulheres jamais houvessem nascido. E, no entanto, nasceram, amaram, odiaram, sofreram, tiveram alegrias e com certeza chegaram a se julgar o centro do universo.
Pobre condição humana...Todos nós somos assim. O escritor norte-americano Ambrose Bierce, no seu livro “O Dicionário do Diabo”, que é uma sucessão de definições cínicas e amargas, e no entanto verdadeiras, define vida como sendo “uma salmoura espiritual que preserva o corpo de decadência”.
Mas não é a efemeridade orgânica o fato mais preocupante. O que preocupa é a possibilidade do eterno esquecimento. Daí a necessidade que o homem tem de deixar alguma obra-prima para a posteridade. Tal legado não é uma garantia absoluta de que o indivíduo não será esquecido. Alguma eventual catástrofe – e o mundo sempre foi pródigo delas, tanto das naturais, quanto das provocadas pela insensatez humana – pode vir a soterrar por séculos, milênios, quiçá para sempre, seu legado à humanidade. Todavia, a ausência desse trabalho marcante é uma garantia do absoluto, do eterno e do inexorável esquecimento.
Os romanos tinham uma veneração toda especial pelos seus mortos. Veneravam os ancestrais desaparecidos como deuses e até erguiam altares no local mais nobre de suas casas para essa adoração. Esta, aliás, é a origem das lareiras, que não se destinavam, em absoluto, ao aquecimento das moradias, como ocorre hoje nos países frios e nem à simples decoração das residências. Era o local de culto dos entes queridos desaparecidos e sua lembrança permanecia viva através de muitas gerações. Todavia, nenhuma dessas pessoas é lembrada ou identificada hoje. Gaetan Picon escreveu que: “A obra não é eterna, mas a continuidade da criação artística, que a submete ao jogo das revivescências e das metamorfoses, é como uma miragem de eternidade”.
O homem está na dependência de forças externas cuja existência, a despeito de toda a tecnologia que desenvolveu, sequer atina. A esse propósito, o poeta Mário Quintana constatou, num texto que chamou de “Epílogo”: “Não, o melhor é não falares, não explicares coisa alguma. Tudo agora está suspenso. E sabe Deus o que é que desencadeia as catástrofes, o que é que derruba um castelo de cartas! Não se sabe...Umas vezes passa uma avalanche e não morre uma mosca... Outras vezes senta uma mosca e desaba uma cidade”.
Mas a vida não consiste só em canseiras por nada e nem termina, necessariamente, em nudez...Descobrir seu verdadeiro significado e sua finalidade são as nossas maiores tarefas, das quais não temos o direito de abrir mão, sob pena de não deixarmos o mínimo vestígio da nossa passagem pelo mundo, ao cabo de uma ou duas gerações ou, quem sabe, até menos.
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