Pedro J. Bondaczuk
O escritor Jonathan Swift escreveu que "nada é mais constante neste mundo do que a inconstância". As palavras não são exatamente estas, mas o sentido é. A vida de um homem é uma obra inacabada, tenha ele a idade que tiver. Está em permanente construção. E muitas vezes quando a "obra" está acabada, quando vai colher os frutos da semente que plantou, a morte o colhe de repente, sem aviso prévio.
Ao longo de nossa trajetória todos temos altos e baixos (a maioria mais estes do que aqueles). Há os que se desesperam diante dessa inconstância e recorrem às drogas para se alienar, para fugir de uma realidade que consideram adversa. Outros conformam-se e simplesmente deixam de lutar. Entregam-se à "correnteza" e deixam as coisas simplesmente acontecerem, sem interferir no próprio destino ou interferindo o mínimo possível.
Existem, no entanto, os determinados, os perseverantes, os que não aceitam derrotas enquanto tenham o mínimo sopro de vida. Mas adotam a estratégia da prudência para atingir seus objetivos. Recuam quando isso é necessário, para reunir forças, experiência ou sabedoria necessários a novos avanços, nos momentos oportunos. Apenas a determinação, embora importante, não basta para que atinjamos nossos objetivos, a menos que estes sejam medíocres demais e não exijam muito ou nenhum esforço. É preciso saber a hora de fazer as coisas.
Os sábios sabem administrar a inconstância e não se desarvoram com os períodos de baixa. Nessas ocasiões, reúnem forças para que a subida seguinte seja mais intensa, mais vigorosa, mais duradoura. Os que mais sofrem, e findam por se perder, são os vaidosos, os ególatras, os que não admitem que não sejam o centro do universo e das atenções dos que os cercam.
São dignos de pena. Têm uma visão distorcida da vida e dos objetivos da existência. São vulneráveis exatamente por sua vaidade. Tratamos, em crônica recente, da questão da fama e dos que não sabem administrar essa notoriedade que tanto procuram. Quando a perdem, tornam-se amargos, frustrados, revoltados e até perigosos.
Julgam-se injustiçados, perseguidos, sabotados. Tornam-se paranóicos. Todos conhecemos alguma pessoa assim. São as que, no afã de ser felizes, mas sem competência para conquistar essa situação, mergulham de cabeça na infelicidade.
Tempos atrás, ao escrever matéria sobre os dez anos da explosão do ônibus espacial norte-americano Challenger para o jornal em que trabalho, pude refletir sobre a inconstância em minha profissão. Para redigir o referido texto, tive que recorrer ao arquivo. Utilizei as páginas sobre o mesmo assunto que editei há uma década.
Na ocasião, mesmo sem a experiência e o conhecimento que tenho hoje, eu era considerado um "nome" no jornalismo da cidade. Minhas opiniões, publicadas diariamente, eram temas de conversas nas rodas de intelectuais. Vivia assediado para fazer palestras, participar de jantares e tomar parte em outros tantos eventos.
O tempo passou... A maré da vida baixou... Hoje, esse mesmo Pedro, agora melhorado pela vivência e conseqüente experiência, não passa de um funcionário a mais de uma enorme equipe, no exercício de uma função virtualmente burocrática, que não condiz com seu preparo. Claro que essa situação é um golpe para o meu ego. Mas nem por isso devo ficar frustrado.
Pelo contrário. Devo executar a tarefa que me foi destinada com empenho e dedicação, como se fosse vital para o jornal e para a comunidade. "Só quem é fiel no pouco, consegue sê-lo no muito", diz um preceito bíblico. E não posso nunca me esquecer que sou dispensável. Felizmente, ninguém é insubstituível. É certo que algumas dessas substituições representam retrocesso qualitativo. Mas quem é que liga?! O mundo não pára somente por isso.
Costumo ficar atento no "acaso". Alguns, chamam-no de "destino", outros, de "sorte", mas o nome é o que menos importa. Sua manifestação é que é importante. Sua ação pode nos colocar no centro dos acontecimentos e nos transformar instantaneamente em heróis imortais ou nos suprimir a vida.
Sob sua influência podemos nos tornar ricos, poderosos e famosos ou cair na indigência, na humilhação, no ostracismo. Esse fator aleatório é o que propicia ou suprime oportunidades.
Portanto, há imensa sabedoria na observação de Swift, como ademais em tudo o que esse escritor nos legou. A inconstância é rigorosamente constante. Nos convida a sermos prudentes e a tratarmos os que nos rodeiam com bondade e gentileza, sejam eles quem forem.
Os que maltratarmos na subida, serão os mesmos que nos pisarão a cabeça quando da descida. Quem sabe o que quer, quem traça um roteiro para a sua vida e é maleável para modificar o rumo quando for necessário, quem tem energia para produzir, talento para criar e autodisciplina para evoluir espiritualmente, não tem o que temer.
Pessoas com esse estofo jamais irão empinar o nariz, achando que são melhores do que as outras. Nunca irão se deixar levar pelos louvaminheiros de plantão. Em circunstância alguma assumirão ares de superioridade diante de quem quer que seja. Saberão colher estrelas-do-mar na areia, quando as marés baixarem. Navegarão com audácia quando elas subirem. Serão, mesmo que os outros não admitam de imediato, vencedoras. Conquistarão um lugar cativo no coração do seu povo.
O escritor Jonathan Swift escreveu que "nada é mais constante neste mundo do que a inconstância". As palavras não são exatamente estas, mas o sentido é. A vida de um homem é uma obra inacabada, tenha ele a idade que tiver. Está em permanente construção. E muitas vezes quando a "obra" está acabada, quando vai colher os frutos da semente que plantou, a morte o colhe de repente, sem aviso prévio.
Ao longo de nossa trajetória todos temos altos e baixos (a maioria mais estes do que aqueles). Há os que se desesperam diante dessa inconstância e recorrem às drogas para se alienar, para fugir de uma realidade que consideram adversa. Outros conformam-se e simplesmente deixam de lutar. Entregam-se à "correnteza" e deixam as coisas simplesmente acontecerem, sem interferir no próprio destino ou interferindo o mínimo possível.
Existem, no entanto, os determinados, os perseverantes, os que não aceitam derrotas enquanto tenham o mínimo sopro de vida. Mas adotam a estratégia da prudência para atingir seus objetivos. Recuam quando isso é necessário, para reunir forças, experiência ou sabedoria necessários a novos avanços, nos momentos oportunos. Apenas a determinação, embora importante, não basta para que atinjamos nossos objetivos, a menos que estes sejam medíocres demais e não exijam muito ou nenhum esforço. É preciso saber a hora de fazer as coisas.
Os sábios sabem administrar a inconstância e não se desarvoram com os períodos de baixa. Nessas ocasiões, reúnem forças para que a subida seguinte seja mais intensa, mais vigorosa, mais duradoura. Os que mais sofrem, e findam por se perder, são os vaidosos, os ególatras, os que não admitem que não sejam o centro do universo e das atenções dos que os cercam.
São dignos de pena. Têm uma visão distorcida da vida e dos objetivos da existência. São vulneráveis exatamente por sua vaidade. Tratamos, em crônica recente, da questão da fama e dos que não sabem administrar essa notoriedade que tanto procuram. Quando a perdem, tornam-se amargos, frustrados, revoltados e até perigosos.
Julgam-se injustiçados, perseguidos, sabotados. Tornam-se paranóicos. Todos conhecemos alguma pessoa assim. São as que, no afã de ser felizes, mas sem competência para conquistar essa situação, mergulham de cabeça na infelicidade.
Tempos atrás, ao escrever matéria sobre os dez anos da explosão do ônibus espacial norte-americano Challenger para o jornal em que trabalho, pude refletir sobre a inconstância em minha profissão. Para redigir o referido texto, tive que recorrer ao arquivo. Utilizei as páginas sobre o mesmo assunto que editei há uma década.
Na ocasião, mesmo sem a experiência e o conhecimento que tenho hoje, eu era considerado um "nome" no jornalismo da cidade. Minhas opiniões, publicadas diariamente, eram temas de conversas nas rodas de intelectuais. Vivia assediado para fazer palestras, participar de jantares e tomar parte em outros tantos eventos.
O tempo passou... A maré da vida baixou... Hoje, esse mesmo Pedro, agora melhorado pela vivência e conseqüente experiência, não passa de um funcionário a mais de uma enorme equipe, no exercício de uma função virtualmente burocrática, que não condiz com seu preparo. Claro que essa situação é um golpe para o meu ego. Mas nem por isso devo ficar frustrado.
Pelo contrário. Devo executar a tarefa que me foi destinada com empenho e dedicação, como se fosse vital para o jornal e para a comunidade. "Só quem é fiel no pouco, consegue sê-lo no muito", diz um preceito bíblico. E não posso nunca me esquecer que sou dispensável. Felizmente, ninguém é insubstituível. É certo que algumas dessas substituições representam retrocesso qualitativo. Mas quem é que liga?! O mundo não pára somente por isso.
Costumo ficar atento no "acaso". Alguns, chamam-no de "destino", outros, de "sorte", mas o nome é o que menos importa. Sua manifestação é que é importante. Sua ação pode nos colocar no centro dos acontecimentos e nos transformar instantaneamente em heróis imortais ou nos suprimir a vida.
Sob sua influência podemos nos tornar ricos, poderosos e famosos ou cair na indigência, na humilhação, no ostracismo. Esse fator aleatório é o que propicia ou suprime oportunidades.
Portanto, há imensa sabedoria na observação de Swift, como ademais em tudo o que esse escritor nos legou. A inconstância é rigorosamente constante. Nos convida a sermos prudentes e a tratarmos os que nos rodeiam com bondade e gentileza, sejam eles quem forem.
Os que maltratarmos na subida, serão os mesmos que nos pisarão a cabeça quando da descida. Quem sabe o que quer, quem traça um roteiro para a sua vida e é maleável para modificar o rumo quando for necessário, quem tem energia para produzir, talento para criar e autodisciplina para evoluir espiritualmente, não tem o que temer.
Pessoas com esse estofo jamais irão empinar o nariz, achando que são melhores do que as outras. Nunca irão se deixar levar pelos louvaminheiros de plantão. Em circunstância alguma assumirão ares de superioridade diante de quem quer que seja. Saberão colher estrelas-do-mar na areia, quando as marés baixarem. Navegarão com audácia quando elas subirem. Serão, mesmo que os outros não admitam de imediato, vencedoras. Conquistarão um lugar cativo no coração do seu povo.
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