Thursday, May 24, 2007

TOQUE DE LETRA







Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Arquivo)

SEGUNDO TEMPO SOBERBO

A Ponte Preta fez um segundo tempo soberbo, terça-feira, contra o Fortaleza, no Moisés Lucarelli, e o resultado não poderia ser diferente do que foi. Ou seja, vitória da Macaca, por 2 a 0, o que ficou barato para o adversário cearense. O time não somente venceu, mas convenceu plenamente (e até entusiasmou) a pequena, mas vibrante torcida, que desafiou o mau tempo, o frio e o dia inadequado para o jogo e apoiou a equipe do início ao fim. Quem compareceu, certamente, não está arrependido. E nem poderia estar. Afinal, pôde ver um segundo tempo primoroso, soberbo, quase perfeito da Ponte, como há muito não acontecia, que aliou técnica e raça. Jogasse assim os 90 minutos e, certamente, sairia de campo com uma história goleada sobre o bom time do Fortaleza. A Macaca começou a partida nervosa, mal-colocada, errando passes em profusão e preocupando os torcedores. Foi aí que brilhou a estrela do garoto Denis, que faço questão de chamar de “Muralha”, que fez pelo menos três defesas incríveis, dessas de entusiasmar o mais frio e sóbrio dos espectadores e incendiar a equipe. E incendiou, mesmo. Trata-se de um goleiro que sai muito bem do gol, tem reflexos acima do normal e um senso de colocação perfeito. Posso estar enganado, mas algo me diz que um dia Denis será titular da Seleção Brasileira, seguindo as trajetórias de um Waldir Perez e, principalmente, de um Carlão Ganso, por sinal, o seu treinador. Exagero? Pago para ver!

REFORÇO DE PESO

A Ponte Preta apresentou, terça-feira, à imprensa e à torcida, antes do jogo contra o Fortaleza, um reforço de peso para a seqüência do Campeonato Brasileiro da Série B, cujo objetivo, claro, é o acesso para a elite, se possível com o título. Trata-se de Andrezinho, eleito o melhor ala-esquerda do recém-findo Campeonato Paulista, em defesa do Bragantino. Foi o “happy end” de uma longa novela, que se arrastou por mais de um mês. Subitamente, a Ponte Preta, que estava carente nessa posição, passa a contar com dois excelentes jogadores. Afinal, Alex Silva, procedente do Guaratinguetá, teve uma atuação soberba, notadamente no segundo tempo, na vitória pontepretana sobre o Fortaleza por 2 a 0, tendo, inclusive, feito um belíssimo gol. Andrezinho é ambidestro e atua, com a mesma desenvoltura, tanto na esquerda, quanto na direita, onde o titular Júlio César foi um dos destaques do jogo de terça-feira. A contratação foi um presentão para o presidente Sérgio Carnielli, que aniversariou na véspera, mas, sobretudo, o foi para a torcida. Que venham mais desses “presentes”.

AINDA FALTA UM ATACANTE

Com a contratação de Andrezinho, fica faltando, agora, apenas um atacante (o ideal seriam dois) para a Ponte Preta ter um plantel competitivo, com possibilidades de conquistar não somente o acesso para a elite do futebol brasileiro, mas até o título do Campeonato Brasileiro da Série B. O garoto Beto até que tem mostrado virtudes, mas ainda é muito verde para tamanha responsabilidade. A diretoria pontepretana garantiu que ainda não desistiu de Otacílio Neto, cuja vinda se tornou mais difícil depois que o Corinthians entrou no circuito. Manifestou interesse no jogador, mas não fez nenhuma proposta concreta por ele. E findou por desistir da contratação, prejudicando tanto o atleta, quanto a Ponte Preta. Quem sabe o Noroeste e o atacante baixem suas pedidas e viabilizem, dessa forma, sua vinda ao Moisés Lucarelli. Outro nome que ganha força é o de Ricardinho, do Palmeiras, que disputou o último Campeonato Gaúcho pelo Grêmio. É uma boa pedida. Afinal, a Ponte é especialista em recuperar jogadores em má-fase (fez isso com Weldom, Kahê, Ticão, Tuto e outros tantos, que estão brilhando no País e Exterior). Basta que o atleta venha motivado e disposto a mostrar seu futebol que, certamente, vai vingar no Majestoso.

MEIO DE CAMPO CRIATIVO

Outra das grandes virtudes do atual time da Ponte Preta é o seu quadrado de meio do campo. Nelsinho não gosta de volantes “brucutus” e os dois atuais titulares pontepretanos não são assim. Pingo e João Marcos são excelentes marcadores, virtude que se exige de quem joga nessa posição, mas vão muito além disso. Os dois têm excelente passe, facilidade de sair jogando e arrematam muito bem a gol. Tanto que Pingo, por exemplo, já fez cinco gols com a camisa da Ponte, entre os quais o que garantiu a vitória sobre o Gama, na estréia da Macaca no Campeonato Brasileiro da Série B. Tanto ele, quanto João Marcos – que raramente aparece para a torcida, mas que é um verdadeiro motorzinho do time – têm características de meias-armadores. E o reserva Ale não fica atrás. Quanto aos meias de armação, Heverton e Michael, dispensam apresentação. São criativos, arrematam bem a gol, driblam com muita facilidade e dão inúmeras opções aos atacantes. A Ponte Preta, portanto, está muito bem servida na chamada “zona do raciocínio”.

DEU GRÊMIO, NA RAÇA

O Grêmio Porto-alegrense confirmou a sua tradição de time copeiro e de “rei” das façanhas impossíveis. Arrancou, ontem, sua classificação para as semi-finais da Copa Libertadores da América, num Estádio Olímpico superlotado, na base da raça e da superação, diante do enjoado Defensor do Uruguai, quando muita gente já não acreditava mais nessa possibilidade. Precisava fazer um placar de 2 a 0, para levar a decisão para os pênaltis, e fez. E na cobrança de penalidades, fez a lição de casa e não errou nenhuma. Já os uruguaios...desperdiçaram duas e deram adeus à competição. Resultado? O tricolor gaúcho já é, na pior das hipóteses, um dos quatro melhores times das Américas, com possibilidades de repetir o feito do ano passado do arqui-rival Internacional. E pensar que há apenas dois anos, o Grêmio amargava uma Série B, em crise e endividado até o pescoço! Convenhamos, não se trata de nenhum super-time. Não conta com qualquer destaque, qualquer super-craque em seu plantel, já que a sua maior revelação, o volante Lucas, está praticamente negociado com o exterior. Mas o Grêmio tem uma raça de causar inveja aos grandes clubes do eixo Rio-São Paulo. E isso faz a diferença.

DEU SANTOS, COM SOFRIMENTO

O Santos sofreu para derrotar o time misto do América do México, que vendeu caro a sua derrota, mas conseguiu seu objetivo de se classificar para as semi-finais da Copa Libertadores da América. Desde a era Pelé que o time da Vila Belmiro não chegava tão longe na competição. E parte considerável do mérito, convenhamos, deve ao seu treinador, Wanderley Luxemburgo. Sempre que elogio o trabalho desse polêmico técnico, as pessoas torcem o nariz. Há inegável preconceito de parte considerável da imprensa, notadamente a paulistana, não tanto em relação ao seu trabalho, mas à sua pessoa. Tremenda bobagem! Ao cronista esportivo compete analisar sua atuação e limitar-se a ela. Competência, convenhamos, não falta a Wanderley Luxemburgo. Pelo contrário! Está aí a sua vitoriosa carreira, para ninguém botar defeito. Ontem, quando o Santos perdia por 1 a 0 e tudo indicava que “a vaca estava indo para o brejo”, o técnico fez uma modificação que alterou o panorama do jogo. Tirou o ala direita Alessandro, que não jogava bem, deslocou Maldonado para a posição e colocou Pedrinho no seu lugar. Com isso, incendiou o jogo e não tardou para o Santos virar o placar e arrancar a classificação. Esse, sim, é um treinador que decide!

RESPINGOS...

· A diretoria, a torcida e os jogadores do Botafogo tentam crucificar a auxiliar de linha, a belíssima e competente Ana Paula, por sua desclassificação na Copa do Brasil. É choro de perdedor. O verdadeiro responsável pelo “desastre” é o goleiro Júlio César, que engoliu um frango do tamanho do Maracanã.
· O Figueirense, que mesmo perdendo por 3 a 1 para o Botafogo, se classificou para a final da Copa do Brasil, pode se tornar o segundo time catarinense a disputar uma Libertadores da América. O primeiro foi o Criciúma, de Luiz Felipe Scolari.
· Absurdo esse regulamento da Libertadores da América, que obriga Grêmio e Santos a se enfrentarem nas semi-finais. Fico pasmo com o fato dos clubes terem aceitado essa aberração antes do início da competição.
· Renato Gaúcho faz história no comando técnico do Fluminense. Classificou um time que deu vexame no Campeonato Carioca para a final da Copa do Brasil.
· O Corinthians virou uma sucursal do Bragantino. Depois de contratar Felipe, Zelão e Everton Santos, agora trouxe o zagueiro Kadu e o volante Moradei. E vem por aí a volta de Fábio Luciano.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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