Wednesday, May 23, 2007

O Mito da Caverna - II


Pedro J. Bondaczuk

(Continuação)

Conceito e realidade

O Mito da Caverna e, por extensão, toda a filosofia platônica, toma como ponto de partida o “conceito”. O professor Theobaldo Miranda Santos, em seu “Manual de Filosofia”, destaca que este era o verdadeiro objeto da ciência para Sócrates, o mestre de Platão, cujas lições ele ouviu por dez anos. Mas, ao contrário do mestre, relacionou-o com a realidade.
O conceito, por exemplo, pode ser distorcido, como no caso das sombras vistas pelos que estavam amarrados à frente da entrada da caverna. Esses prisioneiros da ignorância, confiando apenas nos sentidos, achavam, até, que as vozes que ouviam eram provenientes dessas ilusões de ótica, que achavam que eram reais.
A realidade só poderia ser vista à luz do sol, fora da gruta, e após a vista ter se acostumado à luminosidade, vencido o ofuscamento decorrente do tempo passado em trevas. Mas se esses homens, libertados da caverna, já ambientados à luz solar, voltassem ao estado anterior, ou seja, à escuridão, em pouco tempo voltariam a pensar como antes. Regrediriam na identificação da realidade.
Platão ressaltou que “os ofuscamentos físicos, assim como os morais, são de duas formas: daqueles que saem das trevas para a luz e dos que da luz revertem às trevas”. Ou seja, recaem na ignorância, por falta de exercício da recém-adquirida nova visão da sabedoria. Quem já contemplou a visão divina, por exemplo, não quer (compreensivelmente) voltar a se ocupar das coisas humanas, com suas feiúras de caráter e horrendas distorções.

(Continua)

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