Pedro J. Bondaczuk
(Continuação)
Extremos condenáveis
Mesmo no plano das idéias, Platão condenava os extremos. Afirmava que nem os que não têm educação (ou seja, os que jamais viram a luz do sol fora da caverna) e nem os demasiadamente educados (os que nunca estiveram atados à frente da entrada da gruta) seriam bons servidores da sua cidade ideal.
Os primeiros não o seriam por falta de objetivos pelos quais pudessem pautar sua conduta. Sua realidade não era mais do que um conjunto de sombras, de reflexos, de distorções. Para eles, portanto, a acomodação era a melhor estratégia. Pelo menos, ela envolveria menos esforços.
Os demasiadamente educados, por sua vez, julgar-se-iam “superiores e bem-aventurados”. Achariam que tinham galgado o próprio cimo do Olimpo. Não seria de se estranhar se achassem que tinham certa espécie de parceria com os deuses. Por essa razão, não se sentiriam motivados para agir.
Se o leitor observar com atenção, verá que é exatamente o que ocorre ao nosso redor, no nosso cotidiano. Uma determinada pessoa, por exemplo, dedica-se com muito afinco aos estudos. No princípio, está cheia de ideais nobres em relação à humanidade e não mede sacrifícios para atingir sua meta. Sonha em salvar o mundo, não por interesse pessoal, por fama, fortuna ou poder, mas somente por idealismo.
Todavia, à medida em que galga os degraus que o aproximam da meta e mais se distancia da massa inculta, abre mão dos objetivos primitivos. Elitiza-se e traça novas metas, absolutamente individuais. Descer ao nível da maioria, obviamente, nem lhe passa pela cabeça. O estágio que atingiu é muito superior ao dessa massa inculta. O recurso seria trazer o máximo possível dessas pessoas ao patamar de conhecimentos que conquistou. Contudo, nesta altura, sua motivação original já se esvaiu e seu ideal de salvar o mundo virou fumaça. E sua visão da realidade enche-o, na verdade, apenas de um imenso tédio.
Na opinião de Platão, existia, para além do plano dos fenômenos palpáveis, visíveis, audíveis, palatáveis e cheiráveis, ou seja, o dos sentidos, um outro mundo. Seria um planeta de realidades constituídas dos mesmos atributos dos conceitos que existem em nosso mundo interior, mas não no físico. E estas seriam as nossas “idéias”.
Elas não seriam apenas meras formas abstratas do pensamento. Seriam realidades objetivas e com o atributo da eternidade. As coisas terrenas não passariam de meras cópias, eivadas de imperfeições e, sobretudo, passageiras das idéias.
(Continua)
(Continuação)
Extremos condenáveis
Mesmo no plano das idéias, Platão condenava os extremos. Afirmava que nem os que não têm educação (ou seja, os que jamais viram a luz do sol fora da caverna) e nem os demasiadamente educados (os que nunca estiveram atados à frente da entrada da gruta) seriam bons servidores da sua cidade ideal.
Os primeiros não o seriam por falta de objetivos pelos quais pudessem pautar sua conduta. Sua realidade não era mais do que um conjunto de sombras, de reflexos, de distorções. Para eles, portanto, a acomodação era a melhor estratégia. Pelo menos, ela envolveria menos esforços.
Os demasiadamente educados, por sua vez, julgar-se-iam “superiores e bem-aventurados”. Achariam que tinham galgado o próprio cimo do Olimpo. Não seria de se estranhar se achassem que tinham certa espécie de parceria com os deuses. Por essa razão, não se sentiriam motivados para agir.
Se o leitor observar com atenção, verá que é exatamente o que ocorre ao nosso redor, no nosso cotidiano. Uma determinada pessoa, por exemplo, dedica-se com muito afinco aos estudos. No princípio, está cheia de ideais nobres em relação à humanidade e não mede sacrifícios para atingir sua meta. Sonha em salvar o mundo, não por interesse pessoal, por fama, fortuna ou poder, mas somente por idealismo.
Todavia, à medida em que galga os degraus que o aproximam da meta e mais se distancia da massa inculta, abre mão dos objetivos primitivos. Elitiza-se e traça novas metas, absolutamente individuais. Descer ao nível da maioria, obviamente, nem lhe passa pela cabeça. O estágio que atingiu é muito superior ao dessa massa inculta. O recurso seria trazer o máximo possível dessas pessoas ao patamar de conhecimentos que conquistou. Contudo, nesta altura, sua motivação original já se esvaiu e seu ideal de salvar o mundo virou fumaça. E sua visão da realidade enche-o, na verdade, apenas de um imenso tédio.
Na opinião de Platão, existia, para além do plano dos fenômenos palpáveis, visíveis, audíveis, palatáveis e cheiráveis, ou seja, o dos sentidos, um outro mundo. Seria um planeta de realidades constituídas dos mesmos atributos dos conceitos que existem em nosso mundo interior, mas não no físico. E estas seriam as nossas “idéias”.
Elas não seriam apenas meras formas abstratas do pensamento. Seriam realidades objetivas e com o atributo da eternidade. As coisas terrenas não passariam de meras cópias, eivadas de imperfeições e, sobretudo, passageiras das idéias.
(Continua)
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