Saturday, May 05, 2007

REFLEXÃO DO DIA


A arte (qualquer uma), como toda a obra humana, é uma tentativa (na maioria das vezes frustrada) do homem sobreviver ao tempo e à memória. Não da fuga da morte “física”, claro, porquanto, óbvio, esta é inevitável, mas de algo que, no meu entender, é muito pior, cruel e definitivo: o esquecimento. O artista, ao desnudar suas emoções em público, sem nenhum pudor, e trazer à luz o que tem de mais íntimo e profundo em seu interior, deseja, com esse streaptease, conquistar a imortalidade do espírito. Ou seja, quer preservar para a posteridade um sentimento, uma lembrança, uma reação e um determinado instante, para ele muito especial, “recriando a vida”. E ninguém faz isso com maior competência e autenticidade do que um poeta que, conforme caracterização de Murilo Mendes (no livro “Aproximação do Terror”), “já nasce conscrito, atento às fascinantes inclinações do erro; já nasce com as cicatrizes da liberdade”.

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