Saturday, May 05, 2007

Fusão


Pedro J. Bondaczuk

Brasas vivas, chamas purificadoras
que redimem, porém não queimam.
Místicos luminares. Luz que guia.
Domo encantado de sonhos e ilusões.

Minha emoção, de pedra e gelo,
imenso iceberg em mar de tormenta,
mingua, funde-se e se liquefaz:
chamas de vida, de paz e de luz.

Meus sonhos gélidos, múltiplos, neutros,
neves insensíveis e eternas do Himalaia,
confusos, rígidos, mágicos, álgidos,
tornam-se mitos, apólogos e lendas.

Eu e você: improváveis paradoxos,
chama e gelo que se unem e conciliam.
Impossibilidade física se materializa:
é o puro e o impuro a se fundir.

Minha emoção, de pedra e gelo,
é, na verdade, insolúvel contradição.
Hoje é magma, incandescente lava,
ilimitado vulcão em ebulição.

Trago você sempre em meus olhos,
e no coração inquieto, a palpitar,
pois as chamas que emanam do seu olhar
me equilibram, redimem e justificam:
são meu eterno, meu místico luminar.

(Poema composto em São Caetano do Sul, em 30 de junho de 1964)

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