Wednesday, July 16, 2008

REFLEXÃO DO DIA


Quanta fantasia tecemos ao redor da infância, principalmente quando esta já está há décadas de distância! Por mais duros e sofridos que estes tempos remotos tenham sido, marcados por sofrimentos, frustrações, abandono e privações, eles voltam à lembrança aureolados de luz. A memória tem essa característica piedosa: fantasia a realidade, realça o que foi excelente e melhora, até, o que não foi tão bom. Não é mau que assim seja, desde que não nos limitemos às elucubrações. Enquanto há vida, há possibilidade de se viver felicidades concretas e não meramente “inventadas”. Manuel Bandeira escreveu, no poema “Contrição”: “Vozes da infância contai a história/da vida boa que nunca veio/e eu caia ouvindo-a no calmo seio/da eternidade”. Um dia, todos cairemos neste regaço da noite eterna! E ouviremos, docemente murmuradas, as peripécias, reais ou imaginadas, “da vida boa que nunca veio”.

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