Pedro J. Bondaczuk
As pessoas que pensam de forma positiva – que não raro são ridicularizadas por aqueles que se contentam em viver um cotidiano banal e são hostilizadas pelos detentores do poder – sonham com utopias, com a cidade ideal (aparentemente inalcançável), de plena harmonia, alegria e paz. Utopistas como Santo Agostinho, Tommaso Campanela, Ralph Bellamy, Francis Bacon, Thomas Morus e tantos outros, ainda existem nos dias atuais, mas são cada vez mais escassos. Popularizam-se, cada vez mais, o oposto, ou seja, as “distopias”.
Todos, um dia, sonhamos com essa sociedade perfeita, que não existe em nenhum lugar, em que o indivíduo seja respeitado e valorizado e o sistema social exista apenas para o servir, e não ser servido por ele, como ocorre, desde os primórdios da civilização, pelo mundo e pelo tempo afora.
A diferença é que os grandes líderes, as pessoas lúcidas e esclarecidas, não se limitam a sonhar. Agem em sentido prático para concretizar suas utopias, mesmo que (aparentemente) sejam irrealizáveis. Um deles, é o norte-americano John W. Gardner, fundador da organização Common Cause.
Seu empenho, à frente da entidade que fundou (e que comanda, com entusiasmo e vigor) é o da defesa de uma governança aberta, com ampla participação dos cidadãos, ao contrário do que ocorre agora, quando nossos destinos estão entregues, por completo, às mãos de políticos profissionais e nosso papel se restringe, quase que exclusivamente, ao mero exercício do voto (não raro eivado de fraudes de toda a sorte). E isso nas chamadas “democracias”. Em boa parte do mundo, nem mesmo votar é permitido às pessoas que sustentam os sistemas.
Gardner (mesmo que não aceite essa designação) é um lídimo utopista, porém prático e atuante. É dele esta advertência, que cabe tanto ao capitalismo, quanto (e principalmente) ao comunismo (como o conhecemos, bem distante dos ideais dos que criaram e propuseram essa ideologia): “A sociedade que enfraquece o indivíduo mutila as suas fontes de renovação e cobre de cimento a sementeira de seu futuro desenvolvimento. Mas, infelizmente, o fim para o qual todas as sociedades modernas, seja qual for a sua ideologia, parecem encaminhar-se é para o modelo da colméia, no qual o sistema se aperfeiçoa enquanto o indivíduo é incessantemente diminuído”.
Tanto o capitalismo, quanto o comunismo atribuem ao indivíduo um papel secundário, irrisório, pífio. A rigor, este não passa (e em ambos sistemas político-sociais antagônicos) de mera engrenagem de uma insensível máquina. O modelo colméia torna-se cada vez mais sofisticado, suprimindo parcela considerável da liberdade individual. O cidadão não é o sujeito desses tipos de sociedade, mas mero objeto. Não é o paradigma de nenhum dos dois sistemas. No comunismo, tudo gira ao redor dessa abstração, que é o todo-poderoso Estado. No capitalismo, o mercado é alçado, quase, à condição de divindade.
Não raro ouvimos, de pessoas voluntariosas, que se julgam absolutamente independentes (sem que de fato sejam), a afirmação “faço o que quero”, quando ordenadas a cumprir determinada tarefa que não queiram fazer. Antes isso fosse verdade! Obviamente, não é! É possível, na prática, alguém agir assim? Ou seja, fazer unicamente o que quer? Claro que não!
Há quem tenha tamanha independência para se submeter somente à própria vontade? Se houver, seria interessante descobrir onde vive essa exceção para que nos ensine como operar esse milagre. Todos temos que nos submeter, em algum momento da nossa vida (senão em todos eles) a determinadas autoridades. Assim sendo, cabe-nos fazer, na maioria das vezes, o que nos ordenam, e não o que queremos ou que seja melhor para nós.
Se a ordem externa e nossa vontade interna coincidirem, tanto melhor. Não há dúvida, é verdade, que o querer é fundamental para se fazer o que quer que seja. Contudo, deve vir sempre acompanhado do “poder”. Há, por exemplo, muita coisa que queremos fazer e que não podemos, não por causa de eventual oposição alheia, mas por não termos capacidade física e/ou mental para realizá-la.
Muita gente, em vez de defender seu espaço social, evita de ficar a sós consigo mesma, de medo até dos seus pensamentos. Essas pessoas têm a memória tão repleta de “quinquilharias”, de milhares de “fantasmas”, de tolas mágoas, inúteis ressentimentos e tristezas que elas mesmas forjaram que pensar se lhes torna um tormento. Para estas, o modelo colméia vem a calhar. Assumem o papel de meras operárias e deixam que “as rainhas e zangões” pensem por elas.
Do que precisam, na verdade, é fazer periódica faxina mental. É eliminar da mente tudo o que for inútil, penoso e negativo e cultivar, como um variado jardim florido, novas idéias, boas lembranças e metas gloriosas a conquistar. Trata-se de uma limpeza que cabe a cada um de nós fazer. Não pode ser feita por mais ninguém.
Pensar positivamente é também um hábito, que pode (e deve) ser cultivado. Quem já fez isso, sabe o prazer que é conviver com bons pensamentos que, além de iluminarem o espírito e alegrarem o coração, são absolutamente de graça. Não dependem de nada e ninguém para serem usufruídos.
Mas não podem se limitar a meras elucubrações. Têm que fazer como John W. Gardner e agir, para mudar o que está errado. Só nessa ação estarão manifestando, de fato, a sua humanidade. Porquanto, se não se dispuserem a agir, não passarão de meros robôs, comandados pelo Estado ou pelo mercado, quando não por ambos ao mesmo tempo, como ocorre na China.
As pessoas que pensam de forma positiva – que não raro são ridicularizadas por aqueles que se contentam em viver um cotidiano banal e são hostilizadas pelos detentores do poder – sonham com utopias, com a cidade ideal (aparentemente inalcançável), de plena harmonia, alegria e paz. Utopistas como Santo Agostinho, Tommaso Campanela, Ralph Bellamy, Francis Bacon, Thomas Morus e tantos outros, ainda existem nos dias atuais, mas são cada vez mais escassos. Popularizam-se, cada vez mais, o oposto, ou seja, as “distopias”.
Todos, um dia, sonhamos com essa sociedade perfeita, que não existe em nenhum lugar, em que o indivíduo seja respeitado e valorizado e o sistema social exista apenas para o servir, e não ser servido por ele, como ocorre, desde os primórdios da civilização, pelo mundo e pelo tempo afora.
A diferença é que os grandes líderes, as pessoas lúcidas e esclarecidas, não se limitam a sonhar. Agem em sentido prático para concretizar suas utopias, mesmo que (aparentemente) sejam irrealizáveis. Um deles, é o norte-americano John W. Gardner, fundador da organização Common Cause.
Seu empenho, à frente da entidade que fundou (e que comanda, com entusiasmo e vigor) é o da defesa de uma governança aberta, com ampla participação dos cidadãos, ao contrário do que ocorre agora, quando nossos destinos estão entregues, por completo, às mãos de políticos profissionais e nosso papel se restringe, quase que exclusivamente, ao mero exercício do voto (não raro eivado de fraudes de toda a sorte). E isso nas chamadas “democracias”. Em boa parte do mundo, nem mesmo votar é permitido às pessoas que sustentam os sistemas.
Gardner (mesmo que não aceite essa designação) é um lídimo utopista, porém prático e atuante. É dele esta advertência, que cabe tanto ao capitalismo, quanto (e principalmente) ao comunismo (como o conhecemos, bem distante dos ideais dos que criaram e propuseram essa ideologia): “A sociedade que enfraquece o indivíduo mutila as suas fontes de renovação e cobre de cimento a sementeira de seu futuro desenvolvimento. Mas, infelizmente, o fim para o qual todas as sociedades modernas, seja qual for a sua ideologia, parecem encaminhar-se é para o modelo da colméia, no qual o sistema se aperfeiçoa enquanto o indivíduo é incessantemente diminuído”.
Tanto o capitalismo, quanto o comunismo atribuem ao indivíduo um papel secundário, irrisório, pífio. A rigor, este não passa (e em ambos sistemas político-sociais antagônicos) de mera engrenagem de uma insensível máquina. O modelo colméia torna-se cada vez mais sofisticado, suprimindo parcela considerável da liberdade individual. O cidadão não é o sujeito desses tipos de sociedade, mas mero objeto. Não é o paradigma de nenhum dos dois sistemas. No comunismo, tudo gira ao redor dessa abstração, que é o todo-poderoso Estado. No capitalismo, o mercado é alçado, quase, à condição de divindade.
Não raro ouvimos, de pessoas voluntariosas, que se julgam absolutamente independentes (sem que de fato sejam), a afirmação “faço o que quero”, quando ordenadas a cumprir determinada tarefa que não queiram fazer. Antes isso fosse verdade! Obviamente, não é! É possível, na prática, alguém agir assim? Ou seja, fazer unicamente o que quer? Claro que não!
Há quem tenha tamanha independência para se submeter somente à própria vontade? Se houver, seria interessante descobrir onde vive essa exceção para que nos ensine como operar esse milagre. Todos temos que nos submeter, em algum momento da nossa vida (senão em todos eles) a determinadas autoridades. Assim sendo, cabe-nos fazer, na maioria das vezes, o que nos ordenam, e não o que queremos ou que seja melhor para nós.
Se a ordem externa e nossa vontade interna coincidirem, tanto melhor. Não há dúvida, é verdade, que o querer é fundamental para se fazer o que quer que seja. Contudo, deve vir sempre acompanhado do “poder”. Há, por exemplo, muita coisa que queremos fazer e que não podemos, não por causa de eventual oposição alheia, mas por não termos capacidade física e/ou mental para realizá-la.
Muita gente, em vez de defender seu espaço social, evita de ficar a sós consigo mesma, de medo até dos seus pensamentos. Essas pessoas têm a memória tão repleta de “quinquilharias”, de milhares de “fantasmas”, de tolas mágoas, inúteis ressentimentos e tristezas que elas mesmas forjaram que pensar se lhes torna um tormento. Para estas, o modelo colméia vem a calhar. Assumem o papel de meras operárias e deixam que “as rainhas e zangões” pensem por elas.
Do que precisam, na verdade, é fazer periódica faxina mental. É eliminar da mente tudo o que for inútil, penoso e negativo e cultivar, como um variado jardim florido, novas idéias, boas lembranças e metas gloriosas a conquistar. Trata-se de uma limpeza que cabe a cada um de nós fazer. Não pode ser feita por mais ninguém.
Pensar positivamente é também um hábito, que pode (e deve) ser cultivado. Quem já fez isso, sabe o prazer que é conviver com bons pensamentos que, além de iluminarem o espírito e alegrarem o coração, são absolutamente de graça. Não dependem de nada e ninguém para serem usufruídos.
Mas não podem se limitar a meras elucubrações. Têm que fazer como John W. Gardner e agir, para mudar o que está errado. Só nessa ação estarão manifestando, de fato, a sua humanidade. Porquanto, se não se dispuserem a agir, não passarão de meros robôs, comandados pelo Estado ou pelo mercado, quando não por ambos ao mesmo tempo, como ocorre na China.
No comments:
Post a Comment