Pedro J. Bondaczuk
As pessoas que se esmeram em praticar o mal são, para mim, uma grande incógnita. Nunca consegui entendê-las e creio que jamais conseguirei. Não digo aquelas maldadezinhas inocentes, que todos, algumas vezes, praticamos. Refiro-me aos que se dedicam a prejudicar o próximo, a roubar, difamar, agredir e até mesmo matar alguém.
Quem envereda por esse caminho sem volta sabe que irá arcar com as conseqüências. Sua intuição, certamente, lhe cochicha que vai pagar duro preço por seus atos (não raro, até, com morte prematura, numa briga de marginais ou num tiroteio com a polícia), mas ainda assim persiste na maldade. Por que?
Tenho ouvido e lido muitas tentativas de justificação para o que é injustificável. Nenhuma me convence. Bertholt Brecht escreveu este poema a respeito, que diz: “Em minha parede há uma escultura de madeira japonesa/máscara de um demônio mau, coberta de esmalte dourado./Compreensivo observo/as veias dilatadas da fronte, indicando/ Como é cansativo ser mau”. E ainda assim, há quem aposte na maldade! Não entendo!
Há cientistas que garantem, sem sequer fundamentar suas conclusões em provas (como, aliás, se exige em ciência), que a tendência para o bem ou para o mal é inata nas pessoas. Ou seja, quem é mau já nasce assim e vice-versa. Estão equivocados. Não existe esse determinismo genético.
O criminalista italiano, Cesare Lombroso, chegou a escrever verdadeiro tratado sobre a personalidade criminosa, porém nunca conseguiu convencer, de fato, a maioria dos juristas. É certo que alguns aceitam até fanaticamente suas teorias, mas sem nenhuma fundamentação em provas concretas. A realidade, a todo o momento, desmente suas teses.
Muitos dos mais cruéis criminosos, pelos critérios de Lombroso, seriam verdadeiros “santos” e vice-versa. Para sustentar suas teorias, de que a maldade é inata e se prende a um determinismo genético, muitos pesquisadores citam casos de indivíduos que nascem em famílias que cultivam virtudes e valores e têm vida exemplar e, ainda assim, se tornam bandidos. Argumentam (mas nunca provam) que entre seus ascendentes houve alguém com essa predisposição para a delinqüência e o crime. Bobagem.
As pessoas não nascem más. Tornam-se assim, não em decorrência de seus genes, mas porque seus pais, mesmo que virtuosos e nobres, não sabem lhes transmitir os princípios que os norteiam. Na vida prevalece a lei natural da causa e conseqüência. O homem nasce, sim, dotado de instintos e de aptidões, mas é um animal que precisa ser “domesticado”.
Se for ensinado a “domar” os primeiros e a desenvolver ao máximo os segundos, será útil, realizado e bondoso. Em caso contrário... O que virá a ser dependerá, somente, de educação, exemplos e circunstâncias. Aliás, este último fator é o que tende a ser determinante em nosso modo de agir.
A verdade é que nos apegamos, com facilidade, a algum animal de estimação (gato, cachorro etc.) que chegamos a considerar, até, como membro da família, tamanho é o cuidado que lhe dedicamos e a afeição que nutrimos, mas nem sempre temos a mesma predisposição quando se trata de se apegar a pessoas. . E esse apego a bichos é errado? Claro que não! Afinal, são seres viventes, que se afeiçoam a nós e que retribuem, sem nada exigir em troca, nosso afeto e nossa atenção.
O que causa estranheza é o fato de, não raro, passarmos diante de uma criança abandonada, carente de tudo, às vezes até faminta e esfarrapada, indiferentes, sem que sequer a notemos, como se fosse um poste, um carro ou outro objeto inanimado qualquer.
É certo que não se pode comparar a responsabilidade de cuidar de uma pessoa com a de tratar de algum animal. Mas é verdade, também, que há muito exagero, tanto no afeto dedicado a um, quanto na indiferença destinada a outro. Por isso, concordo com João Guimarães Rosa quando indaga, perplexo: “Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com o homem?”. Sim, o que houve?
A indiferença também é uma forma de maldade, e das mais cruéis e traiçoeiras. A omissão é outra. A hipocrisia, a vaidade exacerbada, a ânsia por poder a qualquer custo (e vai por aí afora) são outras tantas manifestações do mal, das quais sequer nos damos conta. E não se tratam de atitudes inatas, genéticas, adquiridas de ancestrais, mas de comportamentos que vamos adquirindo, inadvertidamente, ao longo da vida e semeando, como traiçoeiros espinhos, em nosso caminho, por anos a fio. Decididamente, nunca vou entender a opção (inconsciente) para o mal... A consciente? Piorou!
As pessoas que se esmeram em praticar o mal são, para mim, uma grande incógnita. Nunca consegui entendê-las e creio que jamais conseguirei. Não digo aquelas maldadezinhas inocentes, que todos, algumas vezes, praticamos. Refiro-me aos que se dedicam a prejudicar o próximo, a roubar, difamar, agredir e até mesmo matar alguém.
Quem envereda por esse caminho sem volta sabe que irá arcar com as conseqüências. Sua intuição, certamente, lhe cochicha que vai pagar duro preço por seus atos (não raro, até, com morte prematura, numa briga de marginais ou num tiroteio com a polícia), mas ainda assim persiste na maldade. Por que?
Tenho ouvido e lido muitas tentativas de justificação para o que é injustificável. Nenhuma me convence. Bertholt Brecht escreveu este poema a respeito, que diz: “Em minha parede há uma escultura de madeira japonesa/máscara de um demônio mau, coberta de esmalte dourado./Compreensivo observo/as veias dilatadas da fronte, indicando/ Como é cansativo ser mau”. E ainda assim, há quem aposte na maldade! Não entendo!
Há cientistas que garantem, sem sequer fundamentar suas conclusões em provas (como, aliás, se exige em ciência), que a tendência para o bem ou para o mal é inata nas pessoas. Ou seja, quem é mau já nasce assim e vice-versa. Estão equivocados. Não existe esse determinismo genético.
O criminalista italiano, Cesare Lombroso, chegou a escrever verdadeiro tratado sobre a personalidade criminosa, porém nunca conseguiu convencer, de fato, a maioria dos juristas. É certo que alguns aceitam até fanaticamente suas teorias, mas sem nenhuma fundamentação em provas concretas. A realidade, a todo o momento, desmente suas teses.
Muitos dos mais cruéis criminosos, pelos critérios de Lombroso, seriam verdadeiros “santos” e vice-versa. Para sustentar suas teorias, de que a maldade é inata e se prende a um determinismo genético, muitos pesquisadores citam casos de indivíduos que nascem em famílias que cultivam virtudes e valores e têm vida exemplar e, ainda assim, se tornam bandidos. Argumentam (mas nunca provam) que entre seus ascendentes houve alguém com essa predisposição para a delinqüência e o crime. Bobagem.
As pessoas não nascem más. Tornam-se assim, não em decorrência de seus genes, mas porque seus pais, mesmo que virtuosos e nobres, não sabem lhes transmitir os princípios que os norteiam. Na vida prevalece a lei natural da causa e conseqüência. O homem nasce, sim, dotado de instintos e de aptidões, mas é um animal que precisa ser “domesticado”.
Se for ensinado a “domar” os primeiros e a desenvolver ao máximo os segundos, será útil, realizado e bondoso. Em caso contrário... O que virá a ser dependerá, somente, de educação, exemplos e circunstâncias. Aliás, este último fator é o que tende a ser determinante em nosso modo de agir.
A verdade é que nos apegamos, com facilidade, a algum animal de estimação (gato, cachorro etc.) que chegamos a considerar, até, como membro da família, tamanho é o cuidado que lhe dedicamos e a afeição que nutrimos, mas nem sempre temos a mesma predisposição quando se trata de se apegar a pessoas. . E esse apego a bichos é errado? Claro que não! Afinal, são seres viventes, que se afeiçoam a nós e que retribuem, sem nada exigir em troca, nosso afeto e nossa atenção.
O que causa estranheza é o fato de, não raro, passarmos diante de uma criança abandonada, carente de tudo, às vezes até faminta e esfarrapada, indiferentes, sem que sequer a notemos, como se fosse um poste, um carro ou outro objeto inanimado qualquer.
É certo que não se pode comparar a responsabilidade de cuidar de uma pessoa com a de tratar de algum animal. Mas é verdade, também, que há muito exagero, tanto no afeto dedicado a um, quanto na indiferença destinada a outro. Por isso, concordo com João Guimarães Rosa quando indaga, perplexo: “Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com o homem?”. Sim, o que houve?
A indiferença também é uma forma de maldade, e das mais cruéis e traiçoeiras. A omissão é outra. A hipocrisia, a vaidade exacerbada, a ânsia por poder a qualquer custo (e vai por aí afora) são outras tantas manifestações do mal, das quais sequer nos damos conta. E não se tratam de atitudes inatas, genéticas, adquiridas de ancestrais, mas de comportamentos que vamos adquirindo, inadvertidamente, ao longo da vida e semeando, como traiçoeiros espinhos, em nosso caminho, por anos a fio. Decididamente, nunca vou entender a opção (inconsciente) para o mal... A consciente? Piorou!
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