Pedro J. Bondaczuk
A forma como tratamos as pessoas (as que nos compete educar) determina, via de regra, como elas serão no futuro. Essa é uma questão que deve mobilizar a atenção, sobretudo, de todos os agentes responsáveis pela educação, ou seja, de pais, clérigos e, principalmente, professores. A tendência do ser humano é amoldar-se às expectativas que se têm dele. Claro que, como toda a regra que se preze, esta, também, comporta exceções.
Se esperarmos, por exemplo, que alguém seja um sábio, e sugestionarmos essa pessoa nesse sentido, ela, certamente, fará de tudo para sê-lo. E, provavelmente (dependendo das circunstâncias e oportunidades que tiver), o será. Porém, se tratarmos, principalmente um jovem, como turbulento e indisciplinado, ou como tolo (mesmo que apresente, de fato, essas características num curto instante de sua vida), provavelmente ele se manterá assim, doravante, enquanto viver. Afinal, é o que esperam dele!
Para chegar a essa conclusão, baseio-me, sobretudo, na minha experiência pessoal, embora a observação de outros casos (que tomei conhecimento) me conduza à mesma certeza. Desde tenra idade, meus pais e tios esperavam que eu me tornasse escritor, embora em meus sonhos infantis eu me visse como médico. Principalmente depois que fui acometido de poliomielite. Tornou-se, para mim, desde então, questão de honra combater essa doença que me acometera. Seria uma espécie de revanche contra um mal que modificou os rumos da minha vida.
Aprendi a ler e a escrever com meu pai, numa velha Bíblia que guardo até hoje. Ele, russo de nascimento, que havia imigrado para o Brasil há onze anos, estava recém-aprendendo a falar o português (somente observando os outros, sem nenhum instrutor). Amante da leitura, como era, queria, também, ter acesso aos textos, nessa língua que lhe parecia tão exótica e incompreensível. O desafio era imenso, pois até o alfabeto dos dois idiomas não tinham a mínima similaridade: um é latino e o outro, cirílico.
E meu pai aprendeu a ler (e bem) em português. De lambuja, alfabetizou-me. Dessa forma, entrei para a escola um passo à frente dos meus companheiros de primeiras letras. Para que pudéssemos, ambos, treinar nossa leitura e aperfeiçoá-la, esse homem excepcional (que sempre foi meu ídolo e referencial) começou a comprar, a princípio, revistas em quadrinhos em profusão, passando, numa segunda etapa, a adquirir livros e mais livros.
A esta altura, meu tio Jan Kraszczuk, irmão da minha mãe, que era escritor e tinha uma biblioteca imensa, de causar inveja a muitos intelectuais, observando meu progresso como leitor, passou a me nutrir com volumes e mais volumes, que selecionava com critério, levando em conta a minha idade, além de me incentivar a também escrever. Comecei compondo versos. Claro, não eram textos de nenhum Camões ou de um eventual Fernando Pessoa. Longe disso! Mas eram bem rimados e alguns, até, ousados para uma criança.
Meu pai não cabia em si de orgulho. Todos, em casa, tinham certeza (ou pelo menos manifestavam isso) que o meu futuro estava nas letras. Todos, menos eu, que continuava com minha férrea determinação de um dia ser médico. Até que tentei. Cheguei a cursar um ano de Medicina, mas... as circunstâncias impediram-me de dar seqüência ao curso.
E sabem onde fui desembocar? Exatamente na atividade que meu tio, meus pais, meus professores (notadamente os de Português) e meus amigos e conhecidos esperavam. Ou seja, no mundo das letras. Tornei-me jornalista. E, lá pela metade da carreira, como que empurrado por uma irresistível força, que não sabia identificar qual era, fui adentrando, pé ante pé, relutante e assustado, no vasto e complexo “campo minado” da literatura.
Não digo que seja bom escritor ou até mesmo razoável. Aliás, não tenho a mínima idéia a respeito. Não me preocupo com isso. Busco, isso sim, contínuo aperfeiçoamento, pela leitura, pela pesquisa e pelo exercício constante, obsessivo e diário do texto. Ademais, não me compete fazer esse tipo de julgamento sobre meu eventual (ou suposto) talento, por absoluta falta de isenção. Cabe aos meus leitores, e somente a eles, julgar se o que escrevo é bom, é útil, é criativo e é competente.
Mas o ponto que quero ressaltar não é esse. É o fato de, à minha revelia, eu haver satisfeito as expectativas que meu tio, meu pai, meus professores etc. depositavam em mim. Temos, pois, que estar sempre atentos à forma com que tratarmos as pessoas que tivermos de educar. O poeta Johann Wolfgang Göethe desafia os educadores, ao escrever: “Trate um homem como ele é e ele será como é. Trate um homem como ele pode ser e ele se tornará o que pode e deve ser”. Não posso, como se vê, deixar de dar razão a esse gênio da literatura mundial.
A forma como tratamos as pessoas (as que nos compete educar) determina, via de regra, como elas serão no futuro. Essa é uma questão que deve mobilizar a atenção, sobretudo, de todos os agentes responsáveis pela educação, ou seja, de pais, clérigos e, principalmente, professores. A tendência do ser humano é amoldar-se às expectativas que se têm dele. Claro que, como toda a regra que se preze, esta, também, comporta exceções.
Se esperarmos, por exemplo, que alguém seja um sábio, e sugestionarmos essa pessoa nesse sentido, ela, certamente, fará de tudo para sê-lo. E, provavelmente (dependendo das circunstâncias e oportunidades que tiver), o será. Porém, se tratarmos, principalmente um jovem, como turbulento e indisciplinado, ou como tolo (mesmo que apresente, de fato, essas características num curto instante de sua vida), provavelmente ele se manterá assim, doravante, enquanto viver. Afinal, é o que esperam dele!
Para chegar a essa conclusão, baseio-me, sobretudo, na minha experiência pessoal, embora a observação de outros casos (que tomei conhecimento) me conduza à mesma certeza. Desde tenra idade, meus pais e tios esperavam que eu me tornasse escritor, embora em meus sonhos infantis eu me visse como médico. Principalmente depois que fui acometido de poliomielite. Tornou-se, para mim, desde então, questão de honra combater essa doença que me acometera. Seria uma espécie de revanche contra um mal que modificou os rumos da minha vida.
Aprendi a ler e a escrever com meu pai, numa velha Bíblia que guardo até hoje. Ele, russo de nascimento, que havia imigrado para o Brasil há onze anos, estava recém-aprendendo a falar o português (somente observando os outros, sem nenhum instrutor). Amante da leitura, como era, queria, também, ter acesso aos textos, nessa língua que lhe parecia tão exótica e incompreensível. O desafio era imenso, pois até o alfabeto dos dois idiomas não tinham a mínima similaridade: um é latino e o outro, cirílico.
E meu pai aprendeu a ler (e bem) em português. De lambuja, alfabetizou-me. Dessa forma, entrei para a escola um passo à frente dos meus companheiros de primeiras letras. Para que pudéssemos, ambos, treinar nossa leitura e aperfeiçoá-la, esse homem excepcional (que sempre foi meu ídolo e referencial) começou a comprar, a princípio, revistas em quadrinhos em profusão, passando, numa segunda etapa, a adquirir livros e mais livros.
A esta altura, meu tio Jan Kraszczuk, irmão da minha mãe, que era escritor e tinha uma biblioteca imensa, de causar inveja a muitos intelectuais, observando meu progresso como leitor, passou a me nutrir com volumes e mais volumes, que selecionava com critério, levando em conta a minha idade, além de me incentivar a também escrever. Comecei compondo versos. Claro, não eram textos de nenhum Camões ou de um eventual Fernando Pessoa. Longe disso! Mas eram bem rimados e alguns, até, ousados para uma criança.
Meu pai não cabia em si de orgulho. Todos, em casa, tinham certeza (ou pelo menos manifestavam isso) que o meu futuro estava nas letras. Todos, menos eu, que continuava com minha férrea determinação de um dia ser médico. Até que tentei. Cheguei a cursar um ano de Medicina, mas... as circunstâncias impediram-me de dar seqüência ao curso.
E sabem onde fui desembocar? Exatamente na atividade que meu tio, meus pais, meus professores (notadamente os de Português) e meus amigos e conhecidos esperavam. Ou seja, no mundo das letras. Tornei-me jornalista. E, lá pela metade da carreira, como que empurrado por uma irresistível força, que não sabia identificar qual era, fui adentrando, pé ante pé, relutante e assustado, no vasto e complexo “campo minado” da literatura.
Não digo que seja bom escritor ou até mesmo razoável. Aliás, não tenho a mínima idéia a respeito. Não me preocupo com isso. Busco, isso sim, contínuo aperfeiçoamento, pela leitura, pela pesquisa e pelo exercício constante, obsessivo e diário do texto. Ademais, não me compete fazer esse tipo de julgamento sobre meu eventual (ou suposto) talento, por absoluta falta de isenção. Cabe aos meus leitores, e somente a eles, julgar se o que escrevo é bom, é útil, é criativo e é competente.
Mas o ponto que quero ressaltar não é esse. É o fato de, à minha revelia, eu haver satisfeito as expectativas que meu tio, meu pai, meus professores etc. depositavam em mim. Temos, pois, que estar sempre atentos à forma com que tratarmos as pessoas que tivermos de educar. O poeta Johann Wolfgang Göethe desafia os educadores, ao escrever: “Trate um homem como ele é e ele será como é. Trate um homem como ele pode ser e ele se tornará o que pode e deve ser”. Não posso, como se vê, deixar de dar razão a esse gênio da literatura mundial.
1 comment:
Boa tarde Pedro.
Acho que podemos ser parentes. Jan Kraszczuk era o nome do meu avô (e vamos ser francos, Kraszczuk não é um sobrenome comum).
Gostaria de entrar em contato com você para conversarmos. Talvez confirmar se o seu tio e o meu avô são mesmo o mesmo.
Um abraço
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