Não há jornada que possa ser feita com sucesso se, ao cabo de um dia, não reservarmos algumas horas para o descanso. Este, porém, só será benigno e reconfortante se o gozarmos com sossego. E apenas poderemos sossegar se tivermos consciência de que no dia que se encerrou fizemos nosso melhor. Fomos corajosos, determinados, competentes, solidários e, sobretudo, bons. Um dia, tudo e todos haverão de se transformar. É a lei da natureza. Mas, quando ele chegar, que estejamos com o coração sossegado, cientes de que fomos úteis, deixamos obras, semeamos idéias e valores que um dia haverão de brotar e se transformar em frutos, quando estivermos dispersos nos campos, águas e ar e não formos mais que lembranças. Fernando Pessoa escreve, no poema “Sossega coração”: “Sossega, coração, contudo! Dorme!/O sossego não quer razão nem causa./Quer só a noite plácida e enorme,/a grande, universal, silente pausa/antes que tudo em tudo se transforme”.
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