Ninguém é mais íntimo para nós (e, no entanto, tão desconhecido) como nós mesmos. Nossas ações e sentimentos não raro nos surpreendem, para o bem ou para o mal. Temos um potencial imenso de força, de coragem e de bondade (mas também de maldade) que não sabemos de que tamanho e intensidade é. Amiúde nos surpreendemos cometendo atos reprováveis, ditados pelo inconsciente ou pelos instintos, que nos horrorizam, porquanto, conscientemente, não nos julgamos capazes de os cometer. Constituímo-nos em mistério, em feroz e indecifrável Esfinge para nós mesmos. Apenas um Ser, onipotente e onisciente, que sempre existiu e existirá, que tudo pode e tudo vê, sabe exatamente como somos e o que podemos. No mais... tudo não passa de indecifrável mistério. O poeta Dante Milano encerra o soneto “O homem e a sua paisagem”, com os seguintes versos, incisivos e reveladores: “Em todo sonho existe um extasiado/olhar adormecido que vê tudo.../Senhor, eu sou o objeto contemplado!”.
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