Há sentimentos que, por mais peritos que sejamos no uso da linguagem, por mais expressivos e exatos que sejam os termos que empregarmos, se mostram impossíveis de serem expressos. Quantas vezes, em face da pessoa amada, queremos dizer-lhe o quanto a amamos e só conseguimos balbuciar palavras toscas, que a nós parecem irrisórias e de imensa indigência! É certo que os que sabem ler a linguagem dos gestos, como a profundidade do olhar, a força do sorriso, a magia do toque, a possessividade do abraço e o desespero do beijo, recebem essas mensagens. Ainda assim, não expressam, na totalidade, a grandeza dos sentimentos. Quantos versos não deixam de ser escritos por fugirem as palavras adequadas que os deveriam revestir! O chileno Carlos Trujillo faz essa intrigante indagação a respeito, no poema “Poemas do passado escritos hoje”: “Palavras mastigadas no milênio completo/a que anos-luz/em que galáxia/se encontra aquele poema que não encontra minha pena?”.
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