Uma das afirmações que mais tenho ouvido por aí é a de que “o amor não tem idade”. E não tem mesmo. Na prática, todavia, as coisas não são tão consensuais quanto se dá a entender. Pessoas mais idosas, quando amam, são vistas com desconfiança, quando não são vítimas de galhofa, como se não tivessem mais direito a um afeto, por causa dos muitos anos que viveram. Parentes, provavelmente de olho na sua herança, por exemplo, fazem o possível e o impossível para impedir novos relacionamentos dos mais velhos. Jovens, por sua vez, fazem anedotas a respeito, esquecidos que um dia também irão envelhecer e ser vítimas desses mesmos preconceito que alimentam. O tempo não pára, e para ninguém. O mito da eterna juventude não passa apenas disso: de mero ideal que todos sabem, de antemão, que é inviável. Este é o sentido que Machado de Assis quis dar à afirmação (verdadeira, por sinal) que “o amor é o rei dos moços e o tirano dos velhos”. Bendita tirania!
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