Thursday, April 24, 2008

REFLEXÃO DO DIA


Através do miraculoso e inexplicável expediente da imaginação, saímos de nós mesmos no momento em que quisermos e nos dispersamos pelo infinito, viajando para mundos distantes e fisicamente interditos. Em suas asas, em infinitésimas frações de segundo, vencemos distâncias impossíveis de se dimensionar, desvendamos galáxias de monstruosos tamanhos e formas, nos confins do universo, penetramos em buracos negros de força descomunal, que não deixam escapar, sequer, a luz (mas nós escapamos) e retornamos, incólumes, para o nosso interior. Somos tudo, por nossa imaginação, e nada somos, se levarmos em conta a fragilidade física. Que mistério que somos nessa vastidão universal! O poeta argentino, Daniel Chirom, conclui assim seu magnífico poema “A diáspora”, que ilustra, a caráter, estas óbvias considerações: “Estamos em toda a parte e nada somos,/só a noite nos resgata./Nosso horizonte é o cruzeiro do sul/onde os olhos entreabertos/ainda tocam música”.

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