Pedro J. Bondaczuk
Os comportamentos sociais, que se transformam, com o tempo, em costumes – cujo conjunto se convencionou chamar de “cultura” – variam de acordo com as características de cada povo, e de cada época. Trata-se, admito, de afirmação até acaciana, nem por isso, contudo, menos verdadeira.
Algumas práticas caem em desuso, em determinadas épocas e/ou localidades, mas, não raro, acabam retomadas, tempos depois, em outro lugar, com outras características. Ou, até na mesma comunidade onde antes eram comuns, às vezes alteradas em alguns detalhes e, em alguns casos, sem nenhuma mudança, conservando as características originais. Outras, contudo, desaparecem por completo, sem que deixem o mínimo vestígio.
Há comportamentos que são restritos a determinadas áreas e regiões e que não se espalham e nem se multiplicam. É o caso específico, por exemplo, da poliandria, ou seja, do casamento de uma mulher com vários homens, prática milenar, ainda em uso em partes da Ásia (notadamente no Himalaia), abrangendo comunidades da Índia (os naires) e do Tibete, além de algumas remotas ilhas do Oceano Pacífico.
Friedrich Engels chegou a fazer considerações a respeito, em seu livro “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”. Recentemente, identificaram-se vários casos de poliandria no Leste do Usbequistão, ex-República da extinta União Soviética. No Ocidente, porém, essa prática é inconcebível e encarada como aberração, tanto quanto a poligamia, tão ao gosto dos orientais.
Na Grécia antiga, as hetairas, originalmente, eram mulheres livres, cultas e famosas, que se casavam com vários homens. Com o tempo, contudo, se degradaram e se transformaram em meras prostitutas de luxo. Passaram a relacionar-se, sexualmente, com vários parceiros, mas sem nenhum vínculo matrimonial. Jaime Brasil observa, a propósito, em seu livro “A questão sexual”: “Recebiam, em suas casas os políticos, os generais, os filósofos e os poetas, raras vezes mantendo relações sexuais simultâneas, com mais de um”. Mantinham-nas, porém, isoladas. Isso, acaso, não lembra alguma coisa até bastante freqüente dos tempos atuais? Cale-se, boca!!!
Há costumes, todavia, que se espalham rapidamente e atingem os pontos mais distantes de onde se originaram. Isso se deve ou em decorrência dos freqüentes contatos entre povos – dadas as crescentes facilidades de transportes, possibilitando a multiplicação e disseminação de viagens – ou, o que se tornou mais comum desde meados do século passado, por causa do extraordinário avanço da tecnologia dos meios de comunicação.
O rádio, a televisão (a cabo ou via satélite), a internet e o telefone celular promoveram um virtual “encolhimento” do Planeta, quase que o transformando, de fato, na gigantesca “aldeia global” preconizada por Marshall McLuhan. Especialmente a TV, notadamente no Brasil, tornou-se o meio de difusão de idéias (boas e más) mais democrático que existe. Chega tanto aos suntuosos palácios, quanto às desconjuntadas e insalubres taperas (a maioria, neste país de dimensões continentais). Não raro, até moradores de rua (eufemisticamente chamados pelo pomposo nome de “homeless”) dispõem de seus receptores.
As novelas, defendidas, ferrenhamente, por uns, e combatidas, com a mesma intensidade (quando não, até com certa “ferocidade”) por tantos outros, são poderosos meios de influência nos costumes. Diria, mesmo, que são irresistíveis. Alguns comportamentos dos personagens dessas peças de ficção (que buscam, cada vez mais, simular o cotidiano das pessoas) – como, por exemplo, os cuidados com a higiene e a saúde, o apuro no vestuário e o bom-senso na alimentação – a despeito de um certo preconceito que existe em relação a esse gênero artístico, são, sem dúvida, benéficos. É bom que sejam imitados, e por um número máximo de pessoas.
Trazem imensos contingentes de indivíduos, ignorantes, broncos, atrasados, vivendo quase na Idade da Pedra Lascada (exageros a parte) para o século XXI, ou próximo dele. Outros comportamentos, porém, que insinuam ser “normal” e corriqueira a infidelidade conjugal, que pregam (mesmo que não seja a intenção dos autores de novelas) a desagregação da família e o sexo pelo sexo, sem nenhuma finalidade superior, são, evidentemente danosos e lesivos à própria civilização, por mais que os defensores dessa manifestação artística tão popular neguem.
Claro que as pessoas esclarecidas sabem fazer a necessária distinção entre o fictício e o real. Ou, pelo menos, presume-se que saibam distinguir entre o que é saudável e positivo e o que é daninho e vicioso; entre o que pode e deve ser imitado e o que precisa ser evitado, repudiado e combatido.
Ocorre que não é possível de se saber, e, portanto, de se controlar (e nem se tem sequer certeza se esse eventual “controle” é bom ou ruim, justo ou injusto, democrático ou ostensiva afronta às liberdades individuais) quem assiste a essas apresentações. O telespectador pode ser um filósofo ou um analfabeto, uma pessoa experiente e vivida ou uma criança em fase de formação e vai por aí afora.
Tanto têm acesso às novelas (e a uma enxurrada de enlatados estrangeiros, a maioria de péssima qualidade, festival de violência, sexo e boçalidade sem nada de positivo ou sequer de bom-gosto), os bem-informados (e, principalmente, bem-formados), quanto os broncos (provavelmente, a maioria). Tanto os que são senhores da sua vontade, quanto os que têm horizontes mentais estreitíssimos, próximos aos de uma ameba, com carências de tudo, notadamente de educação em seu sentido mais amplo (quando não completa ausência dela). Aí é que mora o perigo. Mas... esse é um assunto que prefiro trazer a debate em outra oportunidade.
Os comportamentos sociais, que se transformam, com o tempo, em costumes – cujo conjunto se convencionou chamar de “cultura” – variam de acordo com as características de cada povo, e de cada época. Trata-se, admito, de afirmação até acaciana, nem por isso, contudo, menos verdadeira.
Algumas práticas caem em desuso, em determinadas épocas e/ou localidades, mas, não raro, acabam retomadas, tempos depois, em outro lugar, com outras características. Ou, até na mesma comunidade onde antes eram comuns, às vezes alteradas em alguns detalhes e, em alguns casos, sem nenhuma mudança, conservando as características originais. Outras, contudo, desaparecem por completo, sem que deixem o mínimo vestígio.
Há comportamentos que são restritos a determinadas áreas e regiões e que não se espalham e nem se multiplicam. É o caso específico, por exemplo, da poliandria, ou seja, do casamento de uma mulher com vários homens, prática milenar, ainda em uso em partes da Ásia (notadamente no Himalaia), abrangendo comunidades da Índia (os naires) e do Tibete, além de algumas remotas ilhas do Oceano Pacífico.
Friedrich Engels chegou a fazer considerações a respeito, em seu livro “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”. Recentemente, identificaram-se vários casos de poliandria no Leste do Usbequistão, ex-República da extinta União Soviética. No Ocidente, porém, essa prática é inconcebível e encarada como aberração, tanto quanto a poligamia, tão ao gosto dos orientais.
Na Grécia antiga, as hetairas, originalmente, eram mulheres livres, cultas e famosas, que se casavam com vários homens. Com o tempo, contudo, se degradaram e se transformaram em meras prostitutas de luxo. Passaram a relacionar-se, sexualmente, com vários parceiros, mas sem nenhum vínculo matrimonial. Jaime Brasil observa, a propósito, em seu livro “A questão sexual”: “Recebiam, em suas casas os políticos, os generais, os filósofos e os poetas, raras vezes mantendo relações sexuais simultâneas, com mais de um”. Mantinham-nas, porém, isoladas. Isso, acaso, não lembra alguma coisa até bastante freqüente dos tempos atuais? Cale-se, boca!!!
Há costumes, todavia, que se espalham rapidamente e atingem os pontos mais distantes de onde se originaram. Isso se deve ou em decorrência dos freqüentes contatos entre povos – dadas as crescentes facilidades de transportes, possibilitando a multiplicação e disseminação de viagens – ou, o que se tornou mais comum desde meados do século passado, por causa do extraordinário avanço da tecnologia dos meios de comunicação.
O rádio, a televisão (a cabo ou via satélite), a internet e o telefone celular promoveram um virtual “encolhimento” do Planeta, quase que o transformando, de fato, na gigantesca “aldeia global” preconizada por Marshall McLuhan. Especialmente a TV, notadamente no Brasil, tornou-se o meio de difusão de idéias (boas e más) mais democrático que existe. Chega tanto aos suntuosos palácios, quanto às desconjuntadas e insalubres taperas (a maioria, neste país de dimensões continentais). Não raro, até moradores de rua (eufemisticamente chamados pelo pomposo nome de “homeless”) dispõem de seus receptores.
As novelas, defendidas, ferrenhamente, por uns, e combatidas, com a mesma intensidade (quando não, até com certa “ferocidade”) por tantos outros, são poderosos meios de influência nos costumes. Diria, mesmo, que são irresistíveis. Alguns comportamentos dos personagens dessas peças de ficção (que buscam, cada vez mais, simular o cotidiano das pessoas) – como, por exemplo, os cuidados com a higiene e a saúde, o apuro no vestuário e o bom-senso na alimentação – a despeito de um certo preconceito que existe em relação a esse gênero artístico, são, sem dúvida, benéficos. É bom que sejam imitados, e por um número máximo de pessoas.
Trazem imensos contingentes de indivíduos, ignorantes, broncos, atrasados, vivendo quase na Idade da Pedra Lascada (exageros a parte) para o século XXI, ou próximo dele. Outros comportamentos, porém, que insinuam ser “normal” e corriqueira a infidelidade conjugal, que pregam (mesmo que não seja a intenção dos autores de novelas) a desagregação da família e o sexo pelo sexo, sem nenhuma finalidade superior, são, evidentemente danosos e lesivos à própria civilização, por mais que os defensores dessa manifestação artística tão popular neguem.
Claro que as pessoas esclarecidas sabem fazer a necessária distinção entre o fictício e o real. Ou, pelo menos, presume-se que saibam distinguir entre o que é saudável e positivo e o que é daninho e vicioso; entre o que pode e deve ser imitado e o que precisa ser evitado, repudiado e combatido.
Ocorre que não é possível de se saber, e, portanto, de se controlar (e nem se tem sequer certeza se esse eventual “controle” é bom ou ruim, justo ou injusto, democrático ou ostensiva afronta às liberdades individuais) quem assiste a essas apresentações. O telespectador pode ser um filósofo ou um analfabeto, uma pessoa experiente e vivida ou uma criança em fase de formação e vai por aí afora.
Tanto têm acesso às novelas (e a uma enxurrada de enlatados estrangeiros, a maioria de péssima qualidade, festival de violência, sexo e boçalidade sem nada de positivo ou sequer de bom-gosto), os bem-informados (e, principalmente, bem-formados), quanto os broncos (provavelmente, a maioria). Tanto os que são senhores da sua vontade, quanto os que têm horizontes mentais estreitíssimos, próximos aos de uma ameba, com carências de tudo, notadamente de educação em seu sentido mais amplo (quando não completa ausência dela). Aí é que mora o perigo. Mas... esse é um assunto que prefiro trazer a debate em outra oportunidade.
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