Monday, October 15, 2007

TOQUE DE LETRA
















Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Arquivo, site oficial da Ponte Preta, Maurício Val e Gaspar Nóbrega/VIPCOMM)

UMA NO CRAVO E OUTRA...

A Ponte Preta, de umas seis rodadas para cá, vem agindo como aquele ferreiro desastrado que dá uma martelada no cravo e outra na ferradura, sem conseguir se acertar. Obteve uma boa vitória no ABC, frente ao São Caetano (que não é mais aquele), por 1 a 0, na base da garra e da determinação, mesmo não jogando uma partida brilhante (longe disso) e sendo acuada na maior parte do jogo pelo adversário. Quando a torcida começou a se entusiasmar com esse bom (e enganoso) resultado, veio a ducha de água gelada. A Ponte Preta perdeu a terceira partida consecutiva no Majestoso, que no primeiro turno se constituiu num verdadeiro alçapão para os visitantes e que, neste segundo, se transformou num pátio de recreio para todos os seus concorrentes que vêm a Campinas enfrentar a alvinegra. O técnico Paulo Comelli, com isso, conseguiu a “façanha” de não vencer um só jogo em casa, desde que assumiu o comando técnico da equipe, e sequer empatar. Sob a sua direção, o time levou, só no Moisés Lucarelli, nove gols e fez apenas três. “A culpa é do treinador?”, pergunta, aflito, o torcedor pontepretano (eu, inclusive) triste por ver a chance do acesso escapar por entre os dedos. Em parte, é. Já estava, por exemplo, mais do que em tempo dele consertar essa terrível defesa, que se esmera em bobagens e leva gols e mais gols infantis, a maioria dados de presente para os adversários. Isso aconteceu neste sábado, quando a Macaca perdeu, por 4 a 2, para uma apenas esforçada Portuguesa, por culpa de quatro bobagens cometidas ora pelo goleiro Denis, ora pela zaga, ora pelos limitadíssimos volantes, que só sabem dar trombadas e chutões e cometer faltas desnecessárias nas proximidades da área pontepretana. Esse pessoal não treina? Parece que não. Enfim, ao que tudo indica, a Mimosa já foi de vez pro brejo, com os bezerros e tudo. Lamentável!

ESSE TEM CRÉDITO

O atacante Alex Terra foi, de novo, o personagem do jogo, na partida em que a Ponte Preta foi derrotada, no Majestoso, pela Portuguesa, por 4 a 2, e nos dois aspectos: positivo e negativo. No lado bom, foi o autor dos dois gols do time, comprovando sua condição de goleador. No ruim, desperdiçou um pênalti, quando a partida ainda estava empatada em 2 a 2 que, se convertido, poderia ter mudado a história da mesma. Mas só erra quem tenta. Ademais, Alex Terra tem um enorme crédito com a torcida. Afinal, no sábado, estabeleceu uma marca que só os grandes artilheiros (e ele é) conseguem: fez 17 gols em 17 jogos, com média de um por partida. O jovem matador foi dos poucos jogadores pontepretanos que correram o tempo todo, em busca de um resultado melhor, que acabou, por força das circunstâncias, não vindo. Tanto tem crédito, que mesmo perdendo um pênalti que não poderia perder, saiu de campo aplaudido pela torcida que, no entanto, não poupou vaias aos seus demais companheiros. Pena que não haja a menor possibilidade de Alex Terra permanecer na Ponte Preta no ano que vem. Esse, certamente, vai deixar saudades, muitas saudades no torcedor.

ESSE DEVE, E MUITO

Se Alex Terra tem crédito com a torcida pontepretana por tudo o que já fez no curto período em que está no Majestoso, o meia atacante Leo Mineiro acumula um débito imenso que, certamente, não conseguirá saldar. Esse enganou todo o mundo. As referências que eu tinha desse jogador, as melhores possíveis, eram as mesmas com que a diretoria contava. Tanto, que não mediu esforços para trazer o atleta para Campinas. No Campeonato Paulista deste ano, inclusive, vestindo a camisa do Juventus, fez um belíssimo gol contra nós, num arremate de fora da área em que colocou a bola no ângulo. Sua velocidade era cantada e decantada em verso e prosa por cronistas esportivos com que conversei a respeito do atleta. Na Ponte Preta, porém... Sábado, na derrota da Macaca para a Portuguesa, por 4 a 2, Leo Mineiro encheu as medidas do mais pacato dos torcedores. Perdeu dois gols incríveis, desses que qualquer amador faria num jogo de fim de semana entre solteiros e casados. Além disso, não acertou um só passe, uma única tabela, não fez uma solitária jogada eficiente. Foi uma nulidade total. Um cone, no seu lugar, faria muito mais bonito do que ele fez. Protagonizou, inclusive, um dos lances mais ridículos não só desse jogo, mas dos que tenho visto nos últimos tempos, quando quis bater uma bola de sem-pulo na direção do gol adversário e furou, quase caindo de traseiro no chão. Esse é bom que nem se cogite em permanecer no plantel para o ano que vem.

OS DOIS EXTREMOS

O zagueiro Anderson, desde que foi contratado pela Ponte Preta, junto ao Paulista de Jundiaí, vem enfrentando enorme resistência da torcida. E, convenhamos, fez por merecer toda essa desconfiança, com atuações desastrosas, que redundaram em perda de pontos e mais pontos por parte da Macaca. Seu companheiro Zacarias, por outro lado, mesmo sendo escalado como titular apenas esporadicamente, num jogo ou outro, era, até sábado, unanimidade do torcedor, que exigia a sua presença na equipe. Era tido e havido como o melhor defensor do atual plantel. Mas o futebol é sumamente irônico. No jogo de sábado, na derrota pontepretana por 4 a 2 para a Portuguesa, as situações desses dois atletas se inverteram. Anderson limitou-se a jogar o pouco que sabe (e põe pouco nisso!), fez somente o feijão com arroz e se constituiu no melhor dos nossos zagueiros (o que sequer é grande mérito, dada a incrível fragilidade da nossa defesa). Já Zacarias... Foi um desastre! Foi culpado por dois gols adversários, excedeu-se nas faltas, tentou apoiar o ataque sem o menor sucesso e saiu de campo vaiado, por causa de sua desastrosa atuação. Claro que não se trata de nenhum Samuel, Oscar, Juninho ou mesmo Pedro Luís, longe disso. Mas Zacarias joga mais, muito mais do que jogou contra a Portuguesa. Daqui para a frente, terá que jogar muito para recuperar pelo menos parte do prestígio que gozava com a torcida.

MUDANÇA DE ESQUEMA

Uma das discussões que parecem intermináveis, por parte da crônica esportiva e, principalmente, da torcida, se refere ao esquema de jogo ideal que deveria ser adotado pelo técnico Paulo Comelli, na Ponte Preta. Uns são favoráveis à manutenção dos três zagueiros e três volantes, dada a fragilidade defensiva do time. Não deixam de ter razão, é claro, desde que não ocorram as falhas individuais que ocorreram na derrota para a Portuguesa, por 4 a 2. Outros (entre os quais me incluo), porém, entendem que a melhor defesa é o ataque. Querem que a Macaca atue no 4-4-2, com dois zagueiros, dois alas bem abertos, dois volantes de marcação, que seriam Pingo e João Marcos (que atravessa, por sinal, péssima fase), dois meias armadores, Andrezinho e Rafael Ueta e dois atacantes, Alex Terra e Wanderley. Uma deficiência mostrada pela equipe há já um bom tempo, que lhe tem sido fatal, mas que nenhum dos tantos treinadores que passaram pelo Majestoso conseguiu corrigir, é o excessivo recuo do sistema defensivo quando o time está sem a bola. A marcação, em vez de começar ainda no campo adversário e ser mais forte no meio do campo, é feita sempre nos arredores da nossa grande área. Com isso, a Ponte atrai, invariavelmente, o adversário para as proximidades do seu gol, além de cometer uma infinidade de faltas frontais à meta de Denis. O resultado nem é preciso destacar. É o rebaixamento da Série A em 2006 e a pífia campanha na Série B neste ano. Será que não dá para nenhum treinador tirar esse vício do time?!

SUCESSO SUBIU À CABEÇA

Parece que o sucesso nas oitavas de final da Copa Sul-Americana fez mal, muito mal ao São Paulo. Desde que eliminou o Boca Juniors, no Morumbi, com aquela vitória magra e suada por 1 a 0, o time não mais se acertou. Perdeu para o Flamengo, no Maracanã, por 1 a 0, e o resultado poderia, até, ser mais elástico, não fosse a atuação de Rogério Ceni naquele jogo. Na seqüência, foi derrotado no clássico, por um Corinthians extremamente frágil e longe, muito longe de ser um time sequer razoável. Tropeçou, em pleno Morumbi, onde raramente perde um jogo internacional, diante do Milionários da Colômbia, que faz péssima campanha no Campeonato Colombiano, igualmente por 1 a 0. E neste sábado, completou a quarta partida sem vitória, ao empatar com o Fluminense, no Maracanã, por 1 a 1. É verdade que nesse jogo teve, contra si, uma arbitragem desastrosa, o que é fato raro em se tratando de São Paulo. Ainda assim, com todos esses tropeços, o tricolor paulista mantém-se, olímpico e soberano, na ponta da tabela do Campeonato Brasileiro, com onze pontos a mais que seus principais perseguidores, o Cruzeiro e o Santos, ambos com 53 pontos ganhos. Acumulou, portanto, gordura ao longo da competição e agora pode, até, se dar o luxo de não jogar nada. Mas que a péssima fase do São Paulo já preocupa sua torcida, disso não há como duvidar.

ESTRÉIA NAS ALTURAS

A Seleção Brasileira iniciou, ontem, a sua caminhada rumo à Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, estreando, sem nenhum brilho, contra a Colômbia, na altitude de Bogotá, sem que ninguém mexesse no placar. Foi um jogo chato, sonolento, de pouquíssima emoção, que valeu pelo resultado (o 0 a 0 favoreceu, teoricamente, o Brasil). Sou absolutamente contrário ao uso do fator “altitude” para contrabalançar a falta de técnica de alguns selecionados. Na Europa, nenhuma das grandes seleções, como Itália, França, Portugal ou Holanda, enfrenta esse problema. Na América do Sul, porém, três delas valem-se desse fator e às vezes até conseguem se classificar para as diversas Copas: Colômbia, Equador e, principalmente, Bolívia. Altitude por altitude, o Nepal (se tivesse futebol) levaria vantagem sobre todo o mundo. Afinal, sua capital, Katmandu (que nos anos 60 se constituiu em verdadeira Meca dos “hippies”), põe La Paz no bolsinho do colete. Situa-se a mais de seis mil metros de altura, contra os 3.800 metros da capital boliviana. A Fifa chegou a proibir jogos oficiais em altitudes elevadas, mas os anacrônicos e vetustos velhinhos da entidade que rege o futebol mundial mudaram, de repente, de idéia. Por que eles não marcam um amistoso, digamos em Katmandu, contra um time de cronistas esportivos, para verem o que é bom para a tosse?

RESPINGOS...

· Nelsinho Batista considerou o empate de sábado, do Corinthians, com o Internacional, por 1 a 1, “resultado que não se pode desprezar”. Discordo. Seu time, agora, tem que vencer quatro, dos sete jogos que tem, para não depender de ninguém em sua luta para escapar do rebaixamento. Será que dá? Tenho minhas dúvidas.
· Caio Junior repete, no Palmeiras, a façanha que fez no ano passado, no Paraná. Ou seja, aos trancos e barrancos, está levando um time limitado à Copa Libertadores da América. É o técnico ideal, portanto, para quem não quer, ou não pode, gastar muito dinheiro na montagem de um plantel
· Outro que continua tirando água de pedra é Wanderley Luxemburgo. Depois de um mau começo de campeonato, quando o time chegou a freqüentar, por um bom tempo, a zona de rebaixamento, o Santos, a esta altura, divide a vice-liderança com o Cruzeiro. Nada mau para um plantel sem estrelas.
· O Juventude, que nos últimos anos sempre fez campanhas dignas no Campeonato Brasileiro da Série A, neste ano dificilmente vai escapar da degola. A menos que ocorra algum improvável milagre.
· Tudo leva a crer que em 2008 o futebol paranaense será representado pelos seus dois principais clubes. O Paraná está com a corda no pescoço e dificilmente vai escapar da degola. Em compensação, salvo algum desastre, o Coritiba está voltando, de mala e cuia, para a elite.

· E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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