Friday, October 05, 2007

TOQUE DE LETRA
















Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Arquivo, site oficial da Ponte Preta, Marcelo Campos, Maurício Val e Marcos Arcoverde/VIPCOMM)

DESANDOU A MAIONESE

O torcedor pontepretano, irritado com as péssimas atuações do time contra o Santo André, quando a Ponte Preta arrancou uma heróica vitória por 2 a 1 nos últimos minutos (numa dessas viradas que acontecem apenas a cada cinqüenta anos ou mais), e com o empate com o Ituano, por 1 a 1, achava que a equipe já havia chegado ao fundo do poço. Não chegou. Tinha esperança que, com a chegada do novo treinador, Paulo Comelli, o grupo iria se motivar e partir para a reação. Não partiu. Nada disso ocorreu. O pior ainda estava para vir. E veio nos dois jogos consecutivos da Macaca no Moisés Lucarelli, oportunidade para somar seis pontos e entrar definitivamente na briga pelo acesso. Contudo, o que foi que ocorreu? A maionese desandou de vez e intoxicou a grande coletividade alvinegra. O time fez duas apresentações ridículas, caricatas, horríveis, diante dos seus torcedores, em que se mostrou confuso, acovardado, sem técnica e, principalmente, sem raça. E perdeu esses dois importantíssimos compromissos: por 2 a 1, para o Marília e por 3 a 0 para o Vitória de Vadão (que havia perdido para a Portuguesa, poucos dias antes, em seus domínios e não vinha jogando nada). Caso vencesse, estaria hoje na terceira colocação, já que as últimas duas rodadas favoreceram bastante a Ponte. Agora, apesar dos discursos otimistas dos jogadores, da comissão técnica e da diretoria, o time não briga mais pelo acesso. Luta, isto sim, para fugir do rebaixamento para a Série C. Vejam só o que esses irresponsáveis fizeram com o clube de maior tradição do futebol brasileiro! Isto é um crime!!!

A SAÍDA DE NELSINHO

A saída de Nelsinho Batista, pela terceira ou quarta vez, da Ponte Preta, está pessimamente explicada. Oficialmente, o treinador foi demitido após o empate em Itu, por 1 a 1, com o lanterna do campeonato. Mas há uma série de indícios que apontam para a possibilidade (lógica e bastante plausível, por sinal) da história não ser bem esta. Corre, a boca pequena, pela cidade, uma versão diferente, muito diferente da que foi dada pela diretoria e pela imprensa. É a de que o técnico já tinha tudo acertado com o Corinthians bem antes do jogo com o Santo André, mas que havia pedido um tempo para arrumar um pretexto plausível a ser dado à torcida para a sua saída do clube. Afinal, Nelsinho sempre teve a fama, no Majestoso, de abandonar o barco nas horas mais impróprias e decisivas para a Ponte Preta. Por isso, não queria que esta idéia se mantivesse na cabeça do pontepretano. Há quem diga, até, que as péssimas apresentações contra o Santo André e o Ituano foram propositais, no que não acredito (mas que pode ser verdade, pois já vi coisas do arco da velha no futebol). E existe um certo fundamento nisso. Afinal, nesses dois jogos, o time foi pessimamente escalado e as substituições feitas no correr das duas partidas foram absurdas e desastrosas. Ainda assim, a equipe arrancou aquela vitória memorável sobre o Santo André e aquele empate em Itu, que só não se transformou em vitória por causa da interferência da arbitragem (que deixou de dar um pênalti escandaloso em Michel e anulou um gol legítimo de Michel Simplício). Dizem, até, que a ida de Heverton para o Corinthians foi por indicação de Nelsinho. Provas? Não há, claro! Afinal, filho feio nunca tem pai. Mas que existe lógica nesse raciocínio, isso ninguém pode negar. E onde há fumaça...

DESCULPA ESFARRAPADA

Não dá para engolir a desculpa do técnico Paulo Comelli, que atribuiu as péssimas apresentações da Ponte Preta nas derrotas em casa para o Marília (2 a 1) e Vitória (3 a 0) ao fato de não conhecer bem o plantel. Que treinador é esse que assume um time sem saber nada a seu respeito? Onde ele estava? Em Marte, em Vênus ou no Afeganistão? Comelli já havia se desligado do Marília e tinha todo o tempo do mundo de analisar o grupo que iria assumir, assim que foi contatado. Poderia (aliás, deveria) requisitar vídeos dos últimos jogos da Ponte Preta e avaliar, com tranqüilidade, os pontos fortes e, principalmente, os fracos da equipe. Será que não lhe passou pela cabeça que não adianta ter um goleador como Alex Terra se a bola não chega nele? Acho que não! Se passasse, não teria entrado em campo, contra o Vitória, com quatro volantes. “Ah, mas o plantel não tem um armador”, pode argumentar. Ora, que recorresse às categorias de base. Que utilizasse, por exemplo, o garoto Ezequiel, já que se tratava de uma emergência, ou Rafael Ueta, que retornou ao clube. Se não desse certo, paciência! Pelo menos teria tentado. Mas não, Comelli preferiu a atitude cômoda, de repetir as escalações de Nelsinho, e justo aquelas que não deram certo. Pombas, o cara foi contratado para resolver o problema da Ponte Preta ou apenas para fazer figuração?! Não dá para engolir! O novo técnico começou mal, muito mal o seu trabalho. E não tem desculpas!

HERÓIS DA RESISTÊNCIA

Na derrota da Ponte Preta para o Marília, por 2 a 1, três jogadores se destacaram pela lucidez e, principalmente pela combatividade: Alex Silva, incansável na marcação e no apoio, Alex Terra, oportunista como sempre e autor do único gol pontepretano e Andrezinho, o mais lúcido atleta desse grupo depois da saída de Heverton. Deu pena ver a luta desses três, enquanto os companheiros faziam lambanças e mais lambanças. Os destaques negativos, por outro lado, foram vários. Cito, porém, o goleiro Denis, que em muitas oportunidades salvou a equipe, mas que atravessa uma fase das piores e foi responsável direto pelo primeiro gol do MAC. Outra atuação ridícula foi de Chumbinho, que não justificou, até aqui, o empenho da diretoria em contratá-lo. E muitos outros tiveram destaque negativo, como Pingo, Michel, Alexandre Black e vai por aí afora. Contra o Vitória, tivemos outros três destaques. O principal, de novo, foi Andrezinho, que deveria atuar como armador e não mais como ala. Mas Alex Terra e Wanderley chamaram a atenção da torcida pelo esforço e pelo espírito de luta. O jovem atacante, prata da casa, aliás, foi o que mais chutou a gol: cinco vezes, em duas das quais obrigou o goleiro adversário a fazer difíceis defesas. E Denis, de novo, voltou a falhar, desta vez em dois gols do time baiano. Mas os que irritaram a torcida e quase a levaram à loucura foram Chumbinho (de novo), Ale (o pior em campo), João Marcos e Michel, com destaque (negativo) também para a fraca zaga, de Célio Santos e Anderson. Convenhamos, com apenas três jogadores, ninguém consegue ganhar de ninguém, nem mesmo do Íbis, tido e havido como o pior time do mundo.

FUTURO INCERTO

O futuro da Ponte Preta no Campeonato Brasileiro da Série B é incerto e perigoso depois das duas últimas derrotas sofridas em casa. Isso acontece não tanto pela competição em si, em que os clubes estão todos embolados (a Macaca está a quatro pontos da zona de classificação e a três da perigosa área do rebaixamento), mas pelo que a equipe vem apresentando (ou melhor, pelo que vem deixando de apresentar) nos últimos cinco ou seis jogos. A defesa, por exemplo, continua mais vulnerável do que nunca e se esmera em cometer faltas e mais faltas, infantis e desnecessárias, todas nas proximidades da área. Bola alta, então, é uma tragédia! Denis tem saído muito mal do gol. A cada escanteio, ou cruzamento para a área, o coração do pontepretano parece que vai sair pela boca, de tanta angústia. O bando de volantes (às vezes três, às vezes quatro) nem marca direito e nem sabe sair para o jogo. Ricardo Conceição, Pingo, Ale e João Marcos não conseguem acertar sequer um passe de 50 centímetros. Se não fazem marcação direito e nem ajudam na armação, o que estão fazendo em campo? Faltas e mais faltas! O time não tem um armador de ofício, a menos que Andrezinho seja deslocado para essa função ou que o técnico Paulo Comelli recorra às categorias de base. São raras as bolas que chegam para Alex Terra e Wanderley e as que chegam, são sempre quadradas. Assim, como ter esperança no time? Quem sabe ocorra um milagre, amanhã e, na base do bumba-meu-boi, consigamos uma vitória (mesmo que seja por magérrimo 1 a 0) sobre o São Caetano, que não anda lá muito bem das pernas. Porque, se depender de tática e de técnica...

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA

A rodada do Brasileirão, que começou na quarta-feira e teve seqüência ontem, apresentou dois resultados que significaram quebras de duas seqüências antagônicas. No Maracanã, o São Paulo teve sua trajetória de 16 partidas invictas interrompida, ao perder para o Flamengo, por 1 a 0. No outro extremo da tabela, o América, de Natal, que não vencia há 15 jogos, quebrou o longuíssimo jejum, derrotando o Paraná, por 3 a 2. Quanto ao tricolor, a vitória sobre o Boca Juniors, no Morumbi, por 1 a 0, parece ter feito mal ao time. No jogo seguinte, venceu, a duras penas, o fraco Figueirense, por 2 a 0. Na seqüência, foi a Porto Alegre e derrotou o Internacional, de virada, na bacia das almas, jogando muito mal contra um adversário que atuou com dez jogadores desde a metade do primeiro tempo. “Achou”, no final, dois gols e venceu, mas não convenceu. Ontem, o Flamengo fez gato e sapato do virtual campeão brasileiro da temporada. Sorte do São Paulo que acumulou muita “gordura” para queimar e que seu principal perseguidor, o Cruzeiro, vem se caracterizando pela instabilidade, que ficou evidenciada nas duas derrotas seguidas que sofreu em pleno Mineirão: por 2 a 1 para o Figueirense e por 1 a 0 para o Santos.

ADEUS À LIBERTADORES

O Vasco da Gama parece que se empolgou demais com a heróica classificação para as quartas-de-finais da Copa Sul-Americana, ao derrotar o Lanus, da Argentina, em São Januário, por 3 a 0. No Campeonato Brasileiro, acumulou três derrotas consecutivas, duas das quais em seus domínios: por 2 a 0, para o Cruzeiro e por 1 a 0, para o Juventude, além de outro 1 a 0 para o Santos, na Vila Belmiro. Com esses resultados, a equipe cruzmaltina praticamente deu adeus ao sonho de se classificar para a Copa Libertadores da América do ano que vem. Trata-se de um time modesto, apenas razoável, que depende demais do veterano Leandro Amaral. Quando o atacante joga bem, os resultados aparecem. Quando não aparece em campo ou é bem marcado pelo adversário, não conta com outras opções. Resta-lhe, portanto, disputar uma Copa Sul-Americana digna e, quem sabe, conquistar esse título que, afinal, dá uma relativa projeção internacional. No mais... não tem muito que sonhar. Já foi longe demais, pela qualidade do plantel.

RESPINGOS...

· Nelsinho Batista pegou um rabo de foguete daqueles! Vai ter que ser muito criativo e contar com muita sorte para livrar o Corinthians do rebaixamento. Quarta-feira, achou um empate contra o desmotivado Fluminense, que já está classificado para a Libertadores da América e que não tem nenhuma aspiração no Brasileirão, por 1 a 1.
· Foi uma judiação a derrota da Seleção Brasileira, por 2 a 0, para a Alemanha, nas finais do Campeonato Mundial Feminino, disputado na China. Até a melhor jogadora do mundo, Marta, estava num mau dia e perdeu um pênalti, quando o Brasil ainda perdia por 1 a 0 e tinha a chance de empatar. Fica para a próxima!
· O Atlético Mineiro, nas mãos de Emerson Leão, continua rondando a zona de rebaixamento. Mas obteve bom resultado, na quarta-feira, ao empatar com o Grêmio, em pleno Estádio Olímpico, por 2 a 2.
· O Palmeiras segue lutando, palmo-a-palmo, com o Santos, por uma vaga na Copa Libertadores da América do ano que vem. Quarta-feira, levou outro susto no Parque Antártica e quase perdeu para o bom time do Náutico, mas conseguiu reverter o resultado e ganhou, de virada, por 2 a 1.
· Wanderley Luxemburgo vem conseguindo verdadeiro milagre com o atual e limitado time do Santos. Nas duas últimas rodadas, obteve duas vitórias, no sufoco, ambas por 1 a 0, contra o Vasco e contra o Cruzeiro, jogando apenas o feijão com arroz. Mas está chegando!.

· E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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