Wednesday, October 24, 2007

REFLEXÃO DO DIA


Apego-me, ferrenhamente, por convicção e formação, a pessoas, jamais a coisas. Tenho noção do quanto o conceito de propriedade é nocivo para a convivência harmoniosa dos homens. Nada, efetivamente, me pertence. O que “tenho” só é meu enquanto eu estiver vivo. Ou seja, toda posse é transitória. Claro que não saio distribuindo, tolamente, por aí o que consigo com o fruto do meu trabalho. Mas quando perco, o que quer que seja, não me sinto frustrado ou derrotado. Esse sentimento, porém, é bem diferente quando ocorre a perda de um parente, um amor ou um amigo. Estes, sim, são meus patrimônios. Quando essa perda acontece, por desavenças, morte ou por outras circunstâncias, sinto morrer um pouco. Fico menor, mais pobre e mais mesquinho. E essa sensação sequer é exclusiva. Emily Dickinson, por exemplo, declara, num magnífico verso: “Todo meu patrimônio são meus amigos”. O meu também! Esta é a riqueza que busco preservar a todo custo.

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