A amizade ideal requer, além de mútua e espontânea estima, de fidelidade, constância e desprendimento, um tratamento recíproco de absoluto pé de igualdade. Por exemplo, se admiramos em demasia uma pessoa, achando que ela nos é muito superior (intelectual e/ou moralmente), mesmo que de fato seja, elegemos, na verdade, um ídolo, não necessariamente um amigo. O oposto também é verdadeiro. Ou seja, se queremos que o próximo nos trate com excessivo respeito ou, até, com veneração, sem a indispensável e espontânea familiaridade, desejamos, de fato, um admirador, um fã, não um amigo. O pressuposto básico da amizade, portanto, é a igualdade de sentimentos e de tratamento. Só assim ela nasce, se arraiga, se fortalece e se perpetua. Albert Camus tem um texto modelar a respeito: “Não caminhe na minha frente; eu não posso segui-lo. Não caminhe atrás de mim; eu não posso conduzi-lo. Apenas caminhe a meu lado e seja meu amigo”.
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