Pedro J. Bondaczuk
(Fotos: Arquivo, site oficial da Ponte Preta, Gaspar Nóbrega/VIPCOMM e Agência France Press)
AINDA NO PÁREO
A Ponte Preta voltou a surpreender a sua fiel e apaixonada torcida, desta vez positivamente, entrando, de novo, no páreo para a conquista do acesso para a elite do futebol brasileiro no ano que vem. Foi na sexta-feira, em Criciúma, quando derrotou a equipe local por 2 a 0, jogando uma partida primorosa. E a vitória veio em boa hora, num momento em que muitos já estavam “jogando a toalha” e achando que o time teria que se preocupar em não ser rebaixado, em vez de pensar no acesso. É a Macaca voltando às velhas tradições, de virar situações que aparentem, à primeira vista, serem impossíveis de reversão. Em Criciúma a Ponte Preta mostrou personalidade, garra e, sobretudo, inteligência. Ou seja, tudo o que a torcida cobra e sempre quer ver. Mesmo atuando boa parte do jogo com apenas dez jogadores, após a expulsão do zagueiro Zacarias, praticamente não deu nenhuma chance ao adversário. Jogou um futebol rápido, insinuante, de muita marcação e o resultado foi dos mais merecidos. A Macaca já não havia jogado mal contra a Portuguesa, no Majestoso, na derrota por 4 a 2, convenhamos. Perdeu, naquela oportunidade, para os seus próprios erros. Dominou o jogo todo, mas cometeu falhas incríveis na defesa e foi castigada por isso. Apesar de estar a seis pontos do quarto colocado (o Vitória, do Vadão), a Ponte tem amplas chances de chegar entre os quatro, já que o time baiano é sumamente irregular. Basta que não invente, que jogue o feijão com arroz, e que faça a lição de casa. E que, acima de tudo, repita o que fez em Criciúma. Difícil? Sem dúvida! Impossível? Essa palavra não existe para o pontepretano. Afinal, o que, até hoje, foi fácil para essa guerreira Ponte Preta?
FATOR SURPRESA
Os volantes da Ponte Preta, que nas últimas partidas (notadamente naquela contra a Portuguesa) vinham se constituindo num dos pontos falhos do time, se redimiram na sexta-feira, na vitória sobre o Criciúma, por 2 a 0. E foram além da redenção. Constituíram-se no fator “surpresa” no ataque, além de mostrarem firmeza na marcação. Tanto que os dois gols da Ponte foram de volantes: João Marcos, que voltou a jogar aquele futebol consciente que jogou no Campeonato Paulista e Pingo, que mostrou sua vocação de artilheiro, ao entrar nos minutos finais da partida, com o gás todo. Até Ricardo Conceição, que vinha comprometendo nos últimos jogos, cumpriu bem o seu papel. Limitou-se a marcar, única coisa que sabe fazer bem, e deu segurança à zaga. Tomara que não se trate, apenas, de uma exceção e que os volantes da Ponte Preta façam, daqui pra frente, corretamente, a ligação entre a defesa e o ataque, como fizeram em Criciúma. E que arrisquem mais chutes a gol, porém com qualidade e consciência, e não apenas para se livrarem da bola, como vinham fazendo até aqui.
NOVO MOTORZINHO
André, que já havia feito uma excelente partida na derrota da Ponte Preta para a Portuguesa por 4 a 2, repetiu a dose, em Criciúma, e se constituiu num dos jogadores mais lúcidos e produtivos em campo. Aos poucos, o atleta começa a se adaptar à nova posição e, se continuar nessa ascensão, não tardará em fazer a torcida se esquecer de Heverton, que abandonou o barco, atraído pelo dinheiro que o Corinthians lhe ofereceu. O garoto tem um toque de bola refinado, ampla visão de jogo e apresenta-se, a toda a hora, para os arremates a gol. É carente na marcação, mas essa é uma tarefa de que deve ser liberado. Afinal, o time tem um monte de volantes, aos quais deve caber essa função. Discreto, André não é desses jogadores que aparecem para a torcida, por eventuais jogadas de efeito. Joga para o time e mesmo quando atuava na ala, era utilíssimo. Muitos dos 17 gols de Alex Terra nasceram dos seus pés, de bolas cruzadas para a área com precisão. Prefiro ele atuando no meio de campo (e, repito, sem a função de marcar), lançando bolas precisas para seus companheiros e deixando-os na cara do gol. Em seus pés está muito do futuro da Ponte Preta neste campeonato. É um jogador que precisa ser prestigiado, para que adquira a necessária confiança nesse seu novo papel e deslanche de vez. André, queiram ou não, é um dos grandes destaques deste time jovem, que se desestabiliza com facilidade, mas que tem potencial para atingir seus objetivos.
DEFESA AINDA ASSUSTA
Há tempos que o calcanhar de Aquiles, o ponto vulnerável da Ponte Preta, vem sendo a sua defesa. Posso afirmar que há já pelo menos seis anos que isso acontece. Atribuo o fato não tanto à qualidade dos jogadores que atuam nesse setor, mas ao esquema excessivamente defensivo da equipe, que marca muito, todavia de forma errada. Começa a marcação, de fato, a partir das proximidades da nossa meia lua, o que é inconcebível para quem joga com três zagueiros (esquema que não consigo engolir) e três volantes. Seis jogadores com o papel de apenas destruir as jogadas do adversário, com somente um para criar, é muita coisa! E não funciona. Em todos os últimos campeonatos em que a Ponte Preta esteve envolvida, invariavelmente a sua defesa sempre esteve entre as mais vazadas. Será que ninguém ainda percebeu isso? É verdade que na vitória de sexta-feira, sobre o Criciúma, por 2 a 0, em boa parte da partida o time marcou no meio campo do adversário. Funcionou. Com isso, provocou erros e mais erros da zaga catarinense, dos quais surgiram várias chances de gol. Mas em determinados momentos, como que mostrando que já se trata de um vício, o time recuou excessivamente e atraiu o adversário para as proximidades da nossa área. Se Paulo Comelli conseguir mudar isso, já será um grande avanço. Porque, convenhamos, o segundo melhor ataque do campeonato, com 51 gols, não pode ser culpado por essa discreta colocação da Ponte na tabela, não é mesmo? É questão de lógica.
NA SOBRA FUNCIONA
Parece que o técnico Paulo Comelli acertou a posição do zagueiro Anderson. O jogador, que vinha comprometendo em vários jogos e era alvo da irritação da torcida (e com razão, convenhamos), jogou duas partidas impecáveis: contra a Portuguesa, no Majestoso, e contra o Criciúma, em Santa Catarina. Nas duas oportunidades, atuou na sobra de João Paulo e Zacarias, e cumpriu muito bem esse papel. Como é um zagueiro lento, não pode jamais sair no primeiro combate. Quando sai, é, invariavelmente, vencido na velocidade pelos atacantes adversários, em lances que, muitas vezes, redundam em gols. Essa tarefa deve caber a jogadores mais rápidos, como João Paulo e Zacarias que, aliás, teve duas péssimas atuações. Em Santa Catarina, além de falhar em inúmeros lances, sobrecarregando seus companheiros, confundiu raça com violência. Cometeu faltas violentas, e desnecessárias, e acabou expulso, por pouco pondo a perder uma jornada inspirada do resto do time. Depois desses dois jogos, Zacarias acumulou um débito enorme com a torcida, que vinha defendendo, com insistência, a sua escalação como titular. Outro que comprometeu, no jogo de Criciúma, foi o ala Júlio César. Deficiente na marcação, deixou um enorme corredor desguarnecido nas suas costas, por onde os avantes adversários criaram as jogadas mais perigosas contra o nosso gol. Nesse jogo, não marcou, não apoiou, não armou e não fez um só cruzamento preciso. Que fase horrível que o bom jogador, vindo do Bragantino, está atravessando!
O CRAQUE DOS RECORDES
O goleiro Rogério Ceni, do São Paulo, há já um bom tempo vem se especializando em quebrar recordes. Aos 34 anos, por exemplo, é o jogador da posição que mais gols fez em todo o mundo. Tanto que seu feito vai constar na próxima edição do Guiness Book e não creio que venha a ser superado por quem quer que seja. É um fenômeno, sem dúvida, desses que aparecem de quando em quando e se transformam em lendas quando param de jogar. Agora, Rogério Ceni acaba de concretizar outra façanha. É o primeiro jogador brasileiro que não joga no Exterior a ser indicado pela tradicional revista francesa “France Football” (a mesma que em 1959 apontou Pelé como “rei do futebol”), para concorrer à Bola de Ouro de 2007, ao lado de outros 39 jogadores que se destacaram na Europa. Dificilmente irá ganhar, claro. Mas só o fato de ser indicado já é uma façanha digna de comemoração. Aliás, comemorar feitos é o que mais o torcedor são-paulino vem fazendo de uns tempos para cá. Com a vitória, ontem, no Morumbi, sobre o Cruzeiro, por 1 a 0 (gol de Jorge Wagner), o tricolor paulista já é, virtualmente (embora não matematicamente) o campeão brasileiro da temporada. E com um time limitado tecnicamente, posto que guerreiro e sumamente competitivo.
O BRILHO DO CRAQUE
O garoto Robinho, que já havia se destacado na Copa América, ajudando a Seleção Brasileira a conquistar o título, sob o descrédito generalizado da crônica esportiva e de parcela considerável da torcida, inscreveu, na quarta-feira passada, definitivamente, o seu nome na relação dos maiores craques que já apareceram no país do futebol. O drible desconcertante que deu no zagueiro equatoriano, na goleada dos comandados de Dunga sobre o Equador por 5 a 0, foi dessas jogadas dignas de serem gravadas e repetidas vezes sem fim pelos canais de televisão. É verdade que não fez o gol, mas serviu seu companheiro Elano para que o fizesse. Não se tratou, pois, de mera firula, para o delírio do torcedor, mas de uma jogada objetiva, de refinada técnica e inigualável talento. E não poderia haver um palco melhor do que um Maracanã lotado, para protagonizar um lance de tamanha maestria (diria, magia). Não vi nenhum outro monstro sagrado brasileiro, como Pelé, Garrincha, Zico, Romário ou outro qualquer, fazer um lance como esse. Se Robinho, Ronaldinho Gaúcho e Kaká estiverem em forma e, sobretudo motivados, não vejo como o Brasil possa deixar de conquistar o hexa em 2010, na África do Sul. Sequer importa quem será o treinador, se Dunga ou se o Zé das Candongas.
RESPINGOS...
· Nelsinho Batista vai merecer uma estátua no Parque São Jorge caso consiga livrar este time medíocre do Corinthians do rebaixamento para a Série B. Domingo, contra o Náutico, a equipe deixou evidentes suas limitações técnicas, jogando na mais férrea retranca, verdadeiro ferrolho de dar inveja a Milton Buzzeto. Não adiantou. Tomou um gol no último minuto da partida, num pênalti estúpido, cometido por Ailton, e continua candidatíssimo à degola .
· O Palmeiras, quem diria, já é o segundo colocado do Campeonato Brasileiro, embora a 13 pontos do São Paulo. Goleou, no sábado, o praticamente já rebaixado Paraná, no Parque Antártica, por 3 a 0, com direito a olé.
· O Flamengo, de Joel Santana, enganou todo mundo. Muitos davam como certo o rebaixamento do rubro-negro carioca para a Série B. Todavia, depois da vitória, ontem, por 2 a 0, sobre o Grêmio, o time de maior torcida do País já está a apenas três pontos da zona de classificação para a Copa Libertadores da América.
· A vitória do Coritiba, sábado, no Couto Pereira, sobre o Santo André, por 2 a 1 (com um escandaloso favorecimento da arbitragem), praticamente garantiu ao Coxa seu retorno à Série A em 2008.
· O Bragantino, aos trancos e barrancos, vem chegando, na Série C. Com um time bastante modesto, tem tudo para conquistar o acesso à Série B do ano que vem. É o único paulista que resta nessa competição. Mas lidera o octogonal final, com amplas chances de ser, até mesmo, o campeão. Méritos do técnico Marcelo Veiga.
· E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.
pedrojbk@hotmail.com
(Fotos: Arquivo, site oficial da Ponte Preta, Gaspar Nóbrega/VIPCOMM e Agência France Press)
AINDA NO PÁREO
A Ponte Preta voltou a surpreender a sua fiel e apaixonada torcida, desta vez positivamente, entrando, de novo, no páreo para a conquista do acesso para a elite do futebol brasileiro no ano que vem. Foi na sexta-feira, em Criciúma, quando derrotou a equipe local por 2 a 0, jogando uma partida primorosa. E a vitória veio em boa hora, num momento em que muitos já estavam “jogando a toalha” e achando que o time teria que se preocupar em não ser rebaixado, em vez de pensar no acesso. É a Macaca voltando às velhas tradições, de virar situações que aparentem, à primeira vista, serem impossíveis de reversão. Em Criciúma a Ponte Preta mostrou personalidade, garra e, sobretudo, inteligência. Ou seja, tudo o que a torcida cobra e sempre quer ver. Mesmo atuando boa parte do jogo com apenas dez jogadores, após a expulsão do zagueiro Zacarias, praticamente não deu nenhuma chance ao adversário. Jogou um futebol rápido, insinuante, de muita marcação e o resultado foi dos mais merecidos. A Macaca já não havia jogado mal contra a Portuguesa, no Majestoso, na derrota por 4 a 2, convenhamos. Perdeu, naquela oportunidade, para os seus próprios erros. Dominou o jogo todo, mas cometeu falhas incríveis na defesa e foi castigada por isso. Apesar de estar a seis pontos do quarto colocado (o Vitória, do Vadão), a Ponte tem amplas chances de chegar entre os quatro, já que o time baiano é sumamente irregular. Basta que não invente, que jogue o feijão com arroz, e que faça a lição de casa. E que, acima de tudo, repita o que fez em Criciúma. Difícil? Sem dúvida! Impossível? Essa palavra não existe para o pontepretano. Afinal, o que, até hoje, foi fácil para essa guerreira Ponte Preta?
FATOR SURPRESA
Os volantes da Ponte Preta, que nas últimas partidas (notadamente naquela contra a Portuguesa) vinham se constituindo num dos pontos falhos do time, se redimiram na sexta-feira, na vitória sobre o Criciúma, por 2 a 0. E foram além da redenção. Constituíram-se no fator “surpresa” no ataque, além de mostrarem firmeza na marcação. Tanto que os dois gols da Ponte foram de volantes: João Marcos, que voltou a jogar aquele futebol consciente que jogou no Campeonato Paulista e Pingo, que mostrou sua vocação de artilheiro, ao entrar nos minutos finais da partida, com o gás todo. Até Ricardo Conceição, que vinha comprometendo nos últimos jogos, cumpriu bem o seu papel. Limitou-se a marcar, única coisa que sabe fazer bem, e deu segurança à zaga. Tomara que não se trate, apenas, de uma exceção e que os volantes da Ponte Preta façam, daqui pra frente, corretamente, a ligação entre a defesa e o ataque, como fizeram em Criciúma. E que arrisquem mais chutes a gol, porém com qualidade e consciência, e não apenas para se livrarem da bola, como vinham fazendo até aqui.
NOVO MOTORZINHO
André, que já havia feito uma excelente partida na derrota da Ponte Preta para a Portuguesa por 4 a 2, repetiu a dose, em Criciúma, e se constituiu num dos jogadores mais lúcidos e produtivos em campo. Aos poucos, o atleta começa a se adaptar à nova posição e, se continuar nessa ascensão, não tardará em fazer a torcida se esquecer de Heverton, que abandonou o barco, atraído pelo dinheiro que o Corinthians lhe ofereceu. O garoto tem um toque de bola refinado, ampla visão de jogo e apresenta-se, a toda a hora, para os arremates a gol. É carente na marcação, mas essa é uma tarefa de que deve ser liberado. Afinal, o time tem um monte de volantes, aos quais deve caber essa função. Discreto, André não é desses jogadores que aparecem para a torcida, por eventuais jogadas de efeito. Joga para o time e mesmo quando atuava na ala, era utilíssimo. Muitos dos 17 gols de Alex Terra nasceram dos seus pés, de bolas cruzadas para a área com precisão. Prefiro ele atuando no meio de campo (e, repito, sem a função de marcar), lançando bolas precisas para seus companheiros e deixando-os na cara do gol. Em seus pés está muito do futuro da Ponte Preta neste campeonato. É um jogador que precisa ser prestigiado, para que adquira a necessária confiança nesse seu novo papel e deslanche de vez. André, queiram ou não, é um dos grandes destaques deste time jovem, que se desestabiliza com facilidade, mas que tem potencial para atingir seus objetivos.
DEFESA AINDA ASSUSTA
Há tempos que o calcanhar de Aquiles, o ponto vulnerável da Ponte Preta, vem sendo a sua defesa. Posso afirmar que há já pelo menos seis anos que isso acontece. Atribuo o fato não tanto à qualidade dos jogadores que atuam nesse setor, mas ao esquema excessivamente defensivo da equipe, que marca muito, todavia de forma errada. Começa a marcação, de fato, a partir das proximidades da nossa meia lua, o que é inconcebível para quem joga com três zagueiros (esquema que não consigo engolir) e três volantes. Seis jogadores com o papel de apenas destruir as jogadas do adversário, com somente um para criar, é muita coisa! E não funciona. Em todos os últimos campeonatos em que a Ponte Preta esteve envolvida, invariavelmente a sua defesa sempre esteve entre as mais vazadas. Será que ninguém ainda percebeu isso? É verdade que na vitória de sexta-feira, sobre o Criciúma, por 2 a 0, em boa parte da partida o time marcou no meio campo do adversário. Funcionou. Com isso, provocou erros e mais erros da zaga catarinense, dos quais surgiram várias chances de gol. Mas em determinados momentos, como que mostrando que já se trata de um vício, o time recuou excessivamente e atraiu o adversário para as proximidades da nossa área. Se Paulo Comelli conseguir mudar isso, já será um grande avanço. Porque, convenhamos, o segundo melhor ataque do campeonato, com 51 gols, não pode ser culpado por essa discreta colocação da Ponte na tabela, não é mesmo? É questão de lógica.
NA SOBRA FUNCIONA
Parece que o técnico Paulo Comelli acertou a posição do zagueiro Anderson. O jogador, que vinha comprometendo em vários jogos e era alvo da irritação da torcida (e com razão, convenhamos), jogou duas partidas impecáveis: contra a Portuguesa, no Majestoso, e contra o Criciúma, em Santa Catarina. Nas duas oportunidades, atuou na sobra de João Paulo e Zacarias, e cumpriu muito bem esse papel. Como é um zagueiro lento, não pode jamais sair no primeiro combate. Quando sai, é, invariavelmente, vencido na velocidade pelos atacantes adversários, em lances que, muitas vezes, redundam em gols. Essa tarefa deve caber a jogadores mais rápidos, como João Paulo e Zacarias que, aliás, teve duas péssimas atuações. Em Santa Catarina, além de falhar em inúmeros lances, sobrecarregando seus companheiros, confundiu raça com violência. Cometeu faltas violentas, e desnecessárias, e acabou expulso, por pouco pondo a perder uma jornada inspirada do resto do time. Depois desses dois jogos, Zacarias acumulou um débito enorme com a torcida, que vinha defendendo, com insistência, a sua escalação como titular. Outro que comprometeu, no jogo de Criciúma, foi o ala Júlio César. Deficiente na marcação, deixou um enorme corredor desguarnecido nas suas costas, por onde os avantes adversários criaram as jogadas mais perigosas contra o nosso gol. Nesse jogo, não marcou, não apoiou, não armou e não fez um só cruzamento preciso. Que fase horrível que o bom jogador, vindo do Bragantino, está atravessando!
O CRAQUE DOS RECORDES
O goleiro Rogério Ceni, do São Paulo, há já um bom tempo vem se especializando em quebrar recordes. Aos 34 anos, por exemplo, é o jogador da posição que mais gols fez em todo o mundo. Tanto que seu feito vai constar na próxima edição do Guiness Book e não creio que venha a ser superado por quem quer que seja. É um fenômeno, sem dúvida, desses que aparecem de quando em quando e se transformam em lendas quando param de jogar. Agora, Rogério Ceni acaba de concretizar outra façanha. É o primeiro jogador brasileiro que não joga no Exterior a ser indicado pela tradicional revista francesa “France Football” (a mesma que em 1959 apontou Pelé como “rei do futebol”), para concorrer à Bola de Ouro de 2007, ao lado de outros 39 jogadores que se destacaram na Europa. Dificilmente irá ganhar, claro. Mas só o fato de ser indicado já é uma façanha digna de comemoração. Aliás, comemorar feitos é o que mais o torcedor são-paulino vem fazendo de uns tempos para cá. Com a vitória, ontem, no Morumbi, sobre o Cruzeiro, por 1 a 0 (gol de Jorge Wagner), o tricolor paulista já é, virtualmente (embora não matematicamente) o campeão brasileiro da temporada. E com um time limitado tecnicamente, posto que guerreiro e sumamente competitivo.
O BRILHO DO CRAQUE
O garoto Robinho, que já havia se destacado na Copa América, ajudando a Seleção Brasileira a conquistar o título, sob o descrédito generalizado da crônica esportiva e de parcela considerável da torcida, inscreveu, na quarta-feira passada, definitivamente, o seu nome na relação dos maiores craques que já apareceram no país do futebol. O drible desconcertante que deu no zagueiro equatoriano, na goleada dos comandados de Dunga sobre o Equador por 5 a 0, foi dessas jogadas dignas de serem gravadas e repetidas vezes sem fim pelos canais de televisão. É verdade que não fez o gol, mas serviu seu companheiro Elano para que o fizesse. Não se tratou, pois, de mera firula, para o delírio do torcedor, mas de uma jogada objetiva, de refinada técnica e inigualável talento. E não poderia haver um palco melhor do que um Maracanã lotado, para protagonizar um lance de tamanha maestria (diria, magia). Não vi nenhum outro monstro sagrado brasileiro, como Pelé, Garrincha, Zico, Romário ou outro qualquer, fazer um lance como esse. Se Robinho, Ronaldinho Gaúcho e Kaká estiverem em forma e, sobretudo motivados, não vejo como o Brasil possa deixar de conquistar o hexa em 2010, na África do Sul. Sequer importa quem será o treinador, se Dunga ou se o Zé das Candongas.
RESPINGOS...
· Nelsinho Batista vai merecer uma estátua no Parque São Jorge caso consiga livrar este time medíocre do Corinthians do rebaixamento para a Série B. Domingo, contra o Náutico, a equipe deixou evidentes suas limitações técnicas, jogando na mais férrea retranca, verdadeiro ferrolho de dar inveja a Milton Buzzeto. Não adiantou. Tomou um gol no último minuto da partida, num pênalti estúpido, cometido por Ailton, e continua candidatíssimo à degola .
· O Palmeiras, quem diria, já é o segundo colocado do Campeonato Brasileiro, embora a 13 pontos do São Paulo. Goleou, no sábado, o praticamente já rebaixado Paraná, no Parque Antártica, por 3 a 0, com direito a olé.
· O Flamengo, de Joel Santana, enganou todo mundo. Muitos davam como certo o rebaixamento do rubro-negro carioca para a Série B. Todavia, depois da vitória, ontem, por 2 a 0, sobre o Grêmio, o time de maior torcida do País já está a apenas três pontos da zona de classificação para a Copa Libertadores da América.
· A vitória do Coritiba, sábado, no Couto Pereira, sobre o Santo André, por 2 a 1 (com um escandaloso favorecimento da arbitragem), praticamente garantiu ao Coxa seu retorno à Série A em 2008.
· O Bragantino, aos trancos e barrancos, vem chegando, na Série C. Com um time bastante modesto, tem tudo para conquistar o acesso à Série B do ano que vem. É o único paulista que resta nessa competição. Mas lidera o octogonal final, com amplas chances de ser, até mesmo, o campeão. Méritos do técnico Marcelo Veiga.
· E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.
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