Saturday, March 24, 2012







Trilhas incertas

Pedro J. Bondaczuk

Trilha incerta, por entre a mata cerrada.
Cicatriz de terra vermelha, de calcita e de cascalho.

Maritacas ensaiam sinfonias vespertinas,
alucinógenas, dissonantes,
para os bugios e ximangos,
enquanto a lua espia, sorrateira,
pelos interstícios da galhada.

Caminho, lépido, mãos nos bolsos,
simulacro de tranqüilidade,
assoviando “Georgia on my mind”
para dissimular o medo (ou o tédio?)
e para entreter
mochos, fantasmas, boitatás.

Trilha incerta no tempo,
liga Campinas a Horizontina,
sobrepujando barreiras do espaço,
subvertendo a marcha do tempo,
transformando o menino inocente
num ancião ansioso
e vice-versa, versa-vice,
várias vezes,
vai e vem, vem e vai,
vezes sem conta,
surreal processo,
insustentável magia,
passeio livre no éter,
indo e vindo, vindo e indo,
caminhando, lépido, mãos nos bolsos,
simulacro de tranqüilidade,
assoviando “Georgia on my mind”
pra dissimular o medo (ou o tédio?)
e acalentar mochos e fantasmas

(Poema composto em Campinas, em 13 de julho de 2010).

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