Célebre pelo ódio despertado
Pedro J. Bondaczuk
A cidadezinha austríaca de Braunau-Sobre-o-Inn está em polvorosa com a proximidade do centenário daquela que foi, certamente, a sua maior personalidade (embora isso incomode sobremaneira seus 17 mil moradores) que vai ocorrer amanhã. Não que seus habitantes estejam orgulhosos do fato da localidade ter sido berço de um dos homens mais famosos, não apenas do mundo, mas de toda a história da humanidade, embora seu nome esteja registrado, nas páginas históricas, revestido de anátema, e nunca da glória com que tanto sonhou.
Referimo-nos ao cidadão Adolf Schicklgruber. O leitor pode achar que estejamos equivocados. Afinal, ele (e certamente outras pessoas) não conhece ninguém com esse nome complicado que ostentasse tamanha fama.
Todavia, se declinarmos o pseudônimo que essa personalidade adotou, não haverá um único cidadão, por mais desinformado que seja, que o desconheça: Hitler! Pois é, o homem que planejou uma sociedade racialmente diferenciada, onde os arianos seriam os senhores e todas as demais raças escravas, ou tributárias, completaria um século de vida, se não tivesse cometido suicídio em seu bunker em Berlim, em 30 de abril de 1945, quando as tropas do Exército Vermelho avançavam, como um rolo compressor, sobre a capital do falido III Reich, aquele que, no entender do seu mentor, deveria durar, no mínimo, um milênio, mas que para a felicidade geral sequer chegou a completar dez anos (subiu ao poder em 1935).
Muitas lendas surgiram, depois da Segunda Guerra Mundial, dando conta de que esse terrível ditador, com visíveis sintomas de paranóia (que ele conseguiu transmitir a todo um país, num dos fenômenos mais inexplicáveis da história, principalmente em se tratando de um povo tão racional, quanto o germânico) não teria morrido de maneira melancólica há 44 anos.
Nestas quase quatro décadas e meia, circularam boatos de toda a sorte, dando conta da sua presença nos lugares os mais diversos, vivendo sob outra personalidade e até mesmo com outra fisionomia. Disse-se que Hitler esteve no Paraguai, na Argentina, no Chile e inclusive que viveu no Brasil. Balelas, puras balelas.
Megalomaníaco, como era, a derrocada do seu sonho maluco não permitiria que ele continuasse vivo depois disso ter acontecido. Gente como ele não admite derrotas (e há muitas pessoas assim ainda por aí), mesmo que tenha agido o tempo todo de forma a obter esse resultado.
O fato é que as idéias que esse monstro pregou têm renascido, aqui e ali, com maior ou menor vigor, mas sem chance alguma de sucesso. O mundo, hoje, é muito mais complexo e não enseja o surgimento de pessoas desse tipo. Principalmente numa Alemanha que, embora ocupada por muitos anos, dividida em dois e arrasada pela guerra, ostenta, orgulhosamente, na atualidade, a segunda economia mais sólida do Planeta.
(Artigo publicado na página 12, Internacional, do Correio Popular, em 19 de abril de 1989).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
A cidadezinha austríaca de Braunau-Sobre-o-Inn está em polvorosa com a proximidade do centenário daquela que foi, certamente, a sua maior personalidade (embora isso incomode sobremaneira seus 17 mil moradores) que vai ocorrer amanhã. Não que seus habitantes estejam orgulhosos do fato da localidade ter sido berço de um dos homens mais famosos, não apenas do mundo, mas de toda a história da humanidade, embora seu nome esteja registrado, nas páginas históricas, revestido de anátema, e nunca da glória com que tanto sonhou.
Referimo-nos ao cidadão Adolf Schicklgruber. O leitor pode achar que estejamos equivocados. Afinal, ele (e certamente outras pessoas) não conhece ninguém com esse nome complicado que ostentasse tamanha fama.
Todavia, se declinarmos o pseudônimo que essa personalidade adotou, não haverá um único cidadão, por mais desinformado que seja, que o desconheça: Hitler! Pois é, o homem que planejou uma sociedade racialmente diferenciada, onde os arianos seriam os senhores e todas as demais raças escravas, ou tributárias, completaria um século de vida, se não tivesse cometido suicídio em seu bunker em Berlim, em 30 de abril de 1945, quando as tropas do Exército Vermelho avançavam, como um rolo compressor, sobre a capital do falido III Reich, aquele que, no entender do seu mentor, deveria durar, no mínimo, um milênio, mas que para a felicidade geral sequer chegou a completar dez anos (subiu ao poder em 1935).
Muitas lendas surgiram, depois da Segunda Guerra Mundial, dando conta de que esse terrível ditador, com visíveis sintomas de paranóia (que ele conseguiu transmitir a todo um país, num dos fenômenos mais inexplicáveis da história, principalmente em se tratando de um povo tão racional, quanto o germânico) não teria morrido de maneira melancólica há 44 anos.
Nestas quase quatro décadas e meia, circularam boatos de toda a sorte, dando conta da sua presença nos lugares os mais diversos, vivendo sob outra personalidade e até mesmo com outra fisionomia. Disse-se que Hitler esteve no Paraguai, na Argentina, no Chile e inclusive que viveu no Brasil. Balelas, puras balelas.
Megalomaníaco, como era, a derrocada do seu sonho maluco não permitiria que ele continuasse vivo depois disso ter acontecido. Gente como ele não admite derrotas (e há muitas pessoas assim ainda por aí), mesmo que tenha agido o tempo todo de forma a obter esse resultado.
O fato é que as idéias que esse monstro pregou têm renascido, aqui e ali, com maior ou menor vigor, mas sem chance alguma de sucesso. O mundo, hoje, é muito mais complexo e não enseja o surgimento de pessoas desse tipo. Principalmente numa Alemanha que, embora ocupada por muitos anos, dividida em dois e arrasada pela guerra, ostenta, orgulhosamente, na atualidade, a segunda economia mais sólida do Planeta.
(Artigo publicado na página 12, Internacional, do Correio Popular, em 19 de abril de 1989).
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