O “mágico” terno marrom
Pedro J. Bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
Abro um parêntese nessa série de textos reminiscentes acerca das quinze Copas do Mundo que pude acompanhar (a deste ano é a 16ª), para tratar de um assunto que na verdade tem estreita relação com esse tema, mas que trago à baila não só por se manifestar ao longo dos mundiais, mas porque ele se faz presente sempre que o assunto é futebol: superstições.
Nem sei se tenho alguma. Acredito que não. Não carrego, por exemplo, amuletos ou patuás, achando que vão dar sorte ao meu time ou à nossa Seleção. E ademais, nem sigo qualquer ritual, tipo me persignar ou me benzer ou coisas assim, antes de jogos.
É certo que gosto de assistir às partidas (ou de ouvi-las no rádio, na ausência de uma televisão) rigorosamente sozinho. Não sou insociável, não é isso. As observações alheias sobre o andamento dos jogos é que me irritam, mesmo que pertinentes. Imaginem quando não são. O pitoresco é que já fui comentarista de rádio. Ou seja, fiz o que não gosto de ouvir.
Nem sempre pude gozar de privacidade para acompanhar a Seleção Brasileira. É possível que a decisão de 1950 tenha deixado alguma impressão ruim no subconsciente que o consciente não se lembra. Mas não posso garantir que isso tenha ocorrido. Pode ser que essa parte “trancada” do meu cérebro atribua o insucesso do Brasil, no Maracanazzo, à algazarra que todos faziam na casa do Zé Gordo, onde ouvi aquela decisão na companhia de um montão de gente, enviando “fluidos negativos” aos nossos craques. Sabe-se lá...
Supersticioso, mesmo, parece que era o Dr. Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação brasileira nas Copas do Mundo da Suécia e do Chile. E, recorde-se, nas duas o Brasil foi campeão. Creio que a sua fé tinha efeitos altamente positivos sobre o ânimo dos jogadores. Era contagiante. Mas as conquistas foram exclusivamente dos nossos craques, conseqüências da sua habilidade, da sua ousadia e do seu talento, e não de qualquer eventual influência mágica ou sobrenatural.
O Dr. Paulo Machado de Carvalho, para quem não sabe ou não se lembra, era um bem-sucedido empresário do ramo de comunicações, proprietário, na ocasião, da rádio e televisão Record e da Rádio Panamericana (atual Jovem Pan). Era uma pessoa que aliava à inegável competência, extrema simpatia.
Conhecendo-o pessoalmente, era impossível não gostar dele e não ser seu amigo. Fui dos tantos que tiveram o privilégio e a honra de conhecê-lo e de me tornar seu irrestrito admirador. Pois bem, o Dr. Paulo tinha lá suas superstições como, aliás, dez entre dez brasileiros as têm também (embora muitos jurem por todas as juras que não). A que ficou mais ostensiva, e por isso mais marcante e comentada por muito tempo (até hoje, há quem fale disso), foi a que se referia ao seu traje.
Explico. O chefe da nossa delegação assistiu o jogo de estréia do Brasil, na Copa da Suécia, vestindo um elegante e bem cortado terno marrom. Como nossa Seleção sapecou um 3 a 0 nos austríacos, resolveu manter, nos jogos seguintes, tudo exatamente como nesse dia, para atrai9r bons fluidos.
Em todos os outros cinco compromissos brasileiros, o Dr. Paulo trajou a mesmíssima vestimenta. E fomos campeões. O tal terno marrom teve algo a ver com isso? Não sei! Afinal, como dizem os filósofos, há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia. Intimamente, porém, estou mais do que convicto que a vestimenta do ilustre empresário não teve nada, absoluta e rigorosamente nada a ver com a conquista nos gramados suecos. Ele, contudo, tinha certeza que sim.
Tanto que na Copa seguinte, a de 1962, essa afável (e saudosa) figura foi escolhida, de novo, para chefiar nossa delegação no Chile. E repetiu o mesmíssimo ritual. Ou seja, assistiu todos os seis jogos brasileiros vestindo o inseparável terno marrom. E era o mesmo de 1958, e não outro semelhante. E o que aconteceu? Todos estão carecas de saber: o Brasil foi bicampeão!
O quê? Se eu acredito em superstição?! Eu não! Estou fora! Afinal, isso dá um azar danado!! A propósito, o Dr. Paulo Machado de Carvalho foi justamente homenageado pela Prefeitura de São Paulo, que batizou o Estádio Municipal do Pacaembu com o seu nome. Cá pra nós, êta terninho marrom poderoso!!!!
Nem sei se tenho alguma. Acredito que não. Não carrego, por exemplo, amuletos ou patuás, achando que vão dar sorte ao meu time ou à nossa Seleção. E ademais, nem sigo qualquer ritual, tipo me persignar ou me benzer ou coisas assim, antes de jogos.
É certo que gosto de assistir às partidas (ou de ouvi-las no rádio, na ausência de uma televisão) rigorosamente sozinho. Não sou insociável, não é isso. As observações alheias sobre o andamento dos jogos é que me irritam, mesmo que pertinentes. Imaginem quando não são. O pitoresco é que já fui comentarista de rádio. Ou seja, fiz o que não gosto de ouvir.
Nem sempre pude gozar de privacidade para acompanhar a Seleção Brasileira. É possível que a decisão de 1950 tenha deixado alguma impressão ruim no subconsciente que o consciente não se lembra. Mas não posso garantir que isso tenha ocorrido. Pode ser que essa parte “trancada” do meu cérebro atribua o insucesso do Brasil, no Maracanazzo, à algazarra que todos faziam na casa do Zé Gordo, onde ouvi aquela decisão na companhia de um montão de gente, enviando “fluidos negativos” aos nossos craques. Sabe-se lá...
Supersticioso, mesmo, parece que era o Dr. Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação brasileira nas Copas do Mundo da Suécia e do Chile. E, recorde-se, nas duas o Brasil foi campeão. Creio que a sua fé tinha efeitos altamente positivos sobre o ânimo dos jogadores. Era contagiante. Mas as conquistas foram exclusivamente dos nossos craques, conseqüências da sua habilidade, da sua ousadia e do seu talento, e não de qualquer eventual influência mágica ou sobrenatural.
O Dr. Paulo Machado de Carvalho, para quem não sabe ou não se lembra, era um bem-sucedido empresário do ramo de comunicações, proprietário, na ocasião, da rádio e televisão Record e da Rádio Panamericana (atual Jovem Pan). Era uma pessoa que aliava à inegável competência, extrema simpatia.
Conhecendo-o pessoalmente, era impossível não gostar dele e não ser seu amigo. Fui dos tantos que tiveram o privilégio e a honra de conhecê-lo e de me tornar seu irrestrito admirador. Pois bem, o Dr. Paulo tinha lá suas superstições como, aliás, dez entre dez brasileiros as têm também (embora muitos jurem por todas as juras que não). A que ficou mais ostensiva, e por isso mais marcante e comentada por muito tempo (até hoje, há quem fale disso), foi a que se referia ao seu traje.
Explico. O chefe da nossa delegação assistiu o jogo de estréia do Brasil, na Copa da Suécia, vestindo um elegante e bem cortado terno marrom. Como nossa Seleção sapecou um 3 a 0 nos austríacos, resolveu manter, nos jogos seguintes, tudo exatamente como nesse dia, para atrai9r bons fluidos.
Em todos os outros cinco compromissos brasileiros, o Dr. Paulo trajou a mesmíssima vestimenta. E fomos campeões. O tal terno marrom teve algo a ver com isso? Não sei! Afinal, como dizem os filósofos, há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia. Intimamente, porém, estou mais do que convicto que a vestimenta do ilustre empresário não teve nada, absoluta e rigorosamente nada a ver com a conquista nos gramados suecos. Ele, contudo, tinha certeza que sim.
Tanto que na Copa seguinte, a de 1962, essa afável (e saudosa) figura foi escolhida, de novo, para chefiar nossa delegação no Chile. E repetiu o mesmíssimo ritual. Ou seja, assistiu todos os seis jogos brasileiros vestindo o inseparável terno marrom. E era o mesmo de 1958, e não outro semelhante. E o que aconteceu? Todos estão carecas de saber: o Brasil foi bicampeão!
O quê? Se eu acredito em superstição?! Eu não! Estou fora! Afinal, isso dá um azar danado!! A propósito, o Dr. Paulo Machado de Carvalho foi justamente homenageado pela Prefeitura de São Paulo, que batizou o Estádio Municipal do Pacaembu com o seu nome. Cá pra nós, êta terninho marrom poderoso!!!!
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