Estranheza e reverência
Pedro J. Bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
A imprensa brasileira, e em sua esmagadora maioria, não depositava a menor fé em nossa Seleção (uma das melhores de todos os tempos, por sinal) quando ela embarcou para a Suécia, para a disputa da sua sexta Copa do Mundo consecutiva.
Tenho insistido nesse aspecto, e de propósito, porque nenhum dos tantos relatos daquele Mundial sequer menciona esse comportamento injusto e até agressivo. O torcedor mais jovem, que sequer era nascido na época, tende a pensar que a nossa equipe saiu do País com apoio generalizado, coberta de confiança e esperança de todos. Pois ocorreu exatamente o contrário.
É verdade que não se pode generalizar (nunca se pode). Alguns locutores de rádio, como Fiori Giglioti e Geraldo José de Almeida, expressaram cauteloso otimismo. Nada, porém, que lembrasse, sequer remotamente, o escrachado “já ganhou” de 1950. E nem o ostensivo e escandaloso “já perdeu” daquele ano (e de alguns tantos outros).
Eu, que andava nas nuvens, naquela ocasião, por tudo o que de bom me acontecia, estava esperançoso no sucesso brasileiro. Quando você está amando, é difícil e raro que se mostre pessimista no que quer que seja, principalmente se é correspondido, como era meu caso.
A maior prova da minha confiança naquela Seleção foi o fato de “arriscar meu pescoço” para acompanhar os jogos da Copa. Pois, como já informei anteriormente, eu estudava, na ocasião, em um colégio interno de disciplina muito rígida, em que era proibido ter ou ouvir rádio. Para acompanhar o Brasil, precisava dar furtivas escapadas para o vilarejo próximo, mas sem ser notado e muito menos descoberto, para o que precisaria contar com dose cavalar de sorte.
Se meu ato de indisciplina fosse do conhecimento dos responsáveis pela manutenção da ordem na escola, com certeza eu seria expulso e poria a perder todo meu excelente desempenho escolar. E por que eu correria tamanho risco se não acreditasse no bom desempenho do Brasil?
Por falar em imprensa, não era somente a nossa que centrava seu foco em nossa Seleção. A da Suécia também fazia isso, posto que de forma e por razões diferentes dos jornais e emissoras de rádio e televisão brasileiros.
Os jornalistas suecos divertiam-se com os nomes e apelidos dos nossos jogadores, para eles bastante exóticos (como os deles, diga-se de passagem, eram para nós). Um dos repórteres escandinavos notou, por exemplo, uma coincidência que eu jamais teria notado. Aliás, ninguém da nossa imprensa notou.
Entre nomes e apelidos, os de oito dos nossos jogadores eram grafados com quatro letras: Dino, Zito, Didi, Joel, Vavá, Pelé, Dida e Pepe. Curioso, não é mesmo? Você chegou a notar isso? Duvido! Notou coisa nenhuma! E eu só notei depois que os suecos chamaram a atenção para essa coincidência.
Era uma Seleção, digamos, “minimalista”, mas somente nos nomes. No futebol, como veremos na sequência, era maiúscula, soberba, grandiosa e todos outros adjetivos de excelência que nos venham à cabeça. Raros, raríssimos, porém, confiavam ou acreditavam nesse grupo.
Os jornalistas suecos divertiam-se, ainda, com outros nomes que achavam estranhíssimos, por nunca terem ouvido ou lido iguais, como Gilmar, Oreco, Zózimo, Zagalo e, principalmente, Garrincha, que quase davam nó na língua quando tentavam pronunciar.
Não sabiam (e nem tinham como saber) que após 29 de junho (data da final da Copa e justamente contra a Suécia deles), eles seriam os primeiros (secundados por seu rei) a reverenciarem um dos grupos de jogadores mais talentosos, hábeis, geniais, autênticos mágicos da bola, de toda a história do futebol. Gosto muito de escrever sobre aquele Mundial!
Tenho insistido nesse aspecto, e de propósito, porque nenhum dos tantos relatos daquele Mundial sequer menciona esse comportamento injusto e até agressivo. O torcedor mais jovem, que sequer era nascido na época, tende a pensar que a nossa equipe saiu do País com apoio generalizado, coberta de confiança e esperança de todos. Pois ocorreu exatamente o contrário.
É verdade que não se pode generalizar (nunca se pode). Alguns locutores de rádio, como Fiori Giglioti e Geraldo José de Almeida, expressaram cauteloso otimismo. Nada, porém, que lembrasse, sequer remotamente, o escrachado “já ganhou” de 1950. E nem o ostensivo e escandaloso “já perdeu” daquele ano (e de alguns tantos outros).
Eu, que andava nas nuvens, naquela ocasião, por tudo o que de bom me acontecia, estava esperançoso no sucesso brasileiro. Quando você está amando, é difícil e raro que se mostre pessimista no que quer que seja, principalmente se é correspondido, como era meu caso.
A maior prova da minha confiança naquela Seleção foi o fato de “arriscar meu pescoço” para acompanhar os jogos da Copa. Pois, como já informei anteriormente, eu estudava, na ocasião, em um colégio interno de disciplina muito rígida, em que era proibido ter ou ouvir rádio. Para acompanhar o Brasil, precisava dar furtivas escapadas para o vilarejo próximo, mas sem ser notado e muito menos descoberto, para o que precisaria contar com dose cavalar de sorte.
Se meu ato de indisciplina fosse do conhecimento dos responsáveis pela manutenção da ordem na escola, com certeza eu seria expulso e poria a perder todo meu excelente desempenho escolar. E por que eu correria tamanho risco se não acreditasse no bom desempenho do Brasil?
Por falar em imprensa, não era somente a nossa que centrava seu foco em nossa Seleção. A da Suécia também fazia isso, posto que de forma e por razões diferentes dos jornais e emissoras de rádio e televisão brasileiros.
Os jornalistas suecos divertiam-se com os nomes e apelidos dos nossos jogadores, para eles bastante exóticos (como os deles, diga-se de passagem, eram para nós). Um dos repórteres escandinavos notou, por exemplo, uma coincidência que eu jamais teria notado. Aliás, ninguém da nossa imprensa notou.
Entre nomes e apelidos, os de oito dos nossos jogadores eram grafados com quatro letras: Dino, Zito, Didi, Joel, Vavá, Pelé, Dida e Pepe. Curioso, não é mesmo? Você chegou a notar isso? Duvido! Notou coisa nenhuma! E eu só notei depois que os suecos chamaram a atenção para essa coincidência.
Era uma Seleção, digamos, “minimalista”, mas somente nos nomes. No futebol, como veremos na sequência, era maiúscula, soberba, grandiosa e todos outros adjetivos de excelência que nos venham à cabeça. Raros, raríssimos, porém, confiavam ou acreditavam nesse grupo.
Os jornalistas suecos divertiam-se, ainda, com outros nomes que achavam estranhíssimos, por nunca terem ouvido ou lido iguais, como Gilmar, Oreco, Zózimo, Zagalo e, principalmente, Garrincha, que quase davam nó na língua quando tentavam pronunciar.
Não sabiam (e nem tinham como saber) que após 29 de junho (data da final da Copa e justamente contra a Suécia deles), eles seriam os primeiros (secundados por seu rei) a reverenciarem um dos grupos de jogadores mais talentosos, hábeis, geniais, autênticos mágicos da bola, de toda a história do futebol. Gosto muito de escrever sobre aquele Mundial!
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