Monday, July 23, 2007

TOQUE DE LETRA







Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Arquivo, site oficial da Ponte Preta e Daniel Marques do site do Brasiliense)

DESANDOU A MAIONESE

A Ponte Preta, que terminou bem o Campeonato Paulista e iniciou razoavelmente o Campeonato Brasileiro da Série B, começa a patinar na competição. Acumula uma série de maus resultados e, o que é mais preocupante, jogando mal, com um lampejo ou outro de bom futebol. A derrota, sexta-feira, para o Brasiliense, em Taguatinga, por 1 a 0, foi a gota d’água para esgotar a paciência da torcida. O que mais irritou foi a postura nitidamente defensiva da equipe, contra um adversário limitado, mesmo o jogo sendo na casa deste. Nunca vi, por exemplo, time algum ter sucesso numa partida sem meias armadores. E a Ponte não os teve na “Boca do Jacaré”. Com isso, os atacantes recebiam só bolas quadradas na frente, tipo chutão dos zagueiros e volantes, e foram facilmente anulados pela zaga do Brasiliense. Ademais, Wanderley, que vinha evoluindo de uns jogos para cá, e Roger, que há muito está devendo futebol, fizeram uma partida apática, ridícula, sem a mínima inspiração. E o castigo veio a cavalo. A Ponte tomou um gol já nos descontos e voltou para Campinas com mais um fracasso em sua deficiente campanha no Campeonato Brasileiro. Esperava-se uma evolução da equipe, tão logo os novos contratados se entrosassem com os companheiros e a Macaca ganhasse conjunto. Todavia, a maionese desandou. Em vez de entrosamento, o que se observa é um time afoito, desorganizado, sem padrão de jogo, com cada jogador querendo resolver as coisas sozinhos. Como futebol é um esporte coletivo...

VOLTA POR CIMA

Com duas vitórias sobre o time mais fraco da sua chave – uma na quarta-feira, em Juiz de Fora, por 1 a 0 e outra ontem, no Brinco de Ouro, por 3 a 1 – o Guarani reabilitou-se na competição, tirou praticamente todas as chances do Tupi de se classificar e agora depende apenas de si para passar à próxima fase. Claro que a fatura ainda não está liquidada. Ninguém ganha e nem perde de véspera. Mas o Bugre decide a vaga em casa, na última rodada, contra o apenas esforçado Jaguaré. Creio, porém, que, mesmo com a classificação, não é o momento para comemorações. O campeonato é bastante longo e este é somente o primeiro (e teoricamente mais fácil) passo. Que a torcida não se iluda achando que o Bugre é um timão. Não é. As duas vitórias consecutivas sobre o Tupi (importantes, sem dúvida) eram absolutamente previsíveis. Qualquer resultado, que não fosse esse, seria desastroso. O Guarani terá que jogar muito mais do que jogou nas finais da Série A-2 do Campeonato Paulista para retornar à Série B do Campeonato Brasileiro. Recorde-se que até o último jogo daquela competição o Bugre estava na corda-bamba, na dependência não só de suas forças, mas de uma vitória da Portuguesa sobre o Bandeirantes de Birigui, que acabou acontecendo. Que a coletividade bugrina não pense que esse tipo de situação vai sempre dar certo. O time precisa melhorar, e muito, se quiser aspirar uma coisa melhor do que a mera passagem para uma nova fase do campeonato.

QUE SE APOSTE NOS MENINOS

Gostaria de ver um trio de zaga da Ponte Preta formado por dois garotos e um veterano: Peterson (de quem dizem maravilhas), Alexandre Black (que sempre que entrou no time rendeu o suficiente para permanecer como titular) e Emerson, para dar toque de experiência a essa que é a última linha defensiva. Duvido, porém, que o treinador Nelsinho Baptista vá se arriscar a tanto. Uma pena! Pois, apesar de haver evoluído bastante, de uns dois jogos para cá, os zagueiros titulares pontepretanos continuam, invariavelmente, batendo cabeça, fazendo bobagens e entregando o ouro para o bandido. Contra o Criciúma, jogaram 87 minutos brilhantes. Todavia, fizeram besteira no finzinho do jogo e quase o time deixa escapar três pontos importantíssimos, que até então estavam sendo conquistados com maestria. Contra o Brasiliense, a coisa se repetiu. João Paulo, Emerson e Zacarias seguraram as investidas do time de Brasília até os 46 minutos do segundo tempo. Mas de que adiantou se, num único lance, fizeram lambança, e permitiram que Adrianinho fizesse um gol que nunca fez quando vestia a camisa da Ponte Preta? Um vacilo custou um precioso ponto, que estava quase ganho, por irrisórios dois minutos (o árbitro havia dado três de acréscimo). É muito para o torcedor engolir!

CAMPINAS CONTINUA O MESMO

O Campinas não se emenda mesmo. Depois de iniciar a segunda fase do Campeonato Paulista da Série B a todo o vapor, vencendo o Tupã, na casa do adversário, tropeçou, ontem, no Cerecamp (o antigo Estádio do Mogiana), diante do Força Sindical, de Caieiras, para quem perdeu por 1 a 0. O Águia vem deixando, há três ou quatro anos consecutivos, escapar a chance de liquidar a fatura e ascender à Série A-3, invariavelmente, em seus domínios. Não dá para entender o que acontece, se é excesso de confiança, ou nervosismo, ou casualidade, ou seja o que for. Tudo bem que esses fatores influenciem negativamente uma vez ou duas. Mas tantas?! Já era mais do que tempo da direção do Campinas ter resolvido esse problema, para que ele nunca mais se repetisse. O Cerecamp, na verdade, deveria ser um “alçapão”, em que os adversários fossem todos, e invariavelmente, batidos. Em vez disso... atua como um campo de “areia movediça”, onde o Águia afunda e não consegue sair. Que coisa!

NOVÍSSIMA GERAÇÃO TREME E DECEPCIONA

Bastou elogiar a Seleção Brasileira Sub-17, que representava o nosso futebol nos XV Jogos Pan-Americanos, que se disputam no Rio de Janeiro, para que essa fracassasse, de maneira surpreendente e vexatória, e fosse goleada pelo Equador, que, convenhamos, nunca foi uma potência futebolística em nenhuma das categorias. Os garotos perderam, e com direito a vaias de um Maracanã lotado. Bem que mereceram! A CBF terá que rever, urgente, seus conceitos em relação às categorias de base, sob pena de desperdiçar o talento de toda uma geração. A exemplo da Seleção Sub-20, faltou comando a esses garotos, jogados, sem maiores considerações, às feras. A equipe se mostrou desentrosada, mal-treinada, sem estratégia e sem o mínimo padrão de jogo. Eram onze garotos correndo atrás da bola, com cada um tentando decidir a partida por conta própria. E esse tipo de comportamento não dá certo nem em peladas, quanto mais numa competição oficial, como os Jogos Pan-Americanos. A Seleção Sub-17 repetiu os mesmíssimos erros da Sub-20. Enquanto essa dependia dos lampejos de Alexandre Pato, aquela esteve na dependência do talento de Lulinha. Claro que nenhum dos dois jogadores decepcionou. Aliás, ambos foram os únicos que se salvaram em seus respectivos grupos. Mas, como até o mais burro dos burros sabe, “uma única andorinha não faz verão”.

IGUAIS NA INCOMPETÊNCIA

É claro que o “se” não conta, nem na vida e nem no futebol. Todavia, caso o Campeonato Brasileiro da Série A terminasse hoje, as duas maiores torcidas do País amargariam um melancólico rebaixamento dos seus respectivos times. O Flamengo, pelo menos, tem uma desculpa. Por incompetência dos que elaboraram a tabela da competição, tem três jogos a menos do que os demais competidores. O mesmo, todavia, não acontece com o Corinthians, mergulhado em profunda crise administrativa fora de campo e contundente ataque de mediocridade dentro dele. O alvinegro paulistano foi humilhado, ontem, diante da sua torcida, em pleno Morumbi, ao ser goleado pelo lanterna do Campeonato, o fraquíssimo Náutico, por 3 a 0. Perdeu e não ofereceu resistência. E que não se culpe o técnico Paulo César Carpeggiani, que até aqui tirou leite de pedra. O plantel é fraquíssimo e não tem condições de fazer campanha sequer razoável até numa Série C. O Flamengo, pelo menos, está se reforçando, para tentar o que já virou rotina de uns cinco anos para cá. Ou seja, uma heróica recuperação no segundo turno. E o Corinthians? Com esse timinho, dificilmente ganhará de alguém.

RESPINGOS...

· O Botafogo, com um montão de desfalques e jogando uma série de oito partidas fora de casa, vem se sustentando, heroicamente, na liderança. Ontem, empatou, no Recife, com o bom time do Sport (agora comandado por Geninho) por 3 a 3. Imagine como será no segundo turno, quando receber todos esses adversários no Rio! O time treinado por Cuca é candidatíssimo ao título deste ano.
· Quem tem Wanderley Luxemburgo no banco é sempre candidato aos títulos que disputa, mesmo que comece muito mal a competição. Com a vitória, ontem, sobre o Figueirense, por 2 a 1, o Santos saltou, num piscar de olhos, da zona do rebaixamento, para as proximidades dos que se classificam para a Copa Libertadores da América. Olho nele.
· O Palmeiras, nas mãos de Caio Junior, faz o que pode. É verdade que perdeu, ontem, para o Paraná, em Curitiba, por 1 a 0, mas vendeu muito caro a derrota. Tivesse um plantel um pouquinho melhor, e daria samba.
· O São Paulo é um dos raros times que conseguem bons resultados sem que tenha ataque. A defesa, comandada por Rogério Ceni, decide tudo. Além de ser a menos vazada do Campeonato, seus zagueiros e seu genial goleiro fazem os gols que garantem as magérrimas vitórias do tricolor. São magras, mas, com elas, o time é vice-líder da competição.
· Não deu outra. O Atlético Mineiro demitiu o treinador Zetti, após a goleada que levou do Vasco, em São Januário, por 4 a 0. O galo é seriíssimo candidato ao rebaixamento. É outro time de massas que judia sem piedade da sua fanática torcida.

· E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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