Pedro J. Bondaczuk
A cada nova pesquisa sobre o atual quadro social brasileiro, fica mais e mais nítido o retrato de um país que ainda não encontrou seu verdadeiro caminho. Emergem, delas, ilhas de progresso e prosperidade, cercadas de imensos continentes de carências e de miséria. Campinas, que neste 14 de julho completa 233 anos de fundação, é um exemplo característico desse profundo abismo que separa ricos e pobres.
Esta metrópole – tão progressista em vários aspectos e tão problemática no que se refere ao quadro social – é uma obra coletiva, que ainda está em andamento. O que tem de bom pode ser melhorado e aproximado da perfeição. E as coisas ruins, terão que ser mudadas. Aliás, nem se pode falar de uma única Campinas. Há várias, plantadas na mesma área, que ora se chocam, ora se entrelaçam, mas que se confundem e dão a impressão aos desavisados de serem uma só. Mas não são.
Há a cidade da cultura. A das universidades consideradas padrões de excelência, com renome nacional e internacional. A das academias de letras, de artes, de esportes. A das escolas técnicas e dos institutos de pesquisa. A do pólo de alta tecnologia, contribuindo para o desenvolvimento e a modernização do País. A dos hospitais com reputação em toda a América Latina. A da orquestra sinfônica. A da Ponte Preta e do Guarani...
Há a cidade da economia, "capital" de uma das regiões mais ricas e desenvolvidas do Estado de São Paulo e do Brasil. A da indústria de ponta, exportadora por excelência, geradora de divisas para financiar o desenvolvimento nacional. Esta é a Campinas da qual nos orgulhamos.
Mas há outras “cidades” dentro da metrópole, que precisam ser mudadas, e que não podem ser ignoradas. Como a dos meninos de rua, cheirando cola nas praças e avenidas em plena luz do dia, assaltando, esmolando e roubando, sem perspectivas de futuro, trilhando os caminhos (muitas vezes sem volta) da marginalidade. Como a dos mendigos, desassistidos, doentes, frágeis, na dependência da boa vontade alheia para sobreviver. Como a da criminalidade, do tráfico de drogas, da exploração da prostituição, do alcoolismo e da violência cega e assustadora. Como a dos desempregados que sobrevivem de "bicos". Como a dos sem-teto ou a dos favelados. Há a Campinas com falta de vagas nos hospitais e nas escolas. A das invasões que se multiplicam. A do inchaço de sua periferia, que se expande, de forma assustadora, nos seus quatro quadrantes.
Os habitantes destes "guetos" também integram esta sociedade da qual, aliás, são maioria. Seus problemas são os de todos nós. O que se fez, até aqui, no campo social, convenhamos, é muito pouco diante das dimensões da miséria. Nesta tarefa gigantesca e modelar, de busca de justiça social, as autoridades não devem, e nem podem, lutar sozinhas. É um esforço que tem que envolver todos nós, numa corrente de solidariedade e de civismo, para que, quando a cidade completar o 300º aniversário, em 14 de julho de 2074, os campineiros possam olhar para trás e sentir o mesmo orgulho que sentimos hoje da nossa cidade. Diante do quadro atual, porém, não há como não exclamar, com pasmo e decepção: “pobre cidade rica!”. É por isso que Campinas não pode parar!!!
A cada nova pesquisa sobre o atual quadro social brasileiro, fica mais e mais nítido o retrato de um país que ainda não encontrou seu verdadeiro caminho. Emergem, delas, ilhas de progresso e prosperidade, cercadas de imensos continentes de carências e de miséria. Campinas, que neste 14 de julho completa 233 anos de fundação, é um exemplo característico desse profundo abismo que separa ricos e pobres.
Esta metrópole – tão progressista em vários aspectos e tão problemática no que se refere ao quadro social – é uma obra coletiva, que ainda está em andamento. O que tem de bom pode ser melhorado e aproximado da perfeição. E as coisas ruins, terão que ser mudadas. Aliás, nem se pode falar de uma única Campinas. Há várias, plantadas na mesma área, que ora se chocam, ora se entrelaçam, mas que se confundem e dão a impressão aos desavisados de serem uma só. Mas não são.
Há a cidade da cultura. A das universidades consideradas padrões de excelência, com renome nacional e internacional. A das academias de letras, de artes, de esportes. A das escolas técnicas e dos institutos de pesquisa. A do pólo de alta tecnologia, contribuindo para o desenvolvimento e a modernização do País. A dos hospitais com reputação em toda a América Latina. A da orquestra sinfônica. A da Ponte Preta e do Guarani...
Há a cidade da economia, "capital" de uma das regiões mais ricas e desenvolvidas do Estado de São Paulo e do Brasil. A da indústria de ponta, exportadora por excelência, geradora de divisas para financiar o desenvolvimento nacional. Esta é a Campinas da qual nos orgulhamos.
Mas há outras “cidades” dentro da metrópole, que precisam ser mudadas, e que não podem ser ignoradas. Como a dos meninos de rua, cheirando cola nas praças e avenidas em plena luz do dia, assaltando, esmolando e roubando, sem perspectivas de futuro, trilhando os caminhos (muitas vezes sem volta) da marginalidade. Como a dos mendigos, desassistidos, doentes, frágeis, na dependência da boa vontade alheia para sobreviver. Como a da criminalidade, do tráfico de drogas, da exploração da prostituição, do alcoolismo e da violência cega e assustadora. Como a dos desempregados que sobrevivem de "bicos". Como a dos sem-teto ou a dos favelados. Há a Campinas com falta de vagas nos hospitais e nas escolas. A das invasões que se multiplicam. A do inchaço de sua periferia, que se expande, de forma assustadora, nos seus quatro quadrantes.
Os habitantes destes "guetos" também integram esta sociedade da qual, aliás, são maioria. Seus problemas são os de todos nós. O que se fez, até aqui, no campo social, convenhamos, é muito pouco diante das dimensões da miséria. Nesta tarefa gigantesca e modelar, de busca de justiça social, as autoridades não devem, e nem podem, lutar sozinhas. É um esforço que tem que envolver todos nós, numa corrente de solidariedade e de civismo, para que, quando a cidade completar o 300º aniversário, em 14 de julho de 2074, os campineiros possam olhar para trás e sentir o mesmo orgulho que sentimos hoje da nossa cidade. Diante do quadro atual, porém, não há como não exclamar, com pasmo e decepção: “pobre cidade rica!”. É por isso que Campinas não pode parar!!!
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