Friday, July 13, 2007

TOQUE DE LETRA







Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Arquivo, Site da FIFA e AFP)

A DEFESA FALHOU: SEMPRE ELA!

Mais uma vez, a Ponte Preta sofreu uma derrota por obra e culpa da sua fraca defesa. Foi na terça-feira, no Canindé, quando perdeu, de virada, para a Portuguesa, por 3 a 2. O time começou o jogo de forma arrasadora. Fez seu gol logo aos 5 minutos e parecia que iria “estraçalhar” o adversário. Parecia...Só que a defesa, de novo, não deixou. É inconcebível levar, por exemplo, um gol, como o primeiro da Lusa, feito por Clayton. Ou seja, da entrada da pequena área, sem ser incomodado por ninguém. Os outros dois também foram frutos da ineficiência de Anderson e Emerson. E assim, não há time que resista! A torcida está irritadíssima com a dupla de zagueiros e, principalmente com quem a escala, o técnico Nelsinho Baptista. Já ficou provado que os dois não podem jogar juntos. São muito lentos e abrem uma “avenida” em nossa defesa, onde os adversários têm deitado e rolado, sem a menor cerimônia. É verdade que a colocação da equipe em campo continua errada, repetindo as quatro ou cinco temporadas anteriores. A Ponte, invariavelmente, recua, seja qual for o resultado, em casa ou fora dela, iniciando a marcação sempre do meio de campo para trás, tentando jogar no contra-ataque. Para essa estratégia dar certo, porém, precisaria ter uma saída de bola rápida, o que não tem. O que manda a lógica nesses casos? Simples. Que se marque a partir da defesa adversária (como faz, muito bem, a Seleção Argentina) tentando provocar um erro dos defensores do outro time. O tipo de marcação que a Ponte faz atrai quem quer que seja para cima dela. E, como nossa zaga é extremamente lenta... chega sempre um momento em que sucumbe. E toma gols e mais gols, para o desespero da torcida. Será que ninguém consegue enxergar o óbvio? Parece que não, pois Abel Braga, Vadão, Marco Aurélio, Nenê Santana e Wanderley Paiva, por exemplo, não conseguiram corrigir essa falha. E Nelsinho também não conseguiu.

JOGO DE VIDA OU MORTE

O Guarani começa o Campeonato Brasileiro da Série C da mesma forma que encerrou o Paulista da Série A-2: no sufoco. Tem que vencer ou vencer o América do Rio de Janeiro, amanhã, no Brinco de Ouro, sob pena de cair no desespero na seqüência da competição. “Ah, mas o adversário é um catadão de veteranos e não assusta ninguém”, dirá o torcedor bugrino mais otimista. Não deixa de ser verdade. Mas para que o Bugre aproveite essa fragilidade e passe por cima do time carioca é preciso que jogue bola, o que não fez na estréia. O ataque tem que aparecer para jogar, ao contrário do que ocorreu em Jaguaré, quando não incomodou ninguém. A Série C requer, dos participantes, muito mais disposição e garra do que, propriamente, técnica. Claro que o ideal é aliar ambas as características. Mas o que prevalece, nesse tipo de competição, é a entrega de cada jogador, o entusiasmo, a raça e o comprometimento com a vitória. O Guarani não pode, amanhã, sequer empatar, sob pena de desperdiçar a chance de se classificar para a segunda fase ou buscá-la no absoluto sufoco. Só tem, pois, uma alternativa nesse confronto: vencer ou vencer.

TORCIDA DÁ EXEMPLO DE COMPROMETIMENTO

A torcida da Ponte Preta deu, ontem, no hotel em que o time está concentrado, um magnífico exemplo de comprometimento com a equipe. Realizou manifestação absolutamente pacífica, porém enérgica, para exigir do plantel a total entrega e, sobretudo, respeito de quem veste sua centenária camisa. Tecnicamente, este é o melhor grupo que o clube formou nos últimos anos. Só que, em campo, as coisas não estão funcionando. Vários jogadores estão devendo futebol, apresentando-se muito aquém do seu potencial. Sequer é preciso individualizar quais são esses devedores. Os atletas sabem que seu rendimento está muito abaixo das expectativas, provavelmente até a deles mesmos. A torcida pontepretana é apaixonada, fiel, e sobretudo justa. Sabe reconhecer o esforço dos atletas (daqueles que se esforçam, clao), mesmo nas derrotas. Mas não admite (no que faz muito bem) corpo mole de ninguém. Cobra, e cobra muito de quem representa esse que é o clube de futebol mais velho do País em campo. O próprio presidente, Sérgio Carnielli, deu apoio tácito à manifestação dos torcedores, além de uma dura na equipe, antes do último treinamento com vistas ao jogo de hoje. Decidiu multar em 10% os jogadores que, daqui para a frente, forem expulsos e começou dando o exemplo, punindo Roger pela mais nova bobagem que cometeu: a expulsão no Canindé, quando não estava sequer jogando, mas no banco de reservas.

DIVISOR DE ÁGUAS

O jogo de hoje, da Ponte Preta, no Moisés Lucarelli, pode e dever ser um divisor de águas do time neste Campeonato Brasileiro da Série B.. Se vencer o Criciúma, vai encher-se de moral para a seqüência da competição e empreender uma recuperação que a torcida já espera há quatro rodadas. Se perder, todavia, (toc-toc, sai pra lá, azar!), a situação tende a se complicar. O adversário, nem é preciso destacar, é dos mais qualificados. Não é por acaso que detém a liderança do Campeonato, sete pontos à frente do segundo colocado e onze da Ponte Preta. Mas, convenhamos, não é nenhum bicho-papão. Embora tenha, como principal característica, o conjunto, não foi, sequer, campeão do seu Estado, Santa Catarina, cujo título foi conquistado pela Chapecoense. A torcida, certamente, vai apoiar a equipe (como sempre fez e sempre fará) do primeiro ao último minuto. Mas estejam certos que não vai admitir trapalhadas, de quem quer que seja, e muito menos corpo mole. Que todos juntos, unidos num só pensamento positivo, partamos para a vitória. A Ponte Preta tem plenas condições de se recuperar e até de brigar pelo título. Contudo, tem que começar a jogar bola, urgente, hoje e a conquistar os pontos que nas rodadas anteriores deixou escapar por entre os dedos.

VEXAME DOS MENINOS FOI TOTAL

A Seleção Brasileira Sub-20, que se classificou como a quarta melhor colocada na primeira fase do Campeonato Mundial que se disputa no Canadá, deu vexame absoluto no início das quartas-de-finais, a etapa dos mata-matas. Foi eliminada, de forma melancólica e inconcebível para um futebol que detém cinco títulos mundiais (e quatro da categoria), ao ser goleada pela Espanha, por 4 a 2, na prorrogação. Essa foi a pior campanha de uma seleção brasileira sub-20 desde que a competição foi criada. Os meninos brasileiros até que começaram o jogo bem, dando a entender que iriam se impor diante do adversário, embora este houvesse criado, até então, as melhores oportunidades. Fizeram dois gols em seqüência. Estranhamente, porém, o time recuou, atraindo, por conseqüência, os espanhóis. E estes não se fizeram de rogados. Marcaram um gol (de mão, num erro clamoroso do péssimo árbitro sueco), ainda no primeiro tempo e continuaram “no pescoço” dos brasileiros. Quando faltavam poucos minutinhos para acabar o tempo normal, empataram o jogo, numa falta cobrada antes do apito do juiz, quando o Brasil ainda armava a barreira, levando a partida para a prorrogação. E nesta, o que se viu, foi uma Seleção Brasileira apática, covarde, desorganizada e ridícula, com cada jogador querendo decidir sozinho, oferecendo o contra-ataque à Espanha, que fez dois gols e perdeu, pelo menos, outros quatro. A CBF, portanto, terá que repensar por completo sua “estratégia” em relação às categorias de base.

BRASIL CHEGA, AOS TRANCOS E BARRANCOS

A história se repete, quatro anos depois, faltando, apenas, o capítulo final. Refiro-me à performance da Seleção Brasileira titular que, a exemplo da Copa América anterior, quando, com uma equipe que não era a principal, começou perdendo o primeiro jogo, mas conseguiu chegar à final, vencendo a favorita Argentina de forma dramática e inédita, tenta repetir a mesma façanha. Mudaram o cenário (agora é a Venezuela) e os personagens. Mas os protagonistas são os mesmos. Até a maneira de se classificar foi igual. Ou seja, um empate contra o Uruguai no tempo normal e a vitória na cobrança de pênaltis. Talvez a diferença, agora, seja uma Seleção Argentina muito mais forte do que há quatro anos (pelo menos no papel) e uma Seleção Brasileira tecnicamente bem mais fraca. Todavia, neste que é um dos maiores clássicos do mundo, se não o maior, todo o favoritismo deste ou daquele se esboroa quando a bola rola. Da minha parte, por puríssima intuição (que, claro, não é infalível) aposto no Brasil, para levantar mais um caneco. Contudo, considerarei qualquer resultado normal, seja qual for o vencedor e placar. Se Robinho estiver numa jornada inspirada e a defesa não entregar o ouro, Dunga conseguirá seu primeiro título no comando da Seleção. Em caso contrário... Não quero nem pensar!

RESPINGOS...

· O Corinthians deixa de ser um caso esportivo para se tornar caso de polícia. O Ministério Público acaba de pedir a prisão do comando da parceira do clube, a MSI, ou seja, o seu verdadeiro dono, o russo Boris Berezovski, o “laranja” dela, Kia Joorabchian e o diretor financeiro da entidade, Nojan Badroud, além do presidente corintiano, Alberto Dualib. Que coisa!
· Outra encrenca para o Corinthians. O clube perdeu a causa, no Conselho Arbitral da Fifa, referente ao passe do atacante Nilmar e terá que pagar 8 milhões de euros (cerca de R$ 21 milhões) ao Lyon, da França, legítimo dono dos direitos federativos do atleta. Mas, pagar como, se o Corinthians está virtualmente falido?!
· O Figueirense surpreendeu, ontem, o Paraná, em Curitiba, venceu por 2 a 1 e saltou para o topo da tabela do Campeonato Brasileiro.
· Valdívia, um dos jogadores chilenos punidos pela federação desse país com vinte jogos fora da sua seleção, por causa de arruaças promovidas pelos atletas no hotel em que estavam hospedados, na Venezuela, se defendeu das acusações. Negou que as coisas tenham acontecido como foram divulgadas. E garantiu que não quer mais ser convocado para a seleção do Chile. A moda parece estar pegando.
· Aumentam as expectativas para o clássico deste sábado, no Morumbi, entre São Paulo e Corinthians. Quem perder, estará num mato sem cachorro.

· E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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