Os partidários da infelicidade, seus cultores fanáticos, quando criticados, defendem-se, murmurando, mal-humorados, entredentes: “Você por acaso é alienado? Como ser feliz diante da miséria ostensiva, de crianças abandonadas nas ruas e sendo mortas como bichos; da violência tomando conta das cidades, ameaçando nossos lares; da corrupção; do cinismo; da prepotência dos políticos e das injustiças?”. Todavia, o que há de novo em tudo isso? Para resolver, ou contribuir, ou participar da solução desses problemas há alguma regra que nos obrigue a descrer dos semelhantes, a cultuar o desencanto, a fazer a apologia da infelicidade? Ao adotarmos uma postura tão amarga, não estaríamos dando, não importa em que intensidade, nossa contribuição para que o mundo seja, de fato, um inferno na Terra, um lugar insuportável de se viver? Afinal, o negativismo (tanto quanto o ódio e o medo) é altamente contagioso.
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