Wednesday, July 11, 2007

Fundamentos da civilização


Pedro J. Bondaczuk


O homem contemporâneo, a despeito do magnífico avanço tecnológico que lhe permite interferir na própria natureza e deter em suas mãos até mesmo o poder de destruir em minutos o Planeta, não é o gigante que pensa ser. É, na verdade, um anão. Apresenta as dimensões gigantescas que aparenta por estar de pé nos ombros dos gênios do passado que o antecederam e que, partindo do nada, elaboraram todas as artes, a ciência e o raciocínio.

Mas isto somente foi possível graças ao trabalho, em geral anônimo, de uma categoria sofrida, injustiçada, mas que sem ela o conhecimento adquirido simplesmente se perderia no esquecimento: a dos professores.

Quem conseguiria ser, por exemplo, um pesquisador espacial, que sonda os mistérios de estrelas tão distantes da Terra que, quando sua luz chega até nós, elas já estão extintas há milhões, quiçá bilhões de anos, se não tivesse tido uma humilde professorinha que lhe ensinasse desde as primeiras letras?

Quem poderia chegar a realizar maravilhosos transplantes de órgãos, alterar genes de uma célula para corrigir defeitos congênitos, ou mapear o próprio segredo da vida humana, se não contasse com um mestre que lhe desse as noções elementares da linguagem, do cálculo e das ciências? E vai por aí afora.

Não houvesse professores, e os primeiros homens civilizados que deixaram as cavernas para erigir cidades, Estados e nações, não conseguiriam perpetuar suas conquistas. Após sua morte, o dito Homo Sapiens retroagiria ao domo primitivo e voltaria a ser simples fera.

Os grandes líderes religiosos, que nos legaram princípios basilares de vida, que impediram que o único animal inteligente da natureza se destruísse por não saber controlar os impulsos de suas paixões, como Jesus Cristo, Buda, Confúcio, Maomé e tantos outros, foram, sobretudo, mestres. Ou seja, professores.

Pode parecer exagero à primeira vista, mas se refletirmos bem, e com sinceridade, concluiremos que esses seres abnegados, que fazem da arte de ensinar um sacerdócio, são os autênticos esteios da civilização. O escritor Elias Canetti afirmou que "a humanidade só está indefesa quando não mais possui experiência nem memória".

E quem é mais indicado para preservar ambas, as transmitindo para gerações futuras, do que os que ensinam? Daí ser incompreensível, principalmente em nosso País, o tratamento dispensado aos únicos que o podem redimir dos fracassos do passado e fazer com que o Brasil tenha o futuro que sonhamos para ele: os professores.

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