Monday, July 16, 2007

TOQUE DE LETRA











Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Arquivo, Bruno Miani do VIPCOMM e AFP)

ENTRE A GLÓRIA E O VEXAME

Míseros três minutos separaram a Ponte Preta, nesta sexta-feira 13 (para muitos, dia de azar, mas para os pontepretanos uma data de grande importância, que marcou o aniversário de Dicá, seu maior ídolo de todos os tempos), de fazer uma partida memorável, perfeita, digna de ser lembrada por anos e mais anos, por gerações afora. Os mesmos 180 segundos, porém, quase fizeram com que o time protagonizasse seu maior vexame dos últimos anos. A Macaca começou o jogo, contra o líder Criciúma, no Moisés Lucarelli, de forma arrasadora. Jogou um primeiro tempo impecável e fechou esse período com chave de ouro, fazendo 3 a 0, com o terceiro gol nos descontos. Na etapa final, limitou-se a tocar bola. Deu várias estocadas, mas não parecia ameaçado. Esteve, em várias oportunidades, na iminência de fazer o quarto gol, mas desperdiçou as chances. Mas continuou jogando bem, concentrada, com poucos erros e firmeza na marcação. Aos 42 minutos do segundo tempo, todavia, veio a primeira bobeira. A zaga, que havia se mantido super-atenta até então, vacilou, e o Criciúma fez seu primeiro gol. A torcida sequer se abalou. Acreditava que a fatura estava consolidada. Se enganou. Logo no minuto seguinte, em um lance sumamente infeliz de Emerson, saiu o segundo gol do adversário. Daí por diante, até o apito final, foi um Deus nos acuda. A muito custo, a Ponte Preta conseguiu sustentar a vitória, que esteve pertíssimo de fugir das mãos. E mais uma vez prevaleceu a máxima que diz: “a melhor defesa é sempre o ataque”. Buscasse, o time, o quarto, o quinto, o sexto e tantos outros gols, não passaria por tamanho sufoco e não teria oscilado perigosamente à beira do abismo. Foi, portanto, um 3 a 2 amargo, que deixou a torcida frustrada e preocupada.

EMPATE COM GOSTO AMARGO

Se a torcida da Ponte Preta saiu decepcionadíssima do Moisés Lucarelli, sexta-feira, quando o time tomou dois gols nos três minutos finais da partida, quando vencia por 3 a 0 e quase deixou escapar a vitória por entre os dedos, pior ainda foi o empate do Guarani, no sábado, por 0 a 0, com o América do Rio de Janeiro, em pleno Brinco de Ouro. O que preocupou, em especial, o torcedor bugrino, não foi propriamente o resultado, mas a forma com que ele aconteceu. O Guarani jogou uma partida sonolenta, burocrática, apática, em ritmo de treino. Nem parecia que estava disputando uma vaga para a próxima etapa do Campeonato Brasileiro da Série C. Pior, o América é um time limitadíssimo, um “catadão”, cheio de jogadores veteranos, que há muito já deveriam ter pendurado as chuteiras. O principal deles, para que o leitor tenha uma idéia, é Walber, que jogou naquele time do São Paulo, treinado por Telê Santana, que tinha, entre outros, Zetti, Cafu, Miler e Raí, que há muito já deixaram os gramados ou, no caso do ala do Milan, estão próximos disso. No jogo de sábado, se alguém tivesse que sair de campo como vencedor, esse seria o time do Rio de Janeiro. Só não saiu, graças a duas defesas fantásticas do goleiro Buzetto (sempre ele), que se constituiu, mais uma vez, no “salvador da pátria”. Claro que, matematicamente, nada está perdido. Mas o Guarani terá que se superar nos próximos jogos e não pode nem pensar em perder qualquer ponto a mais em casa.

NOME DO JOGO

Numa partida em que a Ponte Preta teve 87 minutos de futebol brilhante, e três de bobeira que quase lhe custam dois preciosos pontos, vários jogadores se destacaram. Apenas para citar alguns, menciono o ala direita Júlio César (enquanto esteve em campo); Alex Silva, que deu consistência à defesa pelo setor esquerdo; Zacarias, por sua raça e seriedade, Pingo, autor de um belo gol e Wanderley, que correu o campo todo e azucrinou a zaga adversária do começo ao fim da partida. Mas o nome do jogo, aquele que desequilibrou e construiu o marcador, foi o atacante Alex Terra. A Ponte Preta deve os 3 a 2 conseguidos sobre o líder Criciúma, que até então tinha a melhor defesa da Série B, a esse veloz e eficiente atacante. Em somente duas partidas (e mais um pedaço de uma terceira), o novo matador da Macaca mostrou o acerto de sua contratação. Tanto que já se transformou no artilheiro do time, com quatro gols. Além de chutes certeiros, Alex Terra ainda mostrou-se eficiente no passe, servindo (com eficiência) os companheiros em melhor colocação. Sua chegada, portanto, consertou a peça ofensiva, que agora está muito bem servida. Falta, agora, o treinador Nelsinho Baptista dar um jeito na defesa, para que, principalmente, não tenha súbitos “apagões”, como aquele ocorrido nos fatais três minutos contra o Criciúma.

ÁGUIA COMEÇA A ALÇAR VÔO

O Água da nossa cidade começou a segunda fase do Campeonato Paulista da Série B a todo o vapor. No dia do aniversário da metrópole que lhe empresta o nome, o Campinas foi a Tupã e nem tomou conhecimento do adversário. Jogando com propriedade, como um time que, de fato, ambiciona o acesso à Série A-3, venceu a partida por 2 a 1 e começa a alçar vôo para as grandes conquistas que sua torcida tanto sonha. Nos últimos anos, o objetivo maior tem estado bem ao alcance de suas mãos (ou de seus pés, no caso), mas invariavelmente o sucesso tem escapado por questão de detalhes. Que a experiência desses fracassos seja, em 2007, fator decisivo para o tão buscado êxito. O time não pode perder pontos bobos em casa, como ocorreu em várias oportunidades e beliscar os que puder fora. Tem que fazer dos fatores campo e torcida armas insuperáveis para o acesso. Campinas, pela sua grandeza e porte de metrópole, comporta, tranqüilamente, três clubes profissionais de futebol, como já teve, quando era muito menor, nos tempos do saudoso Mogiana.

ESPERANÇAS NA NOVÍSSIMA GERAÇÃO

Se é verdade que a Seleção Brasileira Sub-20 deu vexame, no Campeonato Mundial que se disputa no Canadá, a Sub-17 começou com o pé direito a disputa da medalha de ouro dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Derrotou, na estréia, a Seleção de Honduras, com três gols dessa grande promessa (que se espera não “bata asas”, prematuramente, como tantos outras já fizeram, rumo ao mercado europeu), o garoto Lulinha, revelação do Corinthians. Ele foi o autor dos três gols brasileiros e esbanjou técnica e categoria, enchendo os olhos da torcida, que se fez presente em grande número no estádio (mais de 18 mil pessoas). Se na Seleção Sub-20 o fenômeno Alexandre Pato foi o grande destaque; se na Copa América Robinho comandou a equipe titular rumo ao seu oitavo título; este grupo, que representa o futebol do Brasil nessa verdadeira Olimpíada das Américas, tem no menino corintiano, procedente de Mauá, na Grande São Paulo, seu grande comandante. Espero que o jovem craque mantenha a humildade, jogue em função do time, não vista a “máscara” dos que se julgam os maiorais e transforme em certeza a esperança que a torcida deposita nele.

VIROU ROTINA: DEU BRASIL! BRASIL! BRASIL!

Para desgosto de um sem-número de cronistas esportivos brasileiros, cuja maior frustração, ao que parece, é não terem nascido argentinos, a Seleção Brasileira venceu, e convenceu, a badalada Argentina, e por um placar que não deixa qualquer margem a dúvidas, por clássicos 3 a 0. Com a vitória, conquistou, com méritos, a oitava Copa América da história. Este foi um grupo operário, aplicado, humilde, que entendeu a proposta do técnico Dunga, tão contestado pela torcida, mas que apresenta um retrospecto dos melhores. Desde que assumiu o cargo, após a Copa do Mundo do ano passado, em substituição a Carlos Alberto Parreira, o jovem treinador perdeu apenas duas partidas: para Portugal e México, ambas por 2 a 0. E não jogou apenas contra “galinhas mortas”, como os críticos contumazes buscam dar a entender. Encarou, por exemplo, essa mesma Argentina, que tanto encanta os basbaques, e goleou-a em ambas as oportunidades: 4 a 0 e 3 a 0. Fez, portanto, sete gols, e não levou nenhum. Teve pela frente, também, a Inglaterra, em Wembley, e a Dinamarca, que sempre foi uma pedra no nosso sapato, em gramados europeus, entre outras. Portanto, senhores, sejam mais objetivos e menos preconceituosos na avaliação do trabalho de alguém. Estou me divertindo, hoje, com as tentativas (desenxabidas) de explicação da maioria dos nossos cronistas, tentando sustentar suas teses derrotistas que, por mais que tentem, não se sustentam diante dos fatos. Por que esses caras não se mudam para a Argentina, não se naturalizam e não passam a trabalhar na crônica esportiva de um país que tanto amam? E o pior é que nunca aprendem!

RESPINGOS...

· Foi ruim, muito ruim do ponto de vista técnico, o clássico de sábado, no Morumbi, entre São Paulo e Corinthians, que terminou com o empate, por 1 a 1. O jogo valeu, apenas, pelos dois lances de gol. O primeiro, o do atacante Dagoberto, foi um lance de muito oportunismo. Foi um belo gol. No segundo, o do Corinthians, brilhou não quem o fez, mas a auxiliar de linha Maria Elisa Barbosa, que validou, corretamente, um lance em que os são-paulinos reclamaram impedimento, que de fato não houve. E foi só.
· O Santos, de Wanderley Luxemburgo, resolveu jogar. Desbancou o último invicto do Campeonato Brasileiro, o Botafogo, com uma vitória insofismável, na Vila Belmiro, por 3 a 0. E, o que é mais importante, jogando bom futebol.
· O Palmeiras, com a cara do seu treinador, Caio Junior, que se caracteriza pela garra para suprir a falta de técnica, arrancou um excelente empate, com o Grêmio, no Estádio Olímpico de Porto Alegre, por 1 a 1.
· Dorival Junior é, mesmo, excelente treinador. Pegou o Cruzeiro caindo pelas tabelas, ameaçado pelo rebaixamento, e pôs ordem na casa. Sábado, o time estrelado conseguiu uma boa vitória sobre o vice-líder, Goiás, por 2 a 1, no Mineirão.
· O Atlético Mineiro parece que não aprendeu a lição de 2005. Sofreu, diante do Sport Recife, seu quinto tropeço consecutivo e já vê, com preocupação, a proximidade da zona de rebaixamento. Que coisa!

· E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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