Pedro J. Bondaczuk
O ensaísta norte-americano Henry David Thoreau, cujos textos se caracterizam pela profundidade das reflexões que colocava aos leitores, escreveu, em um de seus ensaios: “Os jovens reúnem seus pertences para construir uma ponte até a Lua ou, quem sabe, um palácio ou um templo na Terra. E, finalmente, quando adultos, contentam-se em construir uma cabana com eles”.
Nossas crianças excluídas, quando muito, erguerão, com a matéria-prima dos seus sonhos – quando não delírios, provocados pelas drogas ou pela fome – um barraco desconjuntado numa favela qualquer. É a duríssima realidade que os espera.
O problema do menor abandonado, ressalte-se, não é recente. Vem de longa, longuíssima data. Recordo-me de haver topado com a questão ainda na minha meninice, na década de 50. Muita história rolou desde então no País.
Tivemos o plano desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek, que pretendia realizar, em cinco anos, o que seus antecessores haviam feito em 50. Passamos pelo “milagre” econômico que, hoje sabemos, não foi tão milagroso assim. Mas o problema do menor abandonado ficou sem solução. Por isso, agravou-se.
Tentaram tirar as crianças da rua, confinando-as em abrigos do tipo SAM e Febem. Muito político faturou alto, manipulando verbas, pretensamente destinadas ao amparo à infância. Arroubos demagógicos e gestos grandiloqüentes, mas cínicos, não faltaram. Até quando, meu Deus, a criança continuará tendo tão pouco valor no Brasil?! É a pergunta que se impõe!
(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 20 de outubro de 1993)
O ensaísta norte-americano Henry David Thoreau, cujos textos se caracterizam pela profundidade das reflexões que colocava aos leitores, escreveu, em um de seus ensaios: “Os jovens reúnem seus pertences para construir uma ponte até a Lua ou, quem sabe, um palácio ou um templo na Terra. E, finalmente, quando adultos, contentam-se em construir uma cabana com eles”.
Nossas crianças excluídas, quando muito, erguerão, com a matéria-prima dos seus sonhos – quando não delírios, provocados pelas drogas ou pela fome – um barraco desconjuntado numa favela qualquer. É a duríssima realidade que os espera.
O problema do menor abandonado, ressalte-se, não é recente. Vem de longa, longuíssima data. Recordo-me de haver topado com a questão ainda na minha meninice, na década de 50. Muita história rolou desde então no País.
Tivemos o plano desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek, que pretendia realizar, em cinco anos, o que seus antecessores haviam feito em 50. Passamos pelo “milagre” econômico que, hoje sabemos, não foi tão milagroso assim. Mas o problema do menor abandonado ficou sem solução. Por isso, agravou-se.
Tentaram tirar as crianças da rua, confinando-as em abrigos do tipo SAM e Febem. Muito político faturou alto, manipulando verbas, pretensamente destinadas ao amparo à infância. Arroubos demagógicos e gestos grandiloqüentes, mas cínicos, não faltaram. Até quando, meu Deus, a criança continuará tendo tão pouco valor no Brasil?! É a pergunta que se impõe!
(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 20 de outubro de 1993)
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