Qual seleção é melhor?
Pedro J. Bondaczuk
A Seleção Brasileira que busca o sexto título mundial nos gramados da África do Sul é composta não somente dos 11 titulares, mas de 23 jogadores selecionados por Dunga, que não deu ouvidos a ninguém e preferiu seguir a própria cabeça. Não é, pois, unanimidade. A dar razão, porém, ao saudoso jornalista Nelson Rodrigues, nosso sisudo treinador agiu bem. Afinal, como dizia esse célebre torcedor do Fluminense, “toda unanimidade é burra”.
Embora a maioria dos integrantes da nossa seleção atue na Europa (são 20 deles, sendo que apenas três jogam em clubes brasileiros, Kleberson no Flamengo, Gilberto no Cruzeiro e Robinho no Santos, sendo que este deverá retornar ao Manchester City em agosto), não há no grupo nenhum estrangeiro naturalizado (e precisa?), como ocorre com várias outras equipes presentes no Mundial, casos de Portugal, Espanha, Estados Unidos, Alemanha e Japão (dos que me lembro).
Já uma outra “seleção” (esta literária), também brasileira (pelo menos em sua maioria), que reúne 24 “craques” das letras (um a mais do que o grupo do Dunga), não é totalmente integrada por escritores nacionais. Há três “estranhos no ninho”, mas todos muito bem-vindos. Refiro-me à excelente antologia de contos, intitulada “22 Contistas em Campo”, organizada por Flávio Moreira da Costa e publicada pela Martins Fontes Editora.
O bem-cuidado trabalho editorial é um prato cheio para quem ama, igualmente, tanto a literatura, quanto o futebol. Aliás, orgulho-me de apresentar-lhes, sempre, as melhores sugestões de textos, quer sobre esse fascinante e apaixonante esporte das multidões, quer sobre outro assunto qualquer. Pelo menos, até aqui, ninguém reclamou. E os elogios às minhas dicas foram e continuam sendo fartos.
Mas, voltando ao livro, e à comparação com a Seleção Brasileira, fico imaginando com meus botões qual dos dois é melhor. É verdade que o time comandado por Dunga ainda tem que mostrar sua eficiência. Já a antologia de Flávio... Já passou por todas as provas e foi aprovada com louvor.
Essa coletânea “22 Contistas em Campo”, ao contrário do time canarinho, como já informamos, tem o reforço de três (excelentes) escritores estrangeiros: os uruguaios Horácio Quiroga e Mario Benedetti e o folclorista inglês Patrick Kennedy.
Aviso de antemão que não se trata de lançamento, mas de relançamento, o que não faz a menor diferença para quem ainda não leu esta instigante antologia. A peculiaridade da obra, por exemplo, já começa numa contradição (que, no caso, reconheça-se, é benigna ao leitor e certamente ninguém irá reclamar). Apesar do título sugerir a participação de 22 escritores, estes, na verdade, são 24.
Outra novidade digna de nota é o fato de Flávio Moreira da Costa haver incluído o primeiro conto a falar de futebol já publicado no mundo. Ôpa, essa é uma baita novidade e interessantíssima curiosidade histórica. Digam-me com sinceridade: será que há algum estudioso de literatura que não se interesse em saber disso? Só se for um cara muito desligado (para não classificá-lo, na lata, de burro).
E qual é essa preciosidade histórica? É o conto “Os fantasmas e o jogo de futebol”, do folclorista inglês Patrick Kennedy. Flávio, porém, vai ainda mais longe e nos traz, também, a história pioneira sobre o assunto na América Latina. E trata-se de obra de um gigante das letras uruguaio (não por acaso, eles foram os primeiros campeões mundiais de futebol em 1930), Horácio Quiroga, intitulada “Juan Polti, half-back”.
Sem revelar o conteúdo (que no caso, neste espaço, seria até impossível) a antologia em questão suscita muito assunto, por isso prometo voltar à sua abordagem. O “timaço” brasileiro, reforçado pelo uruguaio Mario Benedetti, conta com “craques” como João Antonio, Sérgio Santa’Anna, Rubem Fonseca, Rachel de Queirós, Plínio Marcos, Luís Vilela, Moacyr Scliar, Ignácio de Loyola Brandão, Hilda Hilst, Edla Von Stein, Ana Maria Martins, João Ubaldo Ribeiro, Orígenes Lessa, Marcos Rey, Alcântara Machado e vai por aí afora.
E você vai perder essa?! Não acredito!!! Amanhã, neste mesmo horário e mesmo “batcanal”, trarei mais algumas dicas sobre “22 Contistas em Campo”, com a intenção explícita (e um tanto maldosa) de dar-lhes um pouco mais de água na boca. Ah, antes que me esqueça, me respondam, qual seleção é melhor: a de Dunga ou a de Flávio? Não sei porque, mas sou tentado a apostar na segunda. E você?
Pedro J. Bondaczuk
A Seleção Brasileira que busca o sexto título mundial nos gramados da África do Sul é composta não somente dos 11 titulares, mas de 23 jogadores selecionados por Dunga, que não deu ouvidos a ninguém e preferiu seguir a própria cabeça. Não é, pois, unanimidade. A dar razão, porém, ao saudoso jornalista Nelson Rodrigues, nosso sisudo treinador agiu bem. Afinal, como dizia esse célebre torcedor do Fluminense, “toda unanimidade é burra”.
Embora a maioria dos integrantes da nossa seleção atue na Europa (são 20 deles, sendo que apenas três jogam em clubes brasileiros, Kleberson no Flamengo, Gilberto no Cruzeiro e Robinho no Santos, sendo que este deverá retornar ao Manchester City em agosto), não há no grupo nenhum estrangeiro naturalizado (e precisa?), como ocorre com várias outras equipes presentes no Mundial, casos de Portugal, Espanha, Estados Unidos, Alemanha e Japão (dos que me lembro).
Já uma outra “seleção” (esta literária), também brasileira (pelo menos em sua maioria), que reúne 24 “craques” das letras (um a mais do que o grupo do Dunga), não é totalmente integrada por escritores nacionais. Há três “estranhos no ninho”, mas todos muito bem-vindos. Refiro-me à excelente antologia de contos, intitulada “22 Contistas em Campo”, organizada por Flávio Moreira da Costa e publicada pela Martins Fontes Editora.
O bem-cuidado trabalho editorial é um prato cheio para quem ama, igualmente, tanto a literatura, quanto o futebol. Aliás, orgulho-me de apresentar-lhes, sempre, as melhores sugestões de textos, quer sobre esse fascinante e apaixonante esporte das multidões, quer sobre outro assunto qualquer. Pelo menos, até aqui, ninguém reclamou. E os elogios às minhas dicas foram e continuam sendo fartos.
Mas, voltando ao livro, e à comparação com a Seleção Brasileira, fico imaginando com meus botões qual dos dois é melhor. É verdade que o time comandado por Dunga ainda tem que mostrar sua eficiência. Já a antologia de Flávio... Já passou por todas as provas e foi aprovada com louvor.
Essa coletânea “22 Contistas em Campo”, ao contrário do time canarinho, como já informamos, tem o reforço de três (excelentes) escritores estrangeiros: os uruguaios Horácio Quiroga e Mario Benedetti e o folclorista inglês Patrick Kennedy.
Aviso de antemão que não se trata de lançamento, mas de relançamento, o que não faz a menor diferença para quem ainda não leu esta instigante antologia. A peculiaridade da obra, por exemplo, já começa numa contradição (que, no caso, reconheça-se, é benigna ao leitor e certamente ninguém irá reclamar). Apesar do título sugerir a participação de 22 escritores, estes, na verdade, são 24.
Outra novidade digna de nota é o fato de Flávio Moreira da Costa haver incluído o primeiro conto a falar de futebol já publicado no mundo. Ôpa, essa é uma baita novidade e interessantíssima curiosidade histórica. Digam-me com sinceridade: será que há algum estudioso de literatura que não se interesse em saber disso? Só se for um cara muito desligado (para não classificá-lo, na lata, de burro).
E qual é essa preciosidade histórica? É o conto “Os fantasmas e o jogo de futebol”, do folclorista inglês Patrick Kennedy. Flávio, porém, vai ainda mais longe e nos traz, também, a história pioneira sobre o assunto na América Latina. E trata-se de obra de um gigante das letras uruguaio (não por acaso, eles foram os primeiros campeões mundiais de futebol em 1930), Horácio Quiroga, intitulada “Juan Polti, half-back”.
Sem revelar o conteúdo (que no caso, neste espaço, seria até impossível) a antologia em questão suscita muito assunto, por isso prometo voltar à sua abordagem. O “timaço” brasileiro, reforçado pelo uruguaio Mario Benedetti, conta com “craques” como João Antonio, Sérgio Santa’Anna, Rubem Fonseca, Rachel de Queirós, Plínio Marcos, Luís Vilela, Moacyr Scliar, Ignácio de Loyola Brandão, Hilda Hilst, Edla Von Stein, Ana Maria Martins, João Ubaldo Ribeiro, Orígenes Lessa, Marcos Rey, Alcântara Machado e vai por aí afora.
E você vai perder essa?! Não acredito!!! Amanhã, neste mesmo horário e mesmo “batcanal”, trarei mais algumas dicas sobre “22 Contistas em Campo”, com a intenção explícita (e um tanto maldosa) de dar-lhes um pouco mais de água na boca. Ah, antes que me esqueça, me respondam, qual seleção é melhor: a de Dunga ou a de Flávio? Não sei porque, mas sou tentado a apostar na segunda. E você?
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