Bom começo, mas...
Pedro J. Bondaczuk
O Brasil estreou muito bem na Copa do Mundo de 1954, na Suíça. Goleou a fraca seleção do México (a mesma que já havia goleado na estréia de 1950), por 5 a 0, no Estádio F. C. Servette, em Genebra, diante de um público estimado de 17.500 espectadores, com arbitragem do suíço Paul Wissling.
Os brasileiros liquidaram o jogo logo na primeira etapa, sapecando, nos 45 minutos iniciais, um categórico 4 a 0, com gols de Baltazar, Didi e dois de Pinga. No segundo tempo, Julinho completaria o placar. Foi um passeio da equipe canarinho e os mexicanos pouco ameaçaram a meta defendida por Castilho.
As regras daquele Mundial eram pitorescas. Até hoje, considero-as a coisa mais maluca em termos de competição. A França, por exemplo, integrava o nosso grupo. Foi eliminada, porém, sem ter a chance de nos enfrentar. Como havia perdido na estréia para a Iugoslávia (por 1 a 0), mesmo vencendo os mexicanos (por 3 a 2), ficou na dependência do resultado do nosso próximo confronto.
Caso ocorresse um empate entre Brasil e Iugoslávia, ambos se classificariam para as quartas-de-final, e os franceses teriam que voltar para casa. E foi, no final das contas, o que aconteceu. Empatamos com a boa e altamente técnica equipe dos Bálcãs por 1 a 1.
O jogo foi realizado no Estádio La Fontaise, em Lausanne, perante um público estimado de 30 mil pessoas. A arbitragem coube ao escocês Edward Faultless. O Brasil abriu a contagem aos 26 minutos do primeiro tempo através de Didi. A Iugoslávia empatou logo no início da segunda etapa, aos 4 minutos, num dos raros cochilos da nossa defesa.
O curioso é que nem o técnico Zezé Moreira, nem os dirigentes da CBD e muito menos os jogadores sabiam que o empate classificava as duas seleções para as quartas-de-final. Como é que pode uma equipe ir para uma Copa do Mundo (ou para qualquer outra competição) sem conhecer as regras da disputa?!!! Até hoje, não consigo entender tanta incompetência!
Os brasileiros lançaram-se com tudo para o ataque, tentando a vitória a todo o custo. Perderam chances após chances, mas não pararam de atacar, até por volta dos 30 minutos. Os iugoslavos, a todo o momento, faziam sinais desesperados para nossos atletas, para que reduzissem o ímpeto e se limitassem a tocar a bola. Em vão!
Até hoje não sei se nossos jogadores, afinal, compreenderam que o empate era um bom negócio, ou se acabou o gás e eles se cansaram de tanto perder gols. O fato é que o jogo terminou empatado e foi para a prorrogação.
Naquela Copa não havia decisão de vaga na cobrança de tiros livres diretos da marca do pênalti. Isso seria instituído, apenas, nos mundiais seguintes. Caso houvesse empate na prorrogação, portanto, esse seria o resultado definitivo do jogo. E a classificação seria definida pelo saldo de gols. Caiu do céu, portanto, a goleada aplicada sobre o México na estréia.
As regras, então, eram muito diferentes das de hoje. Não havia, por exemplo, substituições durante as partidas. Caso alguém se machucasse, sua equipe teria que continuar o jogo com um a menos (ou dois, ou três, mas no mínimo com seis).
Não havia, também, essa história de cartões, nem o amarelo e nem o vermelho. As expulsões ficavam exclusivamente a critério dos árbitros, o que dava confusões dos diabos. Havia casos (e muitos) em que notadamente os zagueiros davam entradas duríssimas, criminosas, nos atacantes adversários, dessas de rachar o sujeito no meio, e não lhes acontecia absolutamente nada, a não ser a mera marcação da falta, e às vezes nem isso.
As advertências por jogo violento eram verbais e não eram cumulativas. Portanto, não geravam conseqüências para os infratores. Havia jogadores advertidos dezenas de vezes por entradas maldosas nos adversários que nem davam bola para o árbitro. E ficava por isso mesmo. Continuavam batendo, e batendo e batendo adoidado nos atletas habilidosos. Um árbitro ruim (e a maioria era) estragava, fácil, fácil, qualquer espetáculo.
Às vezes uma falta simples, digamos, um pequeno empurrão, coisa de jogo (afinal, futebol é um esporte de contato), resultava em expulsão. Outras, porém, com altíssimo grau de violência, não davam em absolutamente nada. Não raro, o tempo fechava entre os atletas, por causa disso, e os jogos se transformavam em batalhas campais. Vi muitas delas naquela ocasião
Em suma, com uma vitória e um empate, o Brasil classificava-se para as quartas-de-final da Copa de 1954. Bastaria vencer os três jogos restantes para conseguir o que não havia conseguido em 1950. Só que aí é que estava o xis da questão. Aconteceu o que toda a imprensa e a torcida temiam. Para passar adiante, a Seleção Brasileira teria que vencer nada menos que a máquina de jogar bola, a favoritíssima Hungria. Aí... a coisa podia pegar. E, de fato, pegou...
Pedro J. Bondaczuk
O Brasil estreou muito bem na Copa do Mundo de 1954, na Suíça. Goleou a fraca seleção do México (a mesma que já havia goleado na estréia de 1950), por 5 a 0, no Estádio F. C. Servette, em Genebra, diante de um público estimado de 17.500 espectadores, com arbitragem do suíço Paul Wissling.
Os brasileiros liquidaram o jogo logo na primeira etapa, sapecando, nos 45 minutos iniciais, um categórico 4 a 0, com gols de Baltazar, Didi e dois de Pinga. No segundo tempo, Julinho completaria o placar. Foi um passeio da equipe canarinho e os mexicanos pouco ameaçaram a meta defendida por Castilho.
As regras daquele Mundial eram pitorescas. Até hoje, considero-as a coisa mais maluca em termos de competição. A França, por exemplo, integrava o nosso grupo. Foi eliminada, porém, sem ter a chance de nos enfrentar. Como havia perdido na estréia para a Iugoslávia (por 1 a 0), mesmo vencendo os mexicanos (por 3 a 2), ficou na dependência do resultado do nosso próximo confronto.
Caso ocorresse um empate entre Brasil e Iugoslávia, ambos se classificariam para as quartas-de-final, e os franceses teriam que voltar para casa. E foi, no final das contas, o que aconteceu. Empatamos com a boa e altamente técnica equipe dos Bálcãs por 1 a 1.
O jogo foi realizado no Estádio La Fontaise, em Lausanne, perante um público estimado de 30 mil pessoas. A arbitragem coube ao escocês Edward Faultless. O Brasil abriu a contagem aos 26 minutos do primeiro tempo através de Didi. A Iugoslávia empatou logo no início da segunda etapa, aos 4 minutos, num dos raros cochilos da nossa defesa.
O curioso é que nem o técnico Zezé Moreira, nem os dirigentes da CBD e muito menos os jogadores sabiam que o empate classificava as duas seleções para as quartas-de-final. Como é que pode uma equipe ir para uma Copa do Mundo (ou para qualquer outra competição) sem conhecer as regras da disputa?!!! Até hoje, não consigo entender tanta incompetência!
Os brasileiros lançaram-se com tudo para o ataque, tentando a vitória a todo o custo. Perderam chances após chances, mas não pararam de atacar, até por volta dos 30 minutos. Os iugoslavos, a todo o momento, faziam sinais desesperados para nossos atletas, para que reduzissem o ímpeto e se limitassem a tocar a bola. Em vão!
Até hoje não sei se nossos jogadores, afinal, compreenderam que o empate era um bom negócio, ou se acabou o gás e eles se cansaram de tanto perder gols. O fato é que o jogo terminou empatado e foi para a prorrogação.
Naquela Copa não havia decisão de vaga na cobrança de tiros livres diretos da marca do pênalti. Isso seria instituído, apenas, nos mundiais seguintes. Caso houvesse empate na prorrogação, portanto, esse seria o resultado definitivo do jogo. E a classificação seria definida pelo saldo de gols. Caiu do céu, portanto, a goleada aplicada sobre o México na estréia.
As regras, então, eram muito diferentes das de hoje. Não havia, por exemplo, substituições durante as partidas. Caso alguém se machucasse, sua equipe teria que continuar o jogo com um a menos (ou dois, ou três, mas no mínimo com seis).
Não havia, também, essa história de cartões, nem o amarelo e nem o vermelho. As expulsões ficavam exclusivamente a critério dos árbitros, o que dava confusões dos diabos. Havia casos (e muitos) em que notadamente os zagueiros davam entradas duríssimas, criminosas, nos atacantes adversários, dessas de rachar o sujeito no meio, e não lhes acontecia absolutamente nada, a não ser a mera marcação da falta, e às vezes nem isso.
As advertências por jogo violento eram verbais e não eram cumulativas. Portanto, não geravam conseqüências para os infratores. Havia jogadores advertidos dezenas de vezes por entradas maldosas nos adversários que nem davam bola para o árbitro. E ficava por isso mesmo. Continuavam batendo, e batendo e batendo adoidado nos atletas habilidosos. Um árbitro ruim (e a maioria era) estragava, fácil, fácil, qualquer espetáculo.
Às vezes uma falta simples, digamos, um pequeno empurrão, coisa de jogo (afinal, futebol é um esporte de contato), resultava em expulsão. Outras, porém, com altíssimo grau de violência, não davam em absolutamente nada. Não raro, o tempo fechava entre os atletas, por causa disso, e os jogos se transformavam em batalhas campais. Vi muitas delas naquela ocasião
Em suma, com uma vitória e um empate, o Brasil classificava-se para as quartas-de-final da Copa de 1954. Bastaria vencer os três jogos restantes para conseguir o que não havia conseguido em 1950. Só que aí é que estava o xis da questão. Aconteceu o que toda a imprensa e a torcida temiam. Para passar adiante, a Seleção Brasileira teria que vencer nada menos que a máquina de jogar bola, a favoritíssima Hungria. Aí... a coisa podia pegar. E, de fato, pegou...
No comments:
Post a Comment