A consciência é uma espécie de espelho, ao qual recorremos, com freqüência, apenas quando nos consideramos “belos”. Ou seja, quando achamos que somos nobres, justos e bondosos. Em caso contrário... evitamo-la. E quando sentimos algum remorso, que é um dos aspectos da consciência, buscamos logo nos livrar dele, calando sua voz por todos os meios que conhecemos. Deveríamos, contudo, consultá-la diariamente, como fazemos, aliás, com os espelhos de verdade. Machado de Assis fez uma constatação bastante interessante a esse propósito, no romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Escreveu a respeito: “Por que é que uma mulher bonita olha muitas vezes para o espelho, senão porque se acha bonita, e porque isso lhe dá uma certa superioridade sobre uma multidão de outras mulheres menos bonitas ou absolutamente feias? A consciência é a mesma coisa; remira-se, amiúde, quando se acha bela. Nem o remorso é outra coisa mais do que o trejeito de uma consciência que se vê hedionda”. E ele não está certo?
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