Pedro J. Bondaczuk
A felicidade – assim como o amor, a esperança, a saudade, a liberdade etc.etc.etc. – é tema recorrente e batidíssimo em literatura e, no entanto, inesgotável. Escritores abordam-no, amiúde, sob os mais variados aspectos, em poemas, romances, contos, novelas e peças teatrais, mas, via de regra, enfocam-no pelo viés oposto. Ou seja, o da infelicidade.
Há (convenhamos) muitíssimo mais pessoas infelizes mundo afora do que as felizes. E essas compõem personagens muito mais interessantes (pelo menos para os que os criam) do que as que têm vidas mansas e tranquilas.
Volta e meia, são apresentadas, por especialistas em auto-ajuda, “fórmulas” mágicas de felicidade. Para uns, elas funcionam. Para outros tantos... não. Trata-se de condição subjetiva e só nós podemos encontrar (ou não) o seu caminho no fundo da nossa mente.
Ressaltei, inúmeras vezes, em minhas crônicas, que a felicidade não é uma coisa concreta, como uma mesa, uma cadeira, um carro, um computador, ou seja, algo palpável, uma espécie de “Santo Graal”. É, sim, predisposição íntima, que nos faz apreciar o lado positivo e nobre da vida e não dar tanta importância às tragédias e horrores que nela acontecem, mesmo que sejamos os protagonistas.
Em suma: é feliz quem se sente assim, não importa por qual razão, independente, portanto, de fortuna, prestígio ou condição social, embora esses contribuam (não sejamos cínicos) para ela. Um sujeito sem eira e nem beira, que não tenha onde morar e sequer o que comer, não tem porque se contentar com a vida que tem, a menos que seja renitente masoquista.
Quando alguma pessoa diz o surrado clichê de que “o dinheiro não traz felicidade”, invariavelmente surge alguém para replicar: “manda trazer”. Claro que a fortuna, em si, sem outros tantos ingredientes que a devem acompanhar, não faz ninguém feliz. Todavia, a carência de meios para se sustentar produz, sempre, o efeito inverso: torna o carente invariavelmente infeliz.
A riqueza em excesso, todavia, desde que quem a possui não a saiba usufruir adequadamente, tende, também, a gerar infelicidade. De outro tipo diferente da do miserável, claro. Os detentores de imensas fortunas são os clientes preferenciais dos consultórios de psiquiatria. As maiores taxas de suicídio do Planeta são as dos países ricos, do chamado “Primeiro Mundo”, em que a prosperidade é a tônica e a carência rara exceção.
Os suicidas (reais ou potenciais) não são etíopes famintos, ou afegãos miseráveis ou refugiados africanos ou asiáticos que não têm sequer uma pátria, quanto mais casa, família, emprego etc. São os nababos suecos, alemães, japoneses ou norte-americanos. Será que alguém tem condições de explicar, objetivamente, por que?
O sujeito milionário (ou bilionário, que seja) é (salvo exceções) permanente desconfiado. Em sua cabeça, todos querem se apropriar (de uma forma ou de outra) de sua fortuna (que, ademais, não levará para o túmulo quando morrer, mas ele sequer pensa nisso).
E quando alguém jura que o ama, mesmo que lhe dê provas concretas desse sentimento, não acredita. Principalmente se quem fez tal juramento tem menos riquezas do que ele. Não crê em amores, em afetos desinteressados e muito menos em amizades. Vive cercado de um batalhão de empregados e de guarda-costas e paga caro pelo simples prazer do sexo, que julga objeto de compra e venda, como outra “mercadoria” qualquer.
Acredita, isso sim (e com sinceridade) que o suposto interesse afetivo que alguém lhe devote tenha sempre alguma segunda intenção (às vezes não tem). E que o propalado “amor” que lhe venha a ser eventualmente declarado não passe de mera tentativa de aplicação do famoso golpe do baú. Como uma pessoa assim pode ser feliz?! Não pode!
Li, recentemente, em uma das peças do norueguês Henrik Ibsen (não tenho certeza se foi na “Casa de Bonecas” ou em outra qualquer), a declaração de um dos personagens que vem a calhar nestas considerações. Diz: .“A felicidade é uma estação intermediária entre a carência e o excesso”.
Claro que as coisas não são assim tão simples, ainda mais em se tratando de um sentimento tão vago e subjetivo. Isso não quer dizer que quem nem beire a carência e nem tenha fortuna mirabolante seja, automática e liminarmente, feliz. Nem infeliz. Longe disso. Há muitas e muitas e muitas outras pessoas, coisas e circunstâncias envolvidas nessa questão da felicidade. Mas que a constatação faz sentido, ah, isso, sem dúvida, faz!
A felicidade – assim como o amor, a esperança, a saudade, a liberdade etc.etc.etc. – é tema recorrente e batidíssimo em literatura e, no entanto, inesgotável. Escritores abordam-no, amiúde, sob os mais variados aspectos, em poemas, romances, contos, novelas e peças teatrais, mas, via de regra, enfocam-no pelo viés oposto. Ou seja, o da infelicidade.
Há (convenhamos) muitíssimo mais pessoas infelizes mundo afora do que as felizes. E essas compõem personagens muito mais interessantes (pelo menos para os que os criam) do que as que têm vidas mansas e tranquilas.
Volta e meia, são apresentadas, por especialistas em auto-ajuda, “fórmulas” mágicas de felicidade. Para uns, elas funcionam. Para outros tantos... não. Trata-se de condição subjetiva e só nós podemos encontrar (ou não) o seu caminho no fundo da nossa mente.
Ressaltei, inúmeras vezes, em minhas crônicas, que a felicidade não é uma coisa concreta, como uma mesa, uma cadeira, um carro, um computador, ou seja, algo palpável, uma espécie de “Santo Graal”. É, sim, predisposição íntima, que nos faz apreciar o lado positivo e nobre da vida e não dar tanta importância às tragédias e horrores que nela acontecem, mesmo que sejamos os protagonistas.
Em suma: é feliz quem se sente assim, não importa por qual razão, independente, portanto, de fortuna, prestígio ou condição social, embora esses contribuam (não sejamos cínicos) para ela. Um sujeito sem eira e nem beira, que não tenha onde morar e sequer o que comer, não tem porque se contentar com a vida que tem, a menos que seja renitente masoquista.
Quando alguma pessoa diz o surrado clichê de que “o dinheiro não traz felicidade”, invariavelmente surge alguém para replicar: “manda trazer”. Claro que a fortuna, em si, sem outros tantos ingredientes que a devem acompanhar, não faz ninguém feliz. Todavia, a carência de meios para se sustentar produz, sempre, o efeito inverso: torna o carente invariavelmente infeliz.
A riqueza em excesso, todavia, desde que quem a possui não a saiba usufruir adequadamente, tende, também, a gerar infelicidade. De outro tipo diferente da do miserável, claro. Os detentores de imensas fortunas são os clientes preferenciais dos consultórios de psiquiatria. As maiores taxas de suicídio do Planeta são as dos países ricos, do chamado “Primeiro Mundo”, em que a prosperidade é a tônica e a carência rara exceção.
Os suicidas (reais ou potenciais) não são etíopes famintos, ou afegãos miseráveis ou refugiados africanos ou asiáticos que não têm sequer uma pátria, quanto mais casa, família, emprego etc. São os nababos suecos, alemães, japoneses ou norte-americanos. Será que alguém tem condições de explicar, objetivamente, por que?
O sujeito milionário (ou bilionário, que seja) é (salvo exceções) permanente desconfiado. Em sua cabeça, todos querem se apropriar (de uma forma ou de outra) de sua fortuna (que, ademais, não levará para o túmulo quando morrer, mas ele sequer pensa nisso).
E quando alguém jura que o ama, mesmo que lhe dê provas concretas desse sentimento, não acredita. Principalmente se quem fez tal juramento tem menos riquezas do que ele. Não crê em amores, em afetos desinteressados e muito menos em amizades. Vive cercado de um batalhão de empregados e de guarda-costas e paga caro pelo simples prazer do sexo, que julga objeto de compra e venda, como outra “mercadoria” qualquer.
Acredita, isso sim (e com sinceridade) que o suposto interesse afetivo que alguém lhe devote tenha sempre alguma segunda intenção (às vezes não tem). E que o propalado “amor” que lhe venha a ser eventualmente declarado não passe de mera tentativa de aplicação do famoso golpe do baú. Como uma pessoa assim pode ser feliz?! Não pode!
Li, recentemente, em uma das peças do norueguês Henrik Ibsen (não tenho certeza se foi na “Casa de Bonecas” ou em outra qualquer), a declaração de um dos personagens que vem a calhar nestas considerações. Diz: .“A felicidade é uma estação intermediária entre a carência e o excesso”.
Claro que as coisas não são assim tão simples, ainda mais em se tratando de um sentimento tão vago e subjetivo. Isso não quer dizer que quem nem beire a carência e nem tenha fortuna mirabolante seja, automática e liminarmente, feliz. Nem infeliz. Longe disso. Há muitas e muitas e muitas outras pessoas, coisas e circunstâncias envolvidas nessa questão da felicidade. Mas que a constatação faz sentido, ah, isso, sem dúvida, faz!
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