Friday, May 22, 2009

Mensagem de amor a João Vitor


Pedro J. Bondaczuk

A vida, com suas incontáveis (e insondáveis) circunstâncias, premiou-me, de novo, neste dia 20 de maio de 2009: trouxe ao mundo João Vitor, meu segundo (e já querido) neto, que vem se juntar ao Pedro Luiz, o primeiro, nesta cadeia, já razoavelmente grande, de afetos, que é a minha família.
Meu coração de avô é grande o suficiente para abrigar não apenas mais duas pessoas (como agora), mas tantas quantas vierem (se vierem) num futuro próximo, enquanto estiver vivo. Que venham, pois. Mas saudáveis, equilibradas, produtivas e felizes. Saberei amá-las com a mesma intensidade, a todas, não importa se mais duas, cinco, dez ou mil.
O amor realiza (sempre) o verdadeiro milagre da multiplicação. Não de peixes ou de pães, como um dia fez, nos descampados da Galiléia, o Mestre dos Mestres, mas de afetos. É um enorme e infinito poço sem fundo. Quanto mais o doamos, mais amplo e mais profundo ele se torna. Nunca diminui um tantinho que seja, mas sempre, sempre e sempre aumenta, em uma progressão sem fim. E amor, pequenino João Vitor, é o que mais tenho para lhe dar.
Claro que sonho em lhe transmitir os princípios e valores que me norteiam e sempre nortearam meus passos, muitos incutidos por meus pais, outros tantos colhidos aqui e ali nos nem sempre suaves caminhos da vida. Não sei (ainda), o quanto e o quê você herdou de mim, geneticamente. Mas sei que herdou inúmeras características que tenho.
Quais delas irão compor sua personalidade – que nunca terá similar e será sempre única – será, por muitos anos (talvez para sempre), mistério insondável para mim. Espero, porém, que sejam as melhores. Rogo a Deus que sejam a irrestrita solidariedade que me move, o espírito de luta que sempre alimentei, o pensamento positivo que me mobiliza ao sucesso (mesmo quando este se afigura impossível) e, sobretudo, a capacidade de amar: pessoas, princípios, causas, ideais e, acima de tudo, a vida.
Conto com você, pequenino, (e com o seu primo Pedro) para dar seqüência à minha obra e não permitir que ela reste não somente inacabada, mas defeituosa, deformada e esquecida. Temo, contudo, que ela nunca se acabe. Que deixemos, um dia, a vida com a maior parte dos nossos projetos e sonhos a realizar.
Que vocês, meus queridos netos, sejam generosos comigo e me mantenham vivo na memória, transmitindo o que sou e fui, quero e quis, sonho e sonhei, faço e fiz à sua descendência, que espero seja numerosa e feliz. E que esta faça o mesmo, por gerações e gerações. Sei que, objetivamente, não mereço essa consideração. Mas conto hoje, e contarei sempre, com a generosidade do seu afeto.
Não sei o que você vai pensar quando, daqui a quinze ou vinte anos, ler estas linhas desconexas, atropeladas, mas repletas de emoção, escritas com lágrimas de fé, esperança e felicidade nos olhos. Não se pode exigir racionalidade numa hora destas, nem de um velho e rabugento escritor como eu, acostumado a lidar com sentimentos e emoções (mas alheios, é verdade).
Faço, neste instante em que me vejo atropelado pela emoção, minhas as palavras do poeta romano Virgílio, que escreveu, nas célebres “Geórgicas”: “Filho, lego-te a virtude, a pena que não mente. Outros ensinar-te-ão a felicidade”.
Não sei como torná-lo feliz. Ninguém sabe! Não há nenhuma receita prévia e infalível para isso. Ofereço-lhe, contudo, virtudes. Oferto-lhe princípios. Deixo-lhe, por herança, valores. Quero transmitir-lhe autoconfiança e mostrar-lhe o caminho do belo, do justo e do bom..
Compete a você, somente a você e a mais ninguém, a decisão de segui-lo ou não. Querido João Vitor, você chega, hoje, a um mundo estranho, fascinante e perigoso para iniciar uma caminhada cuja duração todos desconhecemos. Herda problemas e mais problemas, que se agravam crescentemente, por falta de soluções, deixados por nossa incompetência e descuido.
Que um dia, porém, pequenino, você possa olhar para trás, com tranqüilidade e paz, ciente de que fez o seu melhor, e dizer: “não me arrependo de nada. Os caminhos que trilhei foram os melhores e me conduziram ao sucesso”.
Que, sobretudo, você não precise reparar em calendários, relógios e sequer nas estações do ano. O escritor russo, Anton Tchekov, escreveu: “Quando as pessoas são felizes, não reparam se é inverno ou verão”. Que esse seja, portanto, seu destino. O da absoluta, irrestrita e interminável felicidade. Sinta-se bem-vindo, meu pequenino e querido João Vitor!!!

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