Para desorientar alguma pessoa, por maior que seja seu senso de orientação, é fácil. Basta alterar-lhe os parâmetros, os referenciais com os quais ela está habituada. Em casos extremos, esse indivíduo chega a desconhecer, até mesmo, quem é. Morris West propõe o seguinte raciocínio, em seu romance “A Salamandra”: “Vamos supor que uma noite se vá dormir e, ao acordar na manhã seguinte, não se veja mais a torre de igreja, ou a árvore, que estavam sempre emolduradas pela janela. Vamos supor que se abra a porta da cozinha e se encontre, em lugar dela, um jardim de rosas. As qualidades constantes da vida teriam desaparecido. A pessoa estaria perdida e diria: ‘Não sei onde estou’. Se as mudanças continuassem, a pessoa acabaria uma vítima da inconstância das coisas e diria: ‘Não sei quem sou’”. O mesmo vale em relação ao bem e ao mal. Quando atos perversos deixam de ser punidos e são até recompensados, podemos perder o parâmetro e confundir um com o outro.
1 comment:
Puxa, eu estava pensando justamente isso hoje, durante a aula de Direito Constitucional...
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