Pedro J. Bondaczuk
A palavra – quer falada, quer (e principalmente) a escrita – tem um poder imenso. Constrói e destrói, eleva e rebaixa, alegra ou entristece, traz esperança ou inquietação dependendo de quem, como e quando a utiliza. Oradores inflamados têm conduzido multidões ao suicídio coletivo através dos tempos.
Discursos bombásticos, principalmente quando proferidos por líderes carismáticos, obcecaram no passado (e ainda mobilizam no presente), povos inteiros, levando-os em determinadas direções. Quando sensatos e construtivos, são fatores de redenção. Quando imprudentes e irresponsáveis... são causa de ruína e desolação.
O norte-americano Lee Resten escreveu, em um texto publicado na revista “Look”, há já algumas décadas: “Vivemos por palavras: amor, verdade, Deus. Lutamos por palavras: liberdade, pátria, fama. Morremos por palavras: liberdade, glória, honra. Elas dão ao nosso espírito e ao nosso coração o dom inestimável da expressão articulada – desde ‘mamães’ a ‘infinito’. E os homens que realmente moldam os nossos destinos, os gigantes que nos ensinam, inspiram e conduzem a feitos imortais são aqueles que usam as palavras com clareza, grandeza e paixão: Sócrates, Jesus, Lutero, Lincoln, Churchill”.
Não há como contestar essa constatação. Todavia, as palavras se tornam inertes, estéreis e vãs se não forem acompanhadas de ações. Falar (ou escrever) é (ou deve ser) sempre o ponto de partida do agir. Isoladas, portanto, elas não valem nada. Não passam de ruídos, ou de garatujas e meros rabiscos (quando escritas) se não mobilizarem os destinatários a “fazer” alguma coisa e não se limitarem a “dizer” (ou “escrever”).
Há, porém, o momento certo para cada uma dessas formas de atuação das pessoas. A palavra deve sempre preceder a ação e não ser simultânea a ela. Falar e agir ao mesmo tempo, salvo raras exceções, é contraproducente. Uma acaba por atrapalhar a outra e ambas perdem o seu efeito construtivo (ou destrutivo, se for o caso).
O pai da independência indiana, tido e havido como um dos líderes mais lúcidos, ativos e sábios (e de fato foi) do século XX, Mohandas Karamanchand Gandhi, conhecido como “Mahatma” (“grande alma”), pelos que (justamente) o reverenciaram e reverenciam, observou, a propósito da palavra e da ação: “Aqueles que têm um grande autocontrole, ou que estão totalmente absortos no trabalho, falam pouco. Palavra e ação juntas não andam bem. Repare na natureza: trabalha continuamente, mas em silêncio”.
Há horas, pois, de se falar, de se comunicar o que se pensa e se quer, de se escrever, de se discursar, de se utilizar da retórica para convencer e mobilizar multidões se necessário, e há horas de se calar, de se mover, de se agir, de se trabalhar e de se construir o que for o melhor, quer individual, quer coletivamente.
Bem dizia o rei Salomão, há mais de dois milênios: “há tempo para tudo debaixo do sol”. É claro que sim! Não afirmo (e nem seria néscio para tanto), que palavra e ação se opõem, são antagônicas ou mesmo inimigas, como pode sugerir o título que escolhi para estas reflexões. Ambas são aliadas e mais: são como irmãs siamesas, unidas e inseparáveis. Todavia, cada uma tem e deve ter sempre seu próprio tempo.
Fui, por exemplo, muitas vezes repreendido no trabalho por conversar (e muito), ao mesmo tempo em que executava as tarefas para as quais estava sendo pago pela empresa que me contratou. Rebelei-me, em várias ocasiões, achando que se tratava de chatice dos meus chefes no afã de impor sua autoridade.
Contudo, notei que a conversa diminuía, de fato, ou até eliminava, a minha capacidade de concentração no que estava fazendo. E que, por isso, cometia muitos erros no trabalho, comprometendo não somente minha reputação profissional, como gerando prejuízos aos patrões.
Quase todos já passaram por situações como essa. Poucos nunca foram repreendidos por falar fora de hora. Muitos tiveram, até, reações bem mais intempestivas do que a minha, face às reprimendas recebidas. Tolice!
Bastaria que se dessem conta desse fato evidente e claro, mas que nem sempre nos damos conta. Ou seja, que há momentos adequados para se falar e para se calar e agir. E raramente ambos acontecem simultaneamente. É só lembrar da observação de Gandhi: “Repare na natureza: trabalha continuamente, mas em silêncio”. E não trabalha? É o óbvio e ainda por cima ululante (como diria o jornalista Nelson Rodrigues), não é verdade?
A palavra – quer falada, quer (e principalmente) a escrita – tem um poder imenso. Constrói e destrói, eleva e rebaixa, alegra ou entristece, traz esperança ou inquietação dependendo de quem, como e quando a utiliza. Oradores inflamados têm conduzido multidões ao suicídio coletivo através dos tempos.
Discursos bombásticos, principalmente quando proferidos por líderes carismáticos, obcecaram no passado (e ainda mobilizam no presente), povos inteiros, levando-os em determinadas direções. Quando sensatos e construtivos, são fatores de redenção. Quando imprudentes e irresponsáveis... são causa de ruína e desolação.
O norte-americano Lee Resten escreveu, em um texto publicado na revista “Look”, há já algumas décadas: “Vivemos por palavras: amor, verdade, Deus. Lutamos por palavras: liberdade, pátria, fama. Morremos por palavras: liberdade, glória, honra. Elas dão ao nosso espírito e ao nosso coração o dom inestimável da expressão articulada – desde ‘mamães’ a ‘infinito’. E os homens que realmente moldam os nossos destinos, os gigantes que nos ensinam, inspiram e conduzem a feitos imortais são aqueles que usam as palavras com clareza, grandeza e paixão: Sócrates, Jesus, Lutero, Lincoln, Churchill”.
Não há como contestar essa constatação. Todavia, as palavras se tornam inertes, estéreis e vãs se não forem acompanhadas de ações. Falar (ou escrever) é (ou deve ser) sempre o ponto de partida do agir. Isoladas, portanto, elas não valem nada. Não passam de ruídos, ou de garatujas e meros rabiscos (quando escritas) se não mobilizarem os destinatários a “fazer” alguma coisa e não se limitarem a “dizer” (ou “escrever”).
Há, porém, o momento certo para cada uma dessas formas de atuação das pessoas. A palavra deve sempre preceder a ação e não ser simultânea a ela. Falar e agir ao mesmo tempo, salvo raras exceções, é contraproducente. Uma acaba por atrapalhar a outra e ambas perdem o seu efeito construtivo (ou destrutivo, se for o caso).
O pai da independência indiana, tido e havido como um dos líderes mais lúcidos, ativos e sábios (e de fato foi) do século XX, Mohandas Karamanchand Gandhi, conhecido como “Mahatma” (“grande alma”), pelos que (justamente) o reverenciaram e reverenciam, observou, a propósito da palavra e da ação: “Aqueles que têm um grande autocontrole, ou que estão totalmente absortos no trabalho, falam pouco. Palavra e ação juntas não andam bem. Repare na natureza: trabalha continuamente, mas em silêncio”.
Há horas, pois, de se falar, de se comunicar o que se pensa e se quer, de se escrever, de se discursar, de se utilizar da retórica para convencer e mobilizar multidões se necessário, e há horas de se calar, de se mover, de se agir, de se trabalhar e de se construir o que for o melhor, quer individual, quer coletivamente.
Bem dizia o rei Salomão, há mais de dois milênios: “há tempo para tudo debaixo do sol”. É claro que sim! Não afirmo (e nem seria néscio para tanto), que palavra e ação se opõem, são antagônicas ou mesmo inimigas, como pode sugerir o título que escolhi para estas reflexões. Ambas são aliadas e mais: são como irmãs siamesas, unidas e inseparáveis. Todavia, cada uma tem e deve ter sempre seu próprio tempo.
Fui, por exemplo, muitas vezes repreendido no trabalho por conversar (e muito), ao mesmo tempo em que executava as tarefas para as quais estava sendo pago pela empresa que me contratou. Rebelei-me, em várias ocasiões, achando que se tratava de chatice dos meus chefes no afã de impor sua autoridade.
Contudo, notei que a conversa diminuía, de fato, ou até eliminava, a minha capacidade de concentração no que estava fazendo. E que, por isso, cometia muitos erros no trabalho, comprometendo não somente minha reputação profissional, como gerando prejuízos aos patrões.
Quase todos já passaram por situações como essa. Poucos nunca foram repreendidos por falar fora de hora. Muitos tiveram, até, reações bem mais intempestivas do que a minha, face às reprimendas recebidas. Tolice!
Bastaria que se dessem conta desse fato evidente e claro, mas que nem sempre nos damos conta. Ou seja, que há momentos adequados para se falar e para se calar e agir. E raramente ambos acontecem simultaneamente. É só lembrar da observação de Gandhi: “Repare na natureza: trabalha continuamente, mas em silêncio”. E não trabalha? É o óbvio e ainda por cima ululante (como diria o jornalista Nelson Rodrigues), não é verdade?
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