Saturday, November 29, 2008

Sinfonia bárbara


Pedro J. Bondaczuk

Sons plangentes, difusos
perfuram tímpanos profanos.
Trombetas de Jericó.

Violinos mágicos gritam
notas estridentes, agudas.
estiletes sonoros
rasgando cortinas
esgarçadas, rotas
do vasto silêncio.

Notas rombudas
de esguios trompetes
esbofeteiam ouvidos
obturados ou moucos.

Harmonias e dissonâncias
duelam, se confundem
no afã de compor
sinfonias bárbaras.

Dançam saudades
avoengas. Bailados
insanos, confusos
contrapassos trôpegos.

Lembranças ardem.
Fogueiras crescentes.
Cinzas de sucessos.
Ideais carbonizados.

Chamas crepitam.
Murmúrios enfáticos.
Consomem amores
decrépitos, ressequidos.

Trombetas, violinos.
Trompetes, címbalos.
Harmonias e dissonâncias:
sinfonia bárbara.

(Poema composto em Campinas, em 20 de setembro de 1965).

1 comment:

Alimac R&H said...

Caro Poeta... teu versejar tão intenso e acima de tudo tão pessoal... a cada novo passo de tua valsa poética eu ia afogando-me e perdendo-me em tuas palavras... quanta reflexão... quantas batidas no coração e na alma...

parabéns... agora que o encontrei estarei aqui lendo sempre que possível!!!

um grande, mágico abraço a ti