Pedro J. Bondaczuk
O ato de julgar – pessoas, coisas ou situações – é inerente ao homem. Faz parte da sua natureza. Reflete, acima de tudo, capacidade de entendimento. Não é, pois, intrinsecamente, atitude ruim. Diria que é indispensável em nossa vida. É a forma de diferenciar o bem do mal para praticar o primeiro e nunca fazer o segundo.
Julgar, portanto, não é, em si, ato que se possa e se deva condenar. O que pode ser nocivo – e via de regra é – é a “qualidade” desse julgamento. É quando não se chega às conclusões corretas, com base exclusivamente em fatos e não em suposições e, com isso, se causa prejuízo a si (se estiver sendo “julgado” por sua consciência) e, principalmente, ao próximo.
Ouço, amiúde, o surrado clichê que diz “não julgueis, para não serdes julgados”. Pergunto: é possível agir dessa forma? Não estamos, o tempo todo, do despertar ao anoitecer, julgando pessoas, coisas e situações? E não estamos, por seu turno, sendo simultaneamente julgados? Claro que sim! Há alguém que nunca tenha feito em sua vida nenhum tipo de julgamento e que possa, portanto, fazer essa afirmativa com isenção e autoridade? Claro que não! E se houvesse, esse indivíduo seria ou alienado ou omisso (ambos, convenhamos, sérias deficiências de caráter, estas sim condenáveis).
O que são, por exemplo, comentários (não importa se falados ou escritos, se sobre pessoas ou acontecimentos, se esportivos, políticos, econômicos etc.) senão julgamentos? O que é a escolha de uma parceira, de um amigo, de um time de futebol para torcer, de uma religião para seguir, de um partido político no qual votar ou até de um desafeto senão esse ato, a todo momento condenado (e quem o condena não deixa de estar igualmente julgando, no caso, a quem julga)?
Discordo, pois, do jornalista norte-americano Clarence W. Hall quando afirma, num artigo que li não faz muito e cujo trecho fiz questão de anotar: “O hábito de julgar os outros tende a revelar sobre cada um de nós a desagradável falha de caráter que é a impressão de sermos perfeitos. Até mesmo a nossa atitude parece dizer: eu devo ser bom, basta ver todo o mal que encontro nos outros”. Meu ilustre companheiro de profissão não deve ter refletido direito ao fazer essa afirmação. E, o que é pior, por escrito. O que Hall fez, no final das contas, senão julgar àqueles que julgam? Foi, portanto, incoerente.
O que significa a palavra “juízo”, sinônima de “razão”, senão a capacidade de julgamento? Queiram, portanto, ou não, gostem ou desgostem, todos, sem exceção, são constantemente julgados em sua aparência, personalidade, atos, palavras etc. pelos pais, professores, filhos, cônjuges, amigos, desafetos, chefes, imprensa, autoridades etc.etc.etc. E é assim que é e que deve ser.
Reitero, pois, que julgar não é deficiência de caráter coisa nenhuma. A “qualidade”, o teor e a justiça desses julgamentos sim podem ser (e via de regra são) nocivos, perversos, maus e, portanto, condenáveis. A esse propósito, o Padre Antônio Vieira fez observações lapidares, sumamente oportunas, no sermão “O juízo dos homens”.
O douto e presciente sacerdote português afirma, em determinado trecho dessa memorável homilia: “Vede que grande é a fidalguia do juízo de Deus. Apareceis diante do tribunal divino, acusam-vos os homens, acusam-vos os anjos, acusam-vos os demônios, acusam-vos vossas próprias obras, acusam-vos o céu, a terra, o mundo todo, se a vossa consciência não vos acusa, estai-vos rindo de todos. No juízo dos homens não é assim. Tereis a consciência mais inocente que a de Abel, mais pura que a de José, mais justificada que a de São João Batista; mas se tiverdes contra vós um Caim invejoso, um Putifar mal-informado, ou um Herodes injusto, há de prevalecer a inveja contra a inocência, a calúnia contra a verdade, a tirania contra a justiça, e por mais que vos esteja saltando e bradando dentro do peito a consciência, não vos hão de valer seus clamores”.
Do que devemos cuidar, portanto, não é se os outros estão nos julgando ou deixando de julgar. Sempre haverá quem o esteja! É inevitável! Nossa preocupação deve se concentrar na “voz” da nossa consciência. Se ela nos acusar de alguma coisa, não importa se os outros estiverem nos julgando ou não. Seremos culpados do que ela nos acusar. Caso contrário, podem se juntar todos os pilantras e difamadores do mundo, todos os Caims, Putifares e Herodes que existirem, que o veredicto final será um e apenas um: inocente! Para mim, é o que conta!
O ato de julgar – pessoas, coisas ou situações – é inerente ao homem. Faz parte da sua natureza. Reflete, acima de tudo, capacidade de entendimento. Não é, pois, intrinsecamente, atitude ruim. Diria que é indispensável em nossa vida. É a forma de diferenciar o bem do mal para praticar o primeiro e nunca fazer o segundo.
Julgar, portanto, não é, em si, ato que se possa e se deva condenar. O que pode ser nocivo – e via de regra é – é a “qualidade” desse julgamento. É quando não se chega às conclusões corretas, com base exclusivamente em fatos e não em suposições e, com isso, se causa prejuízo a si (se estiver sendo “julgado” por sua consciência) e, principalmente, ao próximo.
Ouço, amiúde, o surrado clichê que diz “não julgueis, para não serdes julgados”. Pergunto: é possível agir dessa forma? Não estamos, o tempo todo, do despertar ao anoitecer, julgando pessoas, coisas e situações? E não estamos, por seu turno, sendo simultaneamente julgados? Claro que sim! Há alguém que nunca tenha feito em sua vida nenhum tipo de julgamento e que possa, portanto, fazer essa afirmativa com isenção e autoridade? Claro que não! E se houvesse, esse indivíduo seria ou alienado ou omisso (ambos, convenhamos, sérias deficiências de caráter, estas sim condenáveis).
O que são, por exemplo, comentários (não importa se falados ou escritos, se sobre pessoas ou acontecimentos, se esportivos, políticos, econômicos etc.) senão julgamentos? O que é a escolha de uma parceira, de um amigo, de um time de futebol para torcer, de uma religião para seguir, de um partido político no qual votar ou até de um desafeto senão esse ato, a todo momento condenado (e quem o condena não deixa de estar igualmente julgando, no caso, a quem julga)?
Discordo, pois, do jornalista norte-americano Clarence W. Hall quando afirma, num artigo que li não faz muito e cujo trecho fiz questão de anotar: “O hábito de julgar os outros tende a revelar sobre cada um de nós a desagradável falha de caráter que é a impressão de sermos perfeitos. Até mesmo a nossa atitude parece dizer: eu devo ser bom, basta ver todo o mal que encontro nos outros”. Meu ilustre companheiro de profissão não deve ter refletido direito ao fazer essa afirmação. E, o que é pior, por escrito. O que Hall fez, no final das contas, senão julgar àqueles que julgam? Foi, portanto, incoerente.
O que significa a palavra “juízo”, sinônima de “razão”, senão a capacidade de julgamento? Queiram, portanto, ou não, gostem ou desgostem, todos, sem exceção, são constantemente julgados em sua aparência, personalidade, atos, palavras etc. pelos pais, professores, filhos, cônjuges, amigos, desafetos, chefes, imprensa, autoridades etc.etc.etc. E é assim que é e que deve ser.
Reitero, pois, que julgar não é deficiência de caráter coisa nenhuma. A “qualidade”, o teor e a justiça desses julgamentos sim podem ser (e via de regra são) nocivos, perversos, maus e, portanto, condenáveis. A esse propósito, o Padre Antônio Vieira fez observações lapidares, sumamente oportunas, no sermão “O juízo dos homens”.
O douto e presciente sacerdote português afirma, em determinado trecho dessa memorável homilia: “Vede que grande é a fidalguia do juízo de Deus. Apareceis diante do tribunal divino, acusam-vos os homens, acusam-vos os anjos, acusam-vos os demônios, acusam-vos vossas próprias obras, acusam-vos o céu, a terra, o mundo todo, se a vossa consciência não vos acusa, estai-vos rindo de todos. No juízo dos homens não é assim. Tereis a consciência mais inocente que a de Abel, mais pura que a de José, mais justificada que a de São João Batista; mas se tiverdes contra vós um Caim invejoso, um Putifar mal-informado, ou um Herodes injusto, há de prevalecer a inveja contra a inocência, a calúnia contra a verdade, a tirania contra a justiça, e por mais que vos esteja saltando e bradando dentro do peito a consciência, não vos hão de valer seus clamores”.
Do que devemos cuidar, portanto, não é se os outros estão nos julgando ou deixando de julgar. Sempre haverá quem o esteja! É inevitável! Nossa preocupação deve se concentrar na “voz” da nossa consciência. Se ela nos acusar de alguma coisa, não importa se os outros estiverem nos julgando ou não. Seremos culpados do que ela nos acusar. Caso contrário, podem se juntar todos os pilantras e difamadores do mundo, todos os Caims, Putifares e Herodes que existirem, que o veredicto final será um e apenas um: inocente! Para mim, é o que conta!
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