Há pessoas que temem, obsessivamente, a morte (todos a tememos), mas não atentam para algo tão terrível (se não pior), que é a “insuficiência de vida”. Vivem de uma forma que é como se já estivessem mortas, embora andem, falem, comam, durmam etc. Omitem-se do mundo, refugiam-se numa indevassável concha de solidão e temem tudo e todos, sem usufruir, plenamente, dessa maravilhosa aventura que têm o privilégio de encarar por um tempo que desconhecem. Fogem dos prazeres sadios, como se fossem pecaminosos. Parecem se comprazer no sofrimento, por acharem que devam, com isso, expiar algum pecado original. Abrem mão da alegria, da beleza, das satisfações e dos encantos, aterrorizadas diante do inevitável. Morrem aos poucos. Com isso, jogam suas vidas, que poderiam ser exemplares, no lixo, como algo inútil. Bertholt Brecht recomenda, em um de seus poemas: “Temam menos a morte e mais a vida insuficiente”.
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