Há palavras que devemos evitar, por trazerem embutidas promessas que não temos condições de cumprir e previsões que não dependem de nós para se concretizar. As três principais são: nunca, sempre e jamais. Dizemo-las impensadamente, sem refletir sobre seu significado. Afirmar à amada que “sempre” a iremos amar pode expressar boa-intenção, mas não possibilidade. Garantir que “jamais” as injustiças serão banidas do mundo é desconfiar da determinação das futuras gerações. Ou dizer que “nunca” um vencido haverá de se recuperar é uma afirmação irresponsável e tola. Bertolt Brecht diz o seguinte nos versos com que encerra o poema “Elogio da dialética”: “Quem se atreve a dizer: jamais?/De quem depende a continuação desse domínio?/De quem depende a sua destruição?/Igualmente de nós./Quem reconhece a situação como pode calar-se?/Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã./E o ‘hoje’ nascerá do ‘jamais’".
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