Nunca deixemos as portas da alma entreabertas, ou seja, nem abertas por completo e nem fechadas de vez. Esse é o caminho das meias-verdades – que são piores que as mentiras explícitas por causa da verossimilhança – e da insensatez, que nos conduz ao erro e à infelicidade. Escancaremos, sim, as portas do nosso entendimento à verdade, à felicidade, ao amor, às amizades, à alegria e ao bom-humor, entre outros tantos sentimentos bons. E tranquemo-las a sete chaves – se possível com o reforço de um ferrolho – à inveja, intriga, rancor, violência, egoísmo e aos demais venenos da alma. Mas nunca as deixemos apenas entreabertas. Este é o sentido do pequeno (na extensão) grande (no significado) poema de Flora Figueiredo, intitulado “A pedidos”, que diz: ”Não deixe portas entreabertas./Escancare-as/ou bata-as de vez./Pelos vãos, brechas e fendas/passam apenas semiventos, meias verdades/e muita insensatez”.
No comments:
Post a Comment