Saturday, November 29, 2008

REFLEXÃO DO DIA


Será que amamos mais, e melhor, à medida que o tempo passa e que nos tornamos mais maduros, experientes e vividos? Às vezes busco acalentar essa ilusão, em defesa até do amor próprio. Gostaria, claro, que as coisas fossem assim. Objetivamente, contudo, não creio que o tempo tenha algo a ver com a intensidade e a qualidade desse ou de qualquer outro sentimento. Temo que ocorra contrário. Caso não se saiba cultivar o amor, a tendência é que ele fique inicialmente morno e depois esfrie progressivamente até morrer, atropelado pela rotina. Mas faz bem ao ego pensar que o tempo, sozinho, interfira na intensidade e qualidade do que sentimos. É o que Affonso Romano de Sant’Anna diz, com graça e beleza, neste poema “Gaia ciência”: “Gosto de me iludir/pensando/que hoje amo/melhor que ontem amei.//Assim, desculpo/ o jovem afoito/que, em mim, me antecedeu/e, generoso, encho de esperanças/o velho sábio/que amará melhor que eu”.

1 comment:

marmoraes said...

Pedro,
Acalento o mesmo modo de encarar a maturidade que você e o Affonso Romano Sant'Anna e vamos todos pensando que melhoramos.
Afinal, sonhar é uma das poucas coisas pela qual não pagamos imposto e por favor, não me despertem para outra realidade.