Pedro J. Bondaczuk
A participação ou não do artista – e, por extensão, do intelectual – nos debates dos grandes problemas políticos, econômicos, sociais e comportamentais da sua comunidade é, há tempos, questionada, sobretudo por escritores. Considero, no entanto, que essa não deve ser apenas uma opção, mas, sobretudo, obrigação de todas as pessoas esclarecidas, bem-informadas e de bom-senso. Quem não age assim comete o que reputo como um dos maiores pecados (senão o maior) que se possam cometer: o da omissão. O omisso é um parasita, um imprestável, um peso-morto em qualquer sociedade que se preze.
Há quem ache que, principalmente o poeta não deva se envolver em assuntos alheios à sua arte. Argumentam que, se o fizer, estará perdendo o foco. Que abrirá mão da sua principal característica, que é a espontaneidade na escolha dos temas que aborda, o que interferiria na sua criatividade e o faria perder, por conseqüência, a credibilidade. Discordo.
Antes de artista, o poeta é, sobretudo, cidadão. E antes disso até, é um ser humano, envolvido, portanto, até o pescoço nos problemas que afligem a humanidade, atinentes à sobrevivência e à evolução não somente suas, mas as da espécie. Claro que sou contrário que ele faça da sua poesia mero instrumento de propaganda, digamos, de determinada ideologia (e não importa qual). Que coloque seu talento a soldo dos poderosos, por vantagens materiais ou por qualquer outro motivo. Aí, sim, estará abrindo mão da espontaneidade e escrevendo não sobre o que nutre convicção, mas sobre e como outros querem que escreva.
O engajamento que defendo não é, evidentemente, este. É o que se refere a uma causa, a um ideal, a uma condição mais elevada e justa para todos os homens. Nisso, o poeta se torna imbatível quando tem plena convicção no que defende. É o que aqueles que foram imortalizados por gerações vêm fazendo desde que o homem se tornou consciente e começou a se organizar em sociedade.
No Brasil, temos uma distorção gritante no que diz respeito à educação No ensino fundamental (os antigos ginásio e científico), que forma a base futura do estudante para aspirar vôos mais altos, a “excelência” está nas escolas particulares. A elas, todavia, poucas pessoas têm acesso (são muito caras e, por conseqüência, elitizadas).
Nas instituições públicas, por sua vez, onde os investimentos deveriam ser maciços e todas as fichas deveriam ser depositadas pelos governos em suas três esferas (municipais, estaduais e federal), essa instrução de base é de baixa qualidade. Por isso, raramente, convenhamos, credencia seus freqüentadores (salvo honrosas exceções, claro) a disputarem (e conseguirem) vaga em alguma universidade.
No ensino universitário (que é gratuito, bancado pela sociedade, mediante os impostos que todos nós, indistintamente, pagamos, e muito), ocorre exatamente o contrário. Ou seja, somente os que cursaram escolas particulares estão aptos a encarar com sucesso os vestibulares. A população carente, por conseqüência, se vê perversamente privada de uma instrução que lhe possibilite uma ascensão social segura.
Essas pessoas formadas em universidades públicas, porém, têm uma dívida moral com a sociedade e com o País. Raras dão a sua contribuição sequer para a solução dos problemas mais graves e mais urgentes do Brasil. E as coisas melhoraram muito, nesse aspecto, no atual governo, do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Não é por acaso que o primeiro operário na história do País a ascender à Presidência bate recordes e mais recordes de popularidade e em pleno segundo mandato (em que, via de regra, a imagem de qualquer governante geralmente se vê desgastada).
Nossa situação atual é a desejável? Claro que não! Está a anos-luz de distância da ideal. Mas já foram dados importantes passos nessa direção. O que é inconcebível é algum eventual retrocesso nesse aspecto. A primeira providência (lógica) a ser tomada é a de investir mais (e sobretudo melhor) na escola pública. É dar alta capacitação aos seus professores. É remunerá-los justa e condignamente. É preparar os alunos para a disputa dos vestibulares com a mesma qualidade dos que freqüentam escolas particulares, para que a competição ocorra em absoluto pé de igualdade.
É neste tipo de debate, e em outros tantos que envolvem a vida da população mais carente, que os intelectuais (e os escritores, focos centrais destas considerações), têm a responsabilidade, a obrigação, o sagrado dever de participar. Eu participo. Amiúde, “dou minha cara para bater” e sou alvo de críticas, algumas até virulentas e chulas, dos que permanecem, cômoda (mas inutilmente) encerrados em “torres de marfim”, a discutir, em intermináveis e fúteis arengas, “o sexo dos anjos”. Quem se omite, porém, abre mão do direito de palpitar!
A participação ou não do artista – e, por extensão, do intelectual – nos debates dos grandes problemas políticos, econômicos, sociais e comportamentais da sua comunidade é, há tempos, questionada, sobretudo por escritores. Considero, no entanto, que essa não deve ser apenas uma opção, mas, sobretudo, obrigação de todas as pessoas esclarecidas, bem-informadas e de bom-senso. Quem não age assim comete o que reputo como um dos maiores pecados (senão o maior) que se possam cometer: o da omissão. O omisso é um parasita, um imprestável, um peso-morto em qualquer sociedade que se preze.
Há quem ache que, principalmente o poeta não deva se envolver em assuntos alheios à sua arte. Argumentam que, se o fizer, estará perdendo o foco. Que abrirá mão da sua principal característica, que é a espontaneidade na escolha dos temas que aborda, o que interferiria na sua criatividade e o faria perder, por conseqüência, a credibilidade. Discordo.
Antes de artista, o poeta é, sobretudo, cidadão. E antes disso até, é um ser humano, envolvido, portanto, até o pescoço nos problemas que afligem a humanidade, atinentes à sobrevivência e à evolução não somente suas, mas as da espécie. Claro que sou contrário que ele faça da sua poesia mero instrumento de propaganda, digamos, de determinada ideologia (e não importa qual). Que coloque seu talento a soldo dos poderosos, por vantagens materiais ou por qualquer outro motivo. Aí, sim, estará abrindo mão da espontaneidade e escrevendo não sobre o que nutre convicção, mas sobre e como outros querem que escreva.
O engajamento que defendo não é, evidentemente, este. É o que se refere a uma causa, a um ideal, a uma condição mais elevada e justa para todos os homens. Nisso, o poeta se torna imbatível quando tem plena convicção no que defende. É o que aqueles que foram imortalizados por gerações vêm fazendo desde que o homem se tornou consciente e começou a se organizar em sociedade.
No Brasil, temos uma distorção gritante no que diz respeito à educação No ensino fundamental (os antigos ginásio e científico), que forma a base futura do estudante para aspirar vôos mais altos, a “excelência” está nas escolas particulares. A elas, todavia, poucas pessoas têm acesso (são muito caras e, por conseqüência, elitizadas).
Nas instituições públicas, por sua vez, onde os investimentos deveriam ser maciços e todas as fichas deveriam ser depositadas pelos governos em suas três esferas (municipais, estaduais e federal), essa instrução de base é de baixa qualidade. Por isso, raramente, convenhamos, credencia seus freqüentadores (salvo honrosas exceções, claro) a disputarem (e conseguirem) vaga em alguma universidade.
No ensino universitário (que é gratuito, bancado pela sociedade, mediante os impostos que todos nós, indistintamente, pagamos, e muito), ocorre exatamente o contrário. Ou seja, somente os que cursaram escolas particulares estão aptos a encarar com sucesso os vestibulares. A população carente, por conseqüência, se vê perversamente privada de uma instrução que lhe possibilite uma ascensão social segura.
Essas pessoas formadas em universidades públicas, porém, têm uma dívida moral com a sociedade e com o País. Raras dão a sua contribuição sequer para a solução dos problemas mais graves e mais urgentes do Brasil. E as coisas melhoraram muito, nesse aspecto, no atual governo, do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Não é por acaso que o primeiro operário na história do País a ascender à Presidência bate recordes e mais recordes de popularidade e em pleno segundo mandato (em que, via de regra, a imagem de qualquer governante geralmente se vê desgastada).
Nossa situação atual é a desejável? Claro que não! Está a anos-luz de distância da ideal. Mas já foram dados importantes passos nessa direção. O que é inconcebível é algum eventual retrocesso nesse aspecto. A primeira providência (lógica) a ser tomada é a de investir mais (e sobretudo melhor) na escola pública. É dar alta capacitação aos seus professores. É remunerá-los justa e condignamente. É preparar os alunos para a disputa dos vestibulares com a mesma qualidade dos que freqüentam escolas particulares, para que a competição ocorra em absoluto pé de igualdade.
É neste tipo de debate, e em outros tantos que envolvem a vida da população mais carente, que os intelectuais (e os escritores, focos centrais destas considerações), têm a responsabilidade, a obrigação, o sagrado dever de participar. Eu participo. Amiúde, “dou minha cara para bater” e sou alvo de críticas, algumas até virulentas e chulas, dos que permanecem, cômoda (mas inutilmente) encerrados em “torres de marfim”, a discutir, em intermináveis e fúteis arengas, “o sexo dos anjos”. Quem se omite, porém, abre mão do direito de palpitar!
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